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Binance tem saída de quase US$ 2 bi em 24 horas em meio a crise no mundo cripto

Oficialmente, CEO diz que situação já estabilizou, mas comunicado para seus funcionários, Changpeng Zhao afirmou que os próximos meses serão 'turbulentos'.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 14 dez 2022, 17h00 - Publicado em 14 dez 2022, 16h48
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 (SOPA Images/Getty Images)
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A Binance, maior corretora de criptomoedas do mundo, viveu uma terça-feira daquelas: viu US$ 1,9 bi serem sacados em apenas 24 horas, justamente quando o mundo cripto passa por uma crise de confiança e o temor de novas e mais duras regulações no setor cresce. 

Duas notícias levaram a retirada generalizada de dinheiro da corretora. A primeira foi a prisão de Sam Bankman-Fried, fundador da FTX, na noite de segunda-feira. O empreendedor de 30 anos foi preso nas Bahamas após um pedido do governo americano seguindo a quebra da FTX, que era a quinta maior exchange do setor até seu colapso em novembro, quando vieram à tona os balanços internos da companhia que mostravam um esquema fraudulento.

Bankman-Fried enfrenta agora pelo menos dois processos separados, um de procuradores de Nova York e outro da SEC (a CVM americana) por crimes como fraude e conspiração. Um dos procuradores chegou a dizer que o esquema configura “uma das maiores fraudes da história” dos Estados Unidos – e olha que estamos falando de um país em que o páreo é duro: Bernie Madoff, Charles Ponzi, o Lobo de Wall Street… 

Explicamos em detalhes todo o esquema que levou a empresa à derrocada aqui, mas, em linhas gerais, Bankman-Fried inflava o valor da FTT, a cripto própria da FTX, de forma artificial, usando para isso a Alameda, sua empresa de investimentos, que comprava FTT aos montes. E, claro, mentindo para investidores sobre a sustentabilidade do modelo da empresa.

Bankman-Fried foi preso justamente no dia em que o Congresso americano fez uma audiência sobre o caso (ele havia sido convidado a depor). Em Washington, cresce a pressão de políticos para que a regulação do setor cripto seja engrossada.

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Desse ponto vem a segunda notícia que explica o dia infernal da Binance: a Reuters revelou que o Departamento de Justiça dos EUA está considerando acusar a maior corretora de criptos do mundo após quatro anos de extensa investigação criminal da empresa.

A reportagem afirma que os procuradores envolvidos ainda estão divididos na decisão; alguns acreditam que as evidências colhidas até agora justificam um movimento mais agressivo de acusação contra a Binance, enquanto outros querem mais tempo para analisar as provas.

As possíveis acusações se concentrariam no fato da corretora não cumprir com as leis e regras americanas contra a lavagem de dinheiro e seriam direcionadas também ao fundador e CEO da Binance, Changpeng Zhao.

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Zhao, aliás, confirmou em seu Twitter que a Binance viu mais de US$ 1 bi em saques (o valor ainda não tinha chego aos 1,9 bi quando ele twittou), mas tratou a questão como um detalhe menor, citando outros episódios que levaram a um total de retiradas maior, como o colapso da Luna. Na quarta, disse que a situação se estabilizou e que os depósitos voltaram.

A Bloomberg, porém, revelou que o CEO da Binance tem uma postura menos otimista do que a apresentada no seu Twitter: em um comunicado para seus funcionários, afirmou que os próximos meses serão ‘turbulentos’ para a empresa.

De qualquer forma, a mini-crise vivida pela Binance na terça-feira não causou grandes turbulências no preço do bitcoin. Nas últimas 24 horas, a cripto sobe 1%; nos últimos sete dias, acumula alta de 6,5%. Algo de errado não está certo.

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