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Que perfil de estagiário e trainee se destaca na seleção e depois dela?

No Dia do Estagiário confira histórias de profissionais que começaram a carreira em programas de estágio e trainee e conseguiram se destacar e decolar

Por Camila Pati
Atualizado em 19 dez 2019, 16h08 - Publicado em 18 ago 2019, 06h00
Jovens: o destaque no começo de carreira é quase 100% ligado à atitude  (foto/Thinkstock)
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São Paulo – É temporada de seleções de estágio e trainee e muitas delas chegam a receber dezenas de milhares de inscritos. Processos concorridos e dinâmicos disputam o título de mais cobiçados apostando no uso de inteligência artificial, chatbots, metodologias de seleção às cegas e a promessa de experiências enriquecedoras para aprovados e não aprovados.

Características comportamentais são avaliadas detalhadamente e seu peso muitas vezes pode até ser maior do que aspectos da formação técnica, segundo profissionais de RH. Diversas seleções não impõem mais requisitos ligados à graduação, listas enxutas de exigências técnicas têm sido tendência.

Na Mondelēz Brasil, por exemplo, o curso do estudante nem tem tanto peso na definição da área em que ele vai trabalhar. “Caso o estudante possua o perfil que buscamos, mesmo que seu curso não corresponda diretamente à área à qual se candidatou, ainda assim a companhia irá considerá-lo para a vaga”, Davi Bufalo, gerente de aquisição de talentos da Mondelēz Brasil.

Características essenciais para conquistar estágio na empresa são autonomia proatividade e abertura para mudanças, segundo o executivo. “Estamos em busca de pessoas que façam acontecer, precisamos de estagiários que tenham iniciativa, contribuam com sugestões, questionem o status quo e estejam dispostos a se conectar com pessoas”, diz Bufalo, salientando que a Mondelēz é uma empresa dinâmica.

No processo seletivo da rede da maior rede de shoppings centers da América Latina, a BRMALLS, a capacidade de relacionamento interpessoal também é extremamente valorizada, assim como a tomada de iniciativa. “Buscamos pessoas colaborativas, com espírito jovem, empreendedor, com olhar centrado no usuário e que trabalhem com bastante autonomia”, diz Bianca Bastos, diretora executiva de gente e gestão da BRMALLS.

Na LG lugar de gente, novamente a atitude aparece como fundamental para conquistar uma oportunidade de estágio. “Buscamos pessoas comprometidas com o trabalho, que pensam fora da caixa, gostam de inovar, tenham espírito de equipe e, acima de tudo, vontade de estar sempre se desenvolvendo e se superando”, afirma Thomas Khalil, diretor administrativo financeiro e de gente e gestão da LG.

A atitude levou ao sucesso, garantem líderes que foram estagiários ou trainees

De fato, quem foi aprovado e conseguiu se dar bem na carreira nessas empresas garante que muitas vezes foi a atitude comportamental que segurou a barra em momentos mais desafiadores.

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Os cinco profissionais consultados por EXAME atribuíram grande parte de seus êxitos às competências comportamentais desenvolvidas ou aprimoradas no começo da carreira.

A trajetória de Cristiano Fernandes, hoje diretor do parque industrial de Curitiba da Mondelēz Brasil, mostra que, desde que entrou como estagiário, foi realmente necessário “fazer acontecer” frente ao dinamismo da empresa.

“Um dia, ainda na época de estagiário, nos informaram que seria preciso construir um equipamento em uma semana. Era uma tarefa bastante complexa para um curto período, até para os dias de hoje, mas eu tive a resiliência e determinação necessárias, o que parecia impossível foi cumprido, e consegui fazer essa entrega a tempo”, lembra ele que está na empresa desde 1996.

A atual presidente da LG lugar de gente, Daniela Mendonça, entrou como estagiária em 1989, e também cita a resiliência necessária para se desenvolver.

“Meus primeiros anos foram de muito aprendizado, não somente de conhecimento técnico, mas principalmente de competências comportamentais, como, relacionamento com clientes, lidar com pressão, organização etc. Senti falta de um pouco mais de preparo nessas áreas”, diz Daniela.

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Hoje trabalhando como superintende do Shopping Tijuca, Juliana Blanco, entrou na BR MALLS em 2009 e pouco tempo depois precisou lidar com desafios de uma empresa com equipe enxuta que estava em processo agressivo de expansão.  Aprendeu logo de cara que para se dar bem precisava desenvolver a mentalidade de “dona da empresa”.

Com menos de três anos de casa, ela chegou ao posto de coordenadora de fusões e aquisições e participou da aquisição de mais de 10 shoppings.  “Falávamos de valores muito expressivos, o que ao mesmo tempo dava uma grande insegurança por estar no início da carreira, mas também um grande senso de responsabilidade e sentimento de dono já cultivados desde o início de atuação na empresa”, conta.

As dicas práticas de quem partiu da base rumo ao topo

Alessandro Veiga de Oliveira, gerente de produção da Dasa, entrou na companhia de medicina diagnóstica como trainee em 2016.  Um dos grandes aprendizados que teve com o programa foi o trabalho em equipe, a gestão de pessoas e a engajar pessoas em um objetivo comum.

Ele indica que os jovens sempre tenham em mente que os trainees devem solucionar problemas das empresas e que a mentalidade de inovação é essencial para dar certo:

“Questione sempre: seja curioso, vá atrás, seja independente e autônomo. Essa é uma fase que temos liberdade para aprender e tempo para errar, redirecionar, descobrir. Lembre-se que você trará as soluções para os problemas da empresa. Aproveite essa oportunidade para conquistar a sua visibilidade e crescimento pessoal/profissional. Conheça a si mesmo: autoconhecimento ajuda bastante nessa hora. É importante você ter claro para si porque está nesta empresa e na função que está.”

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Cristiano Fernandes, diretor do parque industrial de Curitiba da Mondelēz Brasil, de 46 anos, entrou como estagiário em 1996.  Seu foco no começo de carreira foi o de superar suas próprias perspectivas e trabalhando para entregar os resultados com excelência.

 Uma de suas dicas aos jovens estagiários é a busca permanente por atualização. “Capacitação é a chave para o sucesso. Hoje temos muito material disponível, é questão de querer”, diz.

Muitas empresas oferecem conteúdo dentro de casa, como é o caso da Mondelez, e que tem um canal online que disponibiliza cursos gratuitos, a Universidade Mondelez. Mas, além da teoriae, ele recomenda que os estagiários conheçam a realidade da empresa:

“Esta é a oportunidade para aproveitar o momento de aprendizado. Os estagiários não podem perder a oportunidade de estar em contato com a operação, interagir com o maior número de pessoas e entender o funcionamento dos processos. Por mais que o cargo para o qual tenham sido selecionados não tenha esse foco, este é o momento para sair de trás da planilha de Excel e do Power Point e viver a realidade”

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O primeiro crachá: Cristiano Fernandes, hoje é diretor do parque industrial de Curitiba da Mondelez Brasil (arquivo pessoal de Cristiano Fernandes/Divulgação)
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Juliana Blanco, superintendente do Shopping Tijuca, entrou em 2009 na BR Malls e emendou o estágio no programa de trainee. Ela diz que o maior aprendizado que teve nesse início de carreira foi não desistir diante de um erro e encará-lo como oportunidade de aprendizado. Aos jovens ela indica que escolham empresas que tenham a ver com seus próprios valores e anseios de carreira:

“Enxergue o propósito do trabalho, da companhia e veja se fazem sentido para você. Porque aí o foco, a disciplina de entrega, a vontade de querer fazer o negócio acontecer acontecem mais naturalmente.”

 

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Juliana Blanco: ela foi estagiária e também trainee (BRMALLS/Divulgação)

Daniela Mendonça, presidente da LG lugar de gente, diz que aprendeu logo de início que não é necessário ter pressa de crescer na carreira, muito menos pular etapas. “O maior aprendizado é que não existe mágica, e o crescimento e os resultados vêm no dia a dia, e sempre com muito esforço”, diz ela.

Sua dica aos jovens é para que eles aproveitem o momento propício para o aprendizado. “Eu sugiro que a pessoa não meça esforços para se qualificar, adquirindo conhecimentos variados, e que não tenha medo de se expor aos desafios”, diz.

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Daniela Mendonça – LG Lugar de Gente
Daniela Mendonça – presidente da LG Lugar de Gente (LG Lugar de Gente/Divulgação)

Quando Mário Misk, chefe da área de vendas e contas corporativas da Neoway, começou como estagiário em 2014 a empresa era cinco vezes menor. O apetitde de expansão da Neoway caminhou junto com a vontade de encarar desafios.

“A equipe comercial tinha como base São Paulo, enquanto eu estava estabelecido em Florianópolis. Apesar de ser estagiário da área comercial, já lidava com muitas responsabilidades, auxiliando diretamente nas atividades de Customer Success para alguns clientes do ramo da construção civil e de bens de consumo”, conta.

O melhor de ser estagiário, na opinião dele, é poder aprender de forma mais profunda sem uma forte pressão. Misk soube aproveitar as oportunidades que teve e, com isso, impulsionou a sua carreira, acelerando sua curva de aprendizado. Segundo ele, foi essa atitude que o levou aonde está hoje.

“Aproveitei os meus 10 meses como estagiário para extrair o máximo de conhecimento possível dos gestores, entender exatamente como a empresa funciona, desde a tecnologia, dados, produto, financeiro, RH, entre outros, e isto facilitou e facilita até hoje a navegação na empresa”.

Por isso, sua dica aos estagiários é para que se sejam proativos. “ O estagiário ou trainee que merece destaque é aquele que faz mais do que foi solicitado a ele, o que enxerga as deficiências” na companhia e sugere formas resolvê-las para que outros não tenham problemas. Esse tipo de ação gera notoriedade e, principalmente, confiança dos gestores”, diz ele.

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