A mais famosa foi aquela da Alemanha no começo do século passado. Entre 1914 e 1923, os preços por lá subiram 143 trilhões por cento. É como se uma cesta básica de R$ 750 passasse a custar a R$ 1 mil trilhões daqui a nove anos. Para dar conta, o governo alemão chegou a produzir notas de trilhões de marcos. Mas a inflação alemã não foi a maior. A mais fantástica da história rolou na Hungria entre janeiro e julho de 1946: 400 bilhões de trilhões por cento.
Um número de fato astronômico. A Via Láctea tem 52,8 anos-luz de raio. Todo o universo observável, 46 bilhões de anos-luz. Em quilômetros, isso dá 440 bilhões de trilhões. Pois é: a gente precisa pensar longe para entender o que significa um número da grandeza dos bilhões de trilhões (ou sextilhões, ou 10ˆ21 caso você prefira uma notação mais científica).
E a inflação húngara produziu números até maiores. A moeda húngara da época, chamada pengo, já era fraca antes. Em 1945, você precisava de 1,3 mil pengos para comprar um dólar. Em julho de 1946, no pico da inflação, a moeda americana estava cotada a 4.600.000.000.000.000.000.000.000.000.000 – 4,6 bilhões de sextilhões, ou 4,6 x 10ˆ30.
A raiz do problema foi um sistema de correção monetária automática, instituído no início do surto inflacionário. Se você deixasse mil pengos na conta por uma semana e os preços tivessem dobrado, tudo bem: o governo atualizava o saldo para 2 mil. A intenção era boa, mas acabou criando uma bola de neve – que só seria interrompida com uma espécie de plano real deles, quando o pengo foi substituído por uma nova moeda, o florin húngaro (e a correção monetária automática deixou de existir). Hoje, você precisa de 400 florins para comprar um dólar. Menos mal.