Bancos novos e em crescimento têm um problema: pouco dinheiro para oferecer crédito, a atividade mais clássica de qualquer banco. Se já é complicado para empréstimo pessoal, imagine limite de cartão de crédito – modalidade que oferece risco altíssimo de calote. A inadimplência do cartão é de 28,3%, enquanto a média do sistema financeiro fica em modestos 2,2%.
O problema é que cartão de crédito com limite baixo não serve para muita coisa. Acaba no fundo da gaveta. Algumas instituições começaram a dar um jeito nisso. Agora elas concedem limites maiores no cartão – mas com base no dinheiro do cliente.
Funciona assim: imagina que o banco te deu um limite de R$ 5.000, mas você precisa de R$ 10 mil. Se você fizer um investimento de R$ 5.000 e deixar o dinheiro parado, o banco sobe o seu limite. Enquanto o dinheiro estiver parado, ele fica rendendo em um CDB – não é muito, coisa de 102% do CDI (ou seja, paga a Selic menos os impostos).
Se por algum motivo você atrasar a fatura, o banco resgata o investimento para quitar a sua dívida. Só dá para resgatar a parcela do investimento que não estiver sendo usada no cartão. Se a fatura estiver em R$ 7.500, por exemplo, você consegue usar os R$ 2.500 restantes. Esse esquema já existe no C6, no Inter (tem uma reportagem completa sobre ele na página 18) e no PagBank.
O Nubank optou por uma saída parecida para quem não tem cartão de crédito ainda. Esse cliente pode pedir um cartão e “comprar” um limite de crédito. Ele deposita uma quantia, R$ 500, por exemplo, e esse valor automaticamente vira o teto de gastos. Só que o dinheiro não rende nesse período. É quase que um cartão pré-pago, só que o dinheiro depositado não é um saldo. Ou seja, é preciso pagar a fatura todo mês, de preferência com outro dinheiro, não com a garantia.