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Ibovespa volta no tempo, e retorna aos valores de junho

Mais um dia dark: índices americanos tombam, e puxam o Ibovespa para os 95 mil pontos, menor patamar desde 30/06.

Por Juliana Américo, Alexandre Versignassi
Atualizado em 9 out 2020, 16h27 - Publicado em 23 set 2020, 18h21
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  • Nadou, nadou e morreu na praia. Essa foi a sensação do mercado hoje. Depois de dar um jeito de fechar no positivo ontem e ensaiar uma alta hoje no meio do dia, o Ibovespa encerrou o dia lá em baixo. Queda de 1,60%, a 95.734 pontos. É o menor patamar desde o dia 30 de junho. 

    Lá nos EUA foi parecido. O dia começou no positivo, tendo a Nike como uma das protagonistas. A empresa de vestuário esportivo reportou um aumento de 82% nas vendas digitais no primeiro trimestre do ano fiscal (encerrado em 31 de agosto), e fecharia o dia em alta de 8,18%. 

    Mas a fabricante de tênis foi uma exceção. O cenário do mercado americano virou depois que o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, discursou na câmara americana e indicou, pela enésima vez, a necessidade de mais estímulos para tirar a economia da recessão – como cortes de impostos. 

    Além disso, os novos casos de Covid-19 na Europa e nos EUA voltaram a preocupar. Todas as atenções estão voltadas para a chegada de uma vacina eficiente. A Johnson & Johnson até anunciou o início dos testes de uma vacina de dose única (o que ajudaria a acabar com a pandemia mais rápido). Mas, assim como acontece com todas as vacinas em desenvolvimento, não há uma data concreta para que ela chegue às ruas. Ou seja: até segunda ordem, a pandemia segue forte, global, imprevisível. 

    E o clima de incertezas contaminou o mercado. Os índices americanos tiveram os seus piores pregões em duas semanas. Nasdaq despencou -3,02%, seguido por S&P 500 (-2,37%) e Dow Jones (-1,92%). E as empresas de tecnologia, que tinham chegado a valores estapafúrdios durante a pandemia, tombaram bonito mais uma vez. Foi o caso de Tesla (-10,40%), Apple (-4,42%), Amazon (-4,09%), Microsoft (-3,47%) e Google (-3,45%). Trata-se de um movimento firme de realização de lucros (quando investidores que já ganharam 50%, 60%, 400% decidem vender os papéis e transformar os números enormes em seus homebrokers em dinheiro de verdade).  

    Esse movimento de realização de lucros afeta o Brasil também – por puro efeito manada, já que as ações negociadas na B3 também passaram por valorizações fortes (mais de 80% no ano no caso de Magalu e WEG). 

    Além disso, dois fatores afastaram ainda mais o Ibovespa dos já saudosos 100 mil pontos. O primeiro foi o anúncio do governo de uma ofensiva para emplacar a nova CPMF – embora Paulo Guedes insista em chamar a coisa de “tributos alternativos”. 

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    Com a carta branca de Jair Bolsonaro, o governo agora busca apoio do centrão para apresentar a proposta ao Congresso; a expectativa é que o imposto sobre transferências de dinheiro levante R$ 120 bilhões por ano, abrindo terreno para uma desoneração da folha de pagamentos, o que ajudaria a criar empregos. No entanto, o presidente da comissão mista da reforma tributária, senador Roberto Rocha, já afirmou que criação de um imposto nos moldes da CPMF é um assunto delicado e que “não está em discussão”. 

    A proposta também não é vista com bons olhos pelos especialistas. O relatório da Guide Investimentos ressalta que uma taxa sobre transações digitais manifestará vários efeitos negativos, como a desbancarização e cumulatividade, que é quando gera uma cobrança sucessiva do imposto ao longo da cadeia produtiva. Por exemplo, com a tributação, uma empresa precisaria pagar o mesmo imposto em mais de uma etapa, como a compra de material, pagamento de fornecedores e despesas da organização.

    O mercado também ficou de olho no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – Base 15 (IPCA-15) , divulgado pelo IBGE. O IPCA-15 é uma prévia do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Ele leva em conta a primeira metade do mês, mais os 15 dias do mês anterior, e o resultado não foi animador. O índice subiu 0,45% em setembro – acima da média das previsões, que era de 0,39%.

    Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, seis tiveram alta, sendo que a alimentação continua sendo a mais afetada pelo aumento nos preços (1,48%). Dentro do grupo, alta foi puxada pelos alimentos para consumo no domicílio, que aceleraram de 0,61%. 

    A baixa da bolsa arrastou junto os ativos das principais empresas listadas. A produtora de resinas termoplásticas Braskem teve o pior desempenho do dia, com uma perda de 6,18%. 

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    As companhias que se destacaram foram a Localiza e a Unidas. As locadoras de carros decidiram unir forças e anunciaram uma fusão de R$ 50 bilhões. O resultado previsto é de uma frota de quase meio milhão de veículos e receita líquida de R$ 14,8 bilhões. Antes de ser incorporada pela Localiza, a Unidas ainda pagará um dividendo extraordinário de até R$ 425 milhões aos seus acionistas. A notícia deixou os investidores felizes e os papéis dispararam: a Localiza subiu 14,03% e a Unidas (uma small cap, que não faz parte do Ibovespa) foi a 17,41%. 

    Outra que merece o registro é a IRB Brasil. A resseguradora, que conseguiu cair 86% de janeiro para cá depois de ter sua saúde financeira posta em xeque, divulgou dados não auditados de julho, que registrou prejuízo de R$ 62,4 milhões. Mesmo assim, o faturamento bruto do período chegou a R$ 1,5 bilhão, uma alta de 100,8% ante julho do ano passado. O mercado ficou confiante e as ações avançaram 9,91%.

    Mas, assim como a Nike lá fora, esses foram só pequenos raios de sol por trás da nuvem escura que pairou sobre o mercado. O buraco de minhoca segue aberto. 

    Maiores altas

    Localiza: 14,03%

    IRB Brasil: 9,91%

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    Vale: 2,66%

    Azul: 1,83%

    CVC: 0,74%

     

    Maiores baixas

    Braskem: -6,18%

    Marfrig: -5,16%

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    Ultrapar: -4,90%

    TOTVS: -4,75%

    Petro Rio: -4,63%

     

    Petróleo

    Tipo Brent: +0,11%, a US$ 41,77 o barril

    Tipo WTI: +0,32%, a US$ 39,93 o barril

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    Dólar: +2,15%,  cotado a R$ 5,58

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