Ao comprar uma ação, você se torna dono de uma pequena porcentagem de uma empresa de capital aberto. Cada papel da Petrobras, por exemplo, corresponde a 0,00000000766% da posse da petroleira.
Enquanto dono, você tem direito a ficar com um pouquinho do lucro da companhia – os dividendos. E cada uma tem seu calendário de pagamento: o dinheiro pode pingar na conta uma vez por trimestre, por ano ou, como é comum, em intervalos irregulares.
Suponha que uma empresa anuncie um pagamento para 20 de outubro. Tradicionalmente, ela impõe uma data de corte, chamada de data-com.
Se a data-com for 5 de outubro, as ações compradas a partir de 6 de outubro não darão mais direito à rodada de proventos no dia 20. 6 de outubro ganha outro nome: é a data-ex.
Em média, na B3, o mês com maior número de datas-com é abril. No site da bolsa, há um calendário com os dias de pagamento de dividendos de cada empresa listada, bem como os dos juros de capital próprio (um tipo de provento que só existe no Brasil).
A lista fica na área de “Produtos e serviços” (que você acessa logo de cara pelo menu do cabeçalho, na home). Uma vez lá dentro, clique em “Negociação”, depois em “Renda Variável”, prossiga para “Ações”, “Consultas” e, finalmente, “Dividendos e outros eventos corporativos”.
A etimologia não tem segredo. “Com” é autoexplicativo: trata-se da última data com dividendos. Por sua vez, o prefixo ex-, em latim, significa “fora”. Data-ex, portanto, é “data fora dos dividendos”.
Estamos acostumados a usar “ex” para se referir a alguém que está fora de um relacionamento conosco – mas essa partícula aparece em muitas palavras, como “excursão”, que é seguir um caminho para fora da sua casa, bairro ou cidade.
O grego, que compartilha sua origem com o latim, também tem o prefixo “ex-”. Da Hélade vêm palavrinhas como “exoesqueleto” (esqueleto fora do corpo) e “exoplaneta” (planeta fora do Sistema Solar).
Agora, com licença, ou melhor, excuse me – que em sua origem significava algo como “me deixe fora (ex-) de acusações (-cuse)”.