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Qual é a diferença entre monetarismo e desenvolvimentismo?

Entenda as escolas de pensamento da economia contemporânea.

Por Bruno Vaiano
7 jun 2023, 06h05
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 (Angela di Nubila/VOCÊ S/A)
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São duas escolas de pensamento da economia contemporânea. O monetarismo prevê que a saúde econômica de um país depende do tanto de moeda que há em circulação. Se a quantidade de dinheiro disponível aumentar porque o Banco Central emitiu muitos reais, há duas consequências possíveis: ou a quantidade de produtos disponíveis para comprar com esse dinheiro aumenta junto (e o PIB cresce), ou a produção permanece estagnada e o preço dos produtos aumenta porque há mais dinheiro para a mesma quantidade de coisas à venda (assim temos inflação).  

Vamos de exemplo bobo. Imagine que uma rosquinha custa dois reais. E que todos os cem moradores de um bairro separam esse dinheiro semanalmente para comprar um desses doces na padaria do bairro. O padeiro, então, produz cem guloseimas a cada sete dias. É uma situação platônica, em que a demanda está perfeitamente ajustada à oferta.  

Então, um belo dia, a empresa em que os cem moradores trabalham resolve dar um vale-rosquinha semanal de dois reais. Existem dois desfechos. O primeiro é a padaria contratar um outro padeiro e dobrar a produção. Agora, todos comem duas rosquinhas por semana, há mais uma pessoa assalariada na padaria e o PIB do bairro cresce. O segundo é o padeiro subir o preço da rosquinha para quatro reais, e a situação ficar no zero a zero. 

O maior expoente dessa ideia foi o prêmio Nobel Milton Friedman (1912-2006). Friedman defendia que a função dos bancos centrais é manter o suprimento de moeda na rédea curta (subindo os juros sempre que a inflação der o mínimo sinal de descontrole). A ideia é alimentar a economia com um pouquinho de dinheiro a mais que o necessário – algo como uma meta de inflação de 2% ao ano –, de modo que a população sempre tenha um pouco a mais para gastar com bens e serviços, aumentando a demanda e fazendo o PIB crescer. Mas sempre com cuidado: imprima demais e o PIB não dá conta de correr atrás. O dinheiro desvaloriza.

Os desenvolvimentistas partem das ideias de outro economista lendário, John Maynard Keynes (1883-1946). Eles acreditam que o livre-mercado não consegue fazer a economia rodar da maneira mais eficaz possível, e que a interferência do Estado é bem-vinda em algumas situações que vão além do controle do suprimento de moeda. Eles estão mais à esquerda no espectro político. 

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Por exemplo: em uma situação de recessão, o Banco Central pode e deve criar moeda a rodo, mesmo que as contas públicas estejam no vermelho. Essa ideia foi posta à prova – e deu certo – como remédio contra a Grande Depressão, nos anos 1930. Roosevelt imprimiu dinheiro à vontade para financiar a construção de rodovias, ferrovias, represas e, mais tarde, dos tanques e aviões que lutaram a 2ª Guerra. Essa grana pagou os salários dos operários, que então passaram a consumir mais (incentivando outros setores). E o crescimento do PIB permitiu que a inflação não saísse do controle.     

Note que as duas ideias fazem sentido e podem ser aplicadas com sucesso conforme o contexto. A vida real é mais complexa que a teoria econômica.  

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