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Abertura de mercado: um olho no emprego dos EUA, outro no combustível do Brasil

Bolsa brasileira terá mais um dia de caos político para enfrentar. Com queda acumulada de mais de 3% até quinta, fica difícil terminar a semana no positivo.

Por Bruno Carbinatto, Tássia Kastner
Atualizado em 3 set 2021, 08h15 - Publicado em 3 set 2021, 07h58
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  • Faz uma semana que Jerome Powell ofereceu um bilhete premiado a investidores. Você sabe, o presidente do Fed (banco central dos EUA) disse que até pretende reduzir um pouco a enxurrada de dinheiro que há um ano irriga a economia americana (e o mundo também), mas fará isso em doses homeopáticas, observando os dados do mercado de trabalho.

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    Bem, hoje às 9h30 saem os dados do payroll de agosto, a estatística oficial de emprego dos EUA. Segundo a Bloomberg, a expectativa é de que 725 mil postos de trabalho tenham sido abertos, em um ritmo menor que o dos últimos dois meses, mas definitivamente um dado mais sólido que o do começo do ano.

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    Aqui vem a diversão de Wall Street. Existem mais três reuniões do Fed daqui até o fim de 2021 (a saber, 22 de setembro, 3 de novembro e 15 de dezembro). A “brincadeira” dos investidores será apostar em qual dessas três reuniões Powell e seus amigos começarão a enxugar um naco de dinheiro do mercado, tudo com base no payroll de hoje.

    Por enquanto, os ânimos estão serenos. Os índices futuros americanos operam em alta, ignorando a baixa das bolsas europeias. Na Ásia, os sinais também também foram positivos. O índice amplo MSCI Ásia-Pacífico emendou o sexto pregão de alta, a maior sequência desde janeiro. No Japão, o anúncio de que o primeiro-ministro, Yoshihide Suga, deixará o cargo  impulsionou as ações por lá também. Só a China ficou de fora dessa sexta-feira positiva, ainda reflexo das intervenções do governo nas big techs de lá.

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    Já o Ibovespa precisará contar com a sorte. Faz dias que o índice não consegue pegar carona no otimismo do exterior, reflexo da confusão política e econômica instalada no país. A queda acumulada na semana é de 3,31%, o que significa que fechar a semana nos 120 mil pontos seria uma tarefa hercúlea. 

    A frente de tretas do dia é em combustíveis. Com gasolina e diesel nas alturas, Bolsonaro ameaçou ontem ir ao Supremo contra os governadores por causa da cobrança de ICMS sobre os produtos. Na melhor estratégia “a culpa não é minha”, o presidente vem há um ano batendo nessa tecla, mesmo estando errado. 

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    E não que as relações dele com os ministros do STF estejam amenas. Também ontem, o ministro Luiz Fux clamou para que a manifestação pró-governo de 7 de Setembro, com contornos golpistas, seja pacífica. A resposta de Bolsonaro foi que “não há o que temer”.

    Na toada da escalada da crise institucional, a Febraban (federação dos grandes bancos) reforçou o endosso ao manifesto “A Praça é dos Três Poderes”, isso após as ameaças do presidente da Caixa, Pedro Guimarães, aos bancos privados.

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    Mais uma sexta normal em solo brasileiro. Sigamos. 

    humorômetro: o dia começou com tendência de alta

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    Índices futuros nos EUA no início da manhã:

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    Futuros S&P 500: alta de 0,19%

    Futuros Nasdaq: alta de 0,12%

    Futuros Dow: alta de 0,17%

    *às 7h50 

    Europa

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    Índice europeu (EuroStoxx 50): baixa de 0,20%

    Bolsa de Londres (FTSE 100): alta de 0,16%

    Bolsa de Frankfurt (Dax): alta de 0,11%

    Bolsa de Paris (CAC): baixa de 0,43%

    *às 7h45

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    Fechamento na Ásia

    Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): baixa de 0,54%

    Bolsa de Tóquio (Nikkei): alta de 2,05%

    Hong Kong (Hang Seng): baixa de 0,72%

    Commodities

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    Petróleo (Brent)*: alta de 0,58% 

    Minério de ferro: alta de 1,89% cotado a US$ 144,71 a tonelada no porto de Qingdao (China)

    *às 7h45

    Agenda

    9h30: governo dos EUA libera relatório de empregos (payroll) de agosto

    18h: Paulo Guedes participa de evento do TC

    market facts

    Big techs em apuros

    O Departamento de Justiça dos Estados Unidos pode abrir em breve um novo processo contra a Alphabet (dona do Google) por monopólio na área de publicidade digital. É a segunda investida legal do governo americano contra a empresa (a outra foi no final do ano passado). A notícia foi revelada na quarta (1º) pela Bloomberg. Há duas semanas, os Estados Unidos processaram também o Facebook por monopólio – a tentativa é fazer com que a empresa tenha que vender o WhatsApp e o Instagram. E aí, ontem, um juiz federal decidiu que a Apple deverá responder na justiça sobre denúncias de invasão de privacidade por causa de sua assistente virtual, a Siri. Os denunciantes poderão tentar provar no tribunal que a robô ouve nossas conversas sem permissão. As medidas judiciais fazem parte de um movimento de maior controle e responsabilização das todas poderosas big techs. E tem tudo para pressionar as ações delas lá em Nova York.

    Estreantes

    A partir da próxima segunda, o Ibovespa estará maior do que nunca. Sete novas ações deverão entrar no índice, e nenhuma vai sair, anunciou a B3, empresa que administra a bolsa de São Paulo. As novatas são: Alpargatas PN (ALPA4), Banco Inter PN (BIDI4), Banco Pan PN (BPAN4), Dexco ON (DXCO3), Méliuz ON (CASH3), Petz ON (PETZ3) e Rede D’Or ON (RDOR3). No total, serão 94 papéis no índice. A carteira valerá até o final do ano. Curiosamente, a bolsa alemã também ganhará novas companhias a partir de segunda. O índice Dax subirá de 30 para 40 empresas e ainda passará por uma mudança de regras para a participação no índice. O Valor contou a história

    Vale a pena ler:

    Desigualdade, antes e depois da pandemia

    A pandemia afetou a vida de todos os trabalhadores pelo mundo – mas as mulheres, já em posição de fragilidade, foram mais afetadas que os homens. Só no primeiro ano da crise, 54 milhões de profissionais femininas perderam o emprego. Nesta longa reportagem, o Washington Post traz dados de 55 países, conta histórias de mulheres que foram deixadas de fora da força de trabalho com a pandemia e reflete sobre como combater esse gap. Leia aqui, em inglês.

    A reforma do IR é boa para quê?

    Para nada, de acordo com Vanessa Rahal Canado, que foi assessora especial do ministro da Economia nesta gestão, e deixou a pasta no começo do ano. Ela argumenta que o texto não resolve os problemas de equidade, simplicidade e desenvolvimento econômico esperados de uma reforma tributária. Dizer que a taxação de dividendos trará justiça social, na opinião dela, é ingenuidade, cobrar impostos das empresas em IR e dividendos complica o sistema e a isenção de lucros para micro e pequenas empresas premiaria empresas ineficientes. O artigo completo você lê aqui.

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