Isis Borge

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É diretora da divisão de recrutamento Engenharia, Supply Chain, Marketing e Vendas da Talenses
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O que você precisa saber sobre o futuro do trabalho

Com a pandemia da covid-19, profissionais e líderes estão cada vez mais preocupados com o futuro. Entenda quais habilidades serão essenciais

Por Isis Borge, colunista de VOCÊ RH
Atualizado em 11 set 2020, 08h00 - Publicado em 11 set 2020, 08h00
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  • Este é um tema que eu, como headhunter, tenho ouvido muito dos líderes e também dos profissionais, que pedem orientação a respeito. Por conta do cenário da covid-19, as pessoas estão com medo sobre o que vai acontecer com o futuro e inseguras sobre como se preparar para algo que ainda é incerto. Existe um receio de que profissões tradicionais possam deixar de existir ou ser automatizadas. Ao mesmo tempo, os profissionais têm dúvidas de quais habilidades devem desenvolver.

    De qual futuro estamos falando?

    A primeira contextualização válida aqui é de qual futuro estamos falando. Do dia de amanhã? Do fim da pandemia? Ou daqui a X anos? Então, inicialmente, contextualizando o que é o futuro do trabalho nessa reflexão, eu diria que podemos considerar um período bem próximo – 2021, com esse novo modelo de trabalho que em muitas organizações deve permanecer mesmo após termos a maior parte da população vacinada.

    Já enxergamos uma mudança significativa dos modelos de trabalho. Muitas empresas migraram para o home office, algumas não pretendem voltar mais para o modelo físico, enquanto outras pretendem passar a operar em um formato híbrido.

    O mercado também está se adaptando a novos modelos de contratação. Cada vez mais é usual vermos empresas optando por profissionais temporários para projetos específicos e picos de demanda. E o que isso significa do ponto de vista do profissional é que agora ele passa a ter um maior poder de escolha. Antes, este poder estava cem por cento com a empresa e agora isso tem mudado e o profissional pode optar por buscar modelos de contratações integralmente remotos ou físicos; contratos permanentes ou projetos temporários que o permitam tirar períodos sabáticos ou para focar em viagens, estudos e outros projetos pessoais; além disso, vemos na prática uma maior flexibilização, inclusive, das cargas horárias nas quais os profissionais conseguem se adaptar ao seu ritmo biológico e ter mais tempo para si.

    Vale ressaltar que tais quebras de paradigma estão acontecendo dependendo do setor que essa organização faz parte. Setores tradicionais estão migrando de forma gradual e setores mais ligados à tecnologia que já nasceram um pouco mais flexíveis têm se intensificado ainda mais nesses novos formatos.

    Trabalho à distância

    Outras mudanças claras que já podemos enxergar é que cada vez mais as vagas permitem que o trabalho seja totalmente feito de forma remota e com isso temos uma maior globalização. As pessoas podem estar morando em estados diferentes e até países diferentes e estarem trabalhando juntas. Isso também tem ajudado empresas a atrair talentos com mais facilidade e rapidez. Por outro lado, isso faz com que haja uma concorrência maior entre os candidatos, porque antes a empresa procurava só em uma determinada localização ou por pessoas que topassem mudar para perto, agora vemos uma ampliação do raio de busca. As fronteiras foram quebradas.

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    Com essa questão do trabalho à distância a construção de relações de confiança se tornam cada vez mais imprescindíveis e estão sendo testadas a todo momento. Sejam elas entre pares, de gestores e seus liderados, dos liderados com os gestores, dos colaboradores em geral com a sua própria empresa e na relação com fornecedores e clientes. Com isso, a importância de termos profissionais transparentes, consistentes e autênticos cresce a cada dia.

    Uma tendência clara é a busca pela construção de equipes mais diversas, com mais equidade de gênero, raça, etnia, orientação sexual, refugiados, pessoas de outras culturas e de maior inclusão de profissionais com deficiência. Com o objetivo de acelerar a inovação, muitas empresas já enxergam que a diversidade traz na prática vantagem competitiva a seus negócios.

    Habilidades técnicas e comportamentais

    Sobre as habilidades técnicas, é de se esperar que a formação técnica vai continuar sendo necessária e muitas das formações tradicionais devem continuar existindo, mas certamente teremos formações técnicas novas para funções novas que ainda desconhecemos hoje. Em um evento da ONU em Nova York em 2018 foi dito que aproximadamente 65% de todas as crianças do planeta que entram hoje na escola primária terão empregos que ainda não existem!

    Do lado comportamental, o aprender a aprender (ou em inglês o termo “life long learning”) é uma das habilidades mais faladas nos últimos tempos e que deve permanecer no futuro. E por quê? A tecnologia vai acelerar tanto as mudanças, que ontem você tinha uma habilidade X e amanhã você vai precisar de outra habilidade. Trata-se de um processo de desconstruir para construir, agregar e somar. Eu abordei um pouco mais sobre essa habilidade nesse artigo. Além disso, podemos citar também a adaptabilidade, a inteligência emocional e coletiva e o mindset digital como sendo as habilidades do futuro.

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    A liderança também passa por uma transformação e tende a evoluir para líderes mais inspiradores e agregadores que valorizem objetivos cumpridos e não a carga horária, que promovam pessoas com base em suas entregas e não por tempo de casa. E a cultura organizacional de uma forma geral acompanhará essas mudanças.

    Tecnologia

    Outro tópico de suma importância é a questão da tecnologia. Sabemos que no nosso país existe uma grande camada da população que não tem acesso à tecnologia de uma forma geral. Esse é um alerta importante a ser trabalhado. E enxergamos a transformação do mundo em um mundo cada vez mais digital e tecnológico.

    A tecnologia pode ser vista como um instrumento de conexão que ajudará na formação de novos profissionais e ajudará na organização dos futuros trabalhos com relação a melhora da produtividade otimizando suas respectivas performances e permitindo uma maior qualidade nas entregas no trabalho. Ao mesmo tempo, um maior emprego de tecnologia tende a provocar um maior equilíbrio entre a relação profissional x pessoal. Os modelos tradicionais estão sendo repensados.

    De forma geral, eu tendo a olhar para o copo meio cheio. A pandemia trouxe um maior senso de coletividade, de empatia e acelerou mudanças significativas nas relações de trabalho que vieram para ficar. Não precisamos ter medo do amanhã e sim nos prepararmos para aquilo que está ao nosso alcance. Aprendemos também que não dá para querer controlar o incontrolável. Temos que focar no que está na nossa mão. As habilidades comportamentais são pontos que podem ser trabalhados e cada um deveria tentar ser a melhor versão de si mesmo. O profissional do futuro precisará estar bem consigo mesmo e trazer esse brilho nos olhos para o dia a dia no trabalho.

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    (Divulgação/VOCÊ S/A)

     

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