É o chute mais bem informado que existe sobre o futuro dos índices fundamentais da economia: inflação, variação do PIB, dólar e Selic (entre outros mais secundários, como balança comercial e dívida pública). Quem organiza é o Banco Central.
O BC pede as projeções dos índices para o final do ano corrente (e dos próximos três também), então publica em seu site. Pede para quem? Para cerca de 140 instituições, a imensa maioria financeiras: bancos, corretoras, fundos de pensão, gestoras de investimentos. Mas também entram universidades, consultorias e empresas “normais” que tenham equipes especializadas em projeções econômicas (caso da Telefônica Brasil).
Então o BC pega a baciada toda de previsões e tira a “mediana” de cada uma. Se, das 140 instituições, cada uma coloca uma inflação diferente para o fim do ano, vale o palpite que ficar em 70º no ranking, ou seja, no ponto central (e não a média dos números todos, que poderia acabar distorcida por previsões exageradamente otimistas ou pessimistas).
Isso não significa que a coisa seja, de fato, um bom oráculo. Muitas vezes o Focus acaba funcionando só como um espelho da realidade de cada momento. Tipo: em janeiro de 2021, com a inflação em 4,5% e a Selic em 2%, o Focus projetava IPCA em 3,5% e juros também em 3,5% para o final do ano. Rude engano. No mundo real, 2021 fechou com inflação em 10,06% e Selic em 9,25%. Quanto maior a escala de tempo, maior a imprecisão (naturalmente). Em meados de 2020, previam Selic de 5,50% ao final de 2022. Fechou em 13,75%.
Para estimular, nas palavras do BC, “o aprimoramento da capacidade preditiva dos participantes da pesquisa e reconhecer seu esforço analítico”, a autarquia dá crédito às instituições que mais acertaram (ou que chegaram mais próximas disso) e publica o top 5 em seu site.
No quesito IPCA, por exemplo, as que enviaram previsões mais corretas em 2022 foram BTG Pactual Asset, BGC Liquidez, Vinland Capital, Kapitalo Invest e Bahia Asset Management – considerando a média das 52 semanas do ano, já que nas últimas fica fácil cravar números que vão bater com a realidade.