O futuro traz más notícias. Alemanha e França retomaram o lockdown hoje – de forma menos drástica que o do início do ano, mas retomaram. Angela Merkel mandou fechar os bares e restaurantes, proibiu a hospedagem em hotéis “para fins turísticos” e pediu para que todos os que puderem trabalhar de casa o façam.
Na França, as medidas foram ainda mais rígidas: fechamento do comércio não-essencial (nada de cabeleireiro), e, tal como aconteceu lá atrás, as pessoas só podem sair de casa para trabalhar, ir ao médico ou ao supermercado – ou para uma hora de exercício físico ao ar livre.
Nos dois casos, a maior diferença em relação aos lockdowns de março é a manutenção das escolas abertas. Espanha e Itália também estudam voltar com as restrições, caso o número de contaminados continue subindo.
Com isso, o dia do mercado financeiro amanheceu pegando fogo: queda generalizada nas bolsas europeias. O índice Euro Stoxx 50, composto pelas 50 maiores companhias da zona do euro, caiu 3,49% – elevando sua queda no mês para 8%.
Como o coronavírus não obedece fronteiras, parece cada vez mais claro que as medidas restritivas vão voltar mais hora menos hora nesta parte do globo também, com todas as consequências tétricas para a economia que se tem direito. Essa ameaça causou um choque de realidade no resto do mundo. Nos EUA, o S&P 500 sofreu sua maior queda desde junho: 3,52% – e retornou a um patamar de pontuação que não era visto desde julho: 3.271 pontos. Dow Jones e Nasdaq seguiram pelo mesmo caminho: quedas de 3,43% e 3,73%, respectivamente.
O Ibovespa seguiu a valsa, claro. Tombo de 4,25%, fechando na mínima de 95.368 pontos. Nenhuma das 77 empresas listadas no Ibovespa subiu. Foi a maior queda desde abril.
Quem sentiu mais foram as vítimas tradicionais do coronavírus: setor aéreo e de turismo. A segunda onda, afinal, é um balde de água fria na retomada das viagens a lazer – e a negócios também. Azul (-9,58%), Gol (-9,03%) e CVC (-9,88%) dominam o quadro de maiores baixas. Quem sofreu menos foram ações “imunizadas”, que não sentem efeitos da pandemia: caso da Taesa, uma transmissora de energia elétrica, e do Carrefour (veja mais abaixo).
Os temores sobre piora da economia global também afetaram com força o bloco das siderúrgicas. A maior baixa foi a da Usiminas (-7,74%). A Gerdau mostrou um belo balanço, com lucro 175% maior que o do terceiro trimestre do ano passado, mas também não resistiu a esse dia sombrio, e caiu 5,89%.
É impossível prever o futuro dos mercados. Mas há uma ameaça no ar: a de que boa parte dos investidores, sejam grandes ou pequenos, entendam que esse é o fim de uma pequena era: a das subidas brutais em meio à pandemia.
O Ibovespa, por exemplo, tinha crescido mais de 40% entre o fundo do poço, em março, e o patamar de 100 mil pontos, que vinha namorando desde julho. S&P 500 e Nasdaq subiram mais ainda entre março e seus picos mais recentes – e foram batendo recorde histórico atrás de recorde histórico, na esteira da crença de que a pandemia estava com os dias contados.
Não está.
Menores baixas (nenhuma ação do Ibovespa subiu)
Taesa: – 1,25%
Notredame: -1.41%
Natura: – 1,74%
Carrefour: – 2,15%
JBS: – 2,14%
Maiores baixas
Cielo: -11,66%
CVC: -9,88%
Azul: -9,58%
IRB Brasil: -9,51%
Gol: -9,03%
Dólar: +1,39%, cotado a R$ 5,76
Petróleo
Tipo Brent: -4,73% (US$ 39,64 o barril)
Tipo WTI: -5,51% (US$ 37,39 o barril)