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Efeito FTX: corrida por saques tira US$ 8,1 bi em criptos do Silvergate, e ele cai 40% na bolsa

A instituição americana, regulada pelo Fed, atua em criptomoedas. E torna-se o primeiro "banco normal" a sofrer uma perda significativa com a crise de confiança nos ativos digitais.

Por Tássia Kastner
5 jan 2023, 16h47
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  • O Silvergate é formalmente um banco americano sediado na Califórnia. Existe desde 1988 e segue regulações bancárias impostas pelo Federal Reserve (o BC americano). E ele também é a mais nova vítima surgida da quebra da FTX.

    É que o Silvergate começou, em 2013, a migrar para criptomoedas. Ele é dono da plataforma de transferências em tempo real Silvergate Exchange Network, uma espécie de Pix privado. Com um detalhe. O foco não é mandar dólares na madrugada de sábado para dividir a conta do bar.

    A inovação dos caras é permitir que clientes do Silvergate pudessem converter seus dólares e euros em Bitcoin, Ethereum e outras criptomoedas. E eles processam transações de grandes exchanges e outras fintechs ligadas ao mundo cripto, além de dar crédito com garantia em criptos, a tal da tendência das finanças descentralizadas. Entre os clientes do Silvergate estavam a FTX e Alameda, as duas empresas de Sam Bankman-Fried, que colapsaram em novembro. 

    Nesta quinta, o Silvergate divulgou sua prévia operacional do quarto trimestre do ano ao mercado financeiro. E informou que os ativos digitais depositados no banco sofreram um tombo de 68%. Terminaram dezembro com um saldo de US$ 3,8 bilhões, ante US$ 11,9 bilhões do fim de setembro. Uma baixa de US$ 8,1 bi. 

    Para pagar a conta de tantos saques, a empresa precisou vender US$ 5,2 bilhões em ativos abaixo do preço de mercado, um prejuízo estimado de US$ 718 milhões. 40% dos funcionários foram demitidos no começo do ano.

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    Após a divulgação da notícia, as ações do Silvergate tombaram mais de 40% na bolsa de Nova York.

    De acordo com o comunicado, não houve qualquer tipo de calote nas linhas de crédito da companhia.

    Esse é o primeiro ponto de contato mais robusto entre empresas cripto e o mundo financeiro regulado. Quando clientes temem o colapso de um banco, eles correm para sacar o dinheiro. Aí o banco tende a quebrar mesmo, porque eles não costumam ter o montante total para cobrir 100% dos depósitos.

    O Silvergate afirma que ainda tem US$ 4,6 bilhões em caixa, ou seja, mais que o suficiente para cobrir os US$ 3,8 bilhões restantes de seus clientes. Tão pouco que os executivos da companhia afirmaram que a empresa está sujeita a uma oferta de compra. Em resumo, está mal das perdas e deve ser vendida a preço de banana.

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    Quando a FTX quebrou, o Silvergate publicou um comunicado informando que a exposição do banco à exchange era apenas ligada a depósitos. Quando a BlockFi quebrou, porque dependia da FTX, o banco afirmou que sua exposição era de apenas US$ 20 milhões.

    O fato é que a quebra da FTX mostrou como o ecossistema era todo conectado. Depois da descoberta das fraudes da companhia, o mercado puxou o fio e encontrou a causa inicial do colapso: a quebra do sistema Terra-Luna, uma suposta stablecoin, que de estável não tinha nada. Agora, com o caso do Silvergate, fica claro que também pode sobrar para agentes mais convencionais do sistema financeiro.   

     

     

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