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ALPA4 sobe com OPA e AZUL4 decola, mas blue chips deprimem Ibovespa

As bolsas americanas passaram o dia em compasso de espera, e fecharam mistas antes do começo de uma importante reunião entre Biden e o presidente da Câmara dos EUA sobre o teto da dívida. 

Por Bruno Vaiano
22 Maio 2023, 17h37
Colagem com imagem de avião da Azul, barris de petróleo e minério de ferro. Setas apontam para baixo.
 (Brenna Oriá/Fotos: Getty Images/Você S/A)
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Foi um dia de David e Golias na B3. Do lado peso-pesado, as blue chips Petrobras e Vale passaram o dia puxando o Ibovespa para baixo, acompanhadas por várias petroleiras, mineradoras e siderúrgicas. Na outra ponta do cabo de guerra, uma multidão de empresas que detêm fatias menores da carteira do índice tiveram altas razoáveis e fecharam o pregão na pujança. 

Em cima do muro entre grandes e pequenos, o gráfico passou o dia próximo à estabilidade, com incursões discretas no verde e no vermelho. Na reta final, porém, as perdas ganharam ímpeto. O índice fechou em queda de 0,48%, com volume de negócios um terço menor que o usual. 

Foi um desempenho preguiçoso similar ao de Nova York, que só teve olhos para outra cidade – Washington. Wall Street passou o dia paralisada na expectativa da conversa entre Joe Biden e o presidente da Câmara, o republicano Kevin McCarthy, em busca de uma resolução para o impasse do teto da dívida pública. 

O compasso de espera gerou resultados mistos: o Dow Jones caiu 0,42%, o S&P 500 fechou estável em 0,02% e o Nasdaq subiu 0,50%. A reunião (talvez definitiva) entre os líderes do Executivo e do Legislativo está marcada para começar às 18h30 no horário de Brasília – e, portanto, não afetará o pregão de hoje. 

Os republicanos pressionam por mais austeridade nos gastos dos democratas em troca de aprovar um estouro no teto – algo que já ocorreu 78 vezes na história dos EUA. A opção, que é oficializar o calote, é impensável para a reputação impecável dos títulos públicos americanos, os Treasuries. Nós explicamos melhor o caso neste texto

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Para ajudar com um pouquinho de lenha na fogueira, dois dirigentes do Fed, o banco central americano, declaram que a taxa básica de juros ainda sobe este ano – esmagando as esperanças (antes unânimes) de que a última reunião do Fomc tivesse marcado o fim definitivo do ciclo de alta da “Selic” dele, o que seria uma ótima notícia para a renda variável. 

Isso não significa que os juros subam ainda no próximo encontro. A plataforma de monitoramento do CME Group ainda dá 79% de chance de que a taxa atual, entre 5% e 5,25%, seja mantida em junho. O medo é do médio prazo – tem chão até dezembro, e tudo vai depender do desempenho de indicadores sensíveis, como a inflação e as taxas de desemprego dos EUA, nos próximos meses. James Bullard, dirigente da sucursal do Fed em St. Louis, aposta em mais duas altas ainda neste ano. 

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Brasil

O grande destaque entre as altas peso-pena foi a Alpargatas, que anunciou uma OPA – a versão mundo invertido de um IPO, quando uma empresa compra de volta suas próprias ações. A MS Alpa Participações, que controla a empresa, anunciou a aquisição de 32 milhões de papéis pelo preço de R$ 10,50, uma cifra 17% mais alta que o valor de ALPA4 antes do anúncio, que era de R$ 8,96. A ação fechou o pregão em alta de 16,96%.

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Essa OPA acontece com as ações particularmente desvalorizadas. Foram 60% de queda entre o último pico (em novembro de 2022) e o pregão de hoje. Além disso, a dona da Havaianas trouxe um ebtida negativo no último balanço. 

As aéreas também figuram no ranking de maiores altas. Elas continuam ganhando altitude desde o anúncio da mudança na política de preços de combustíveis da Petrobras, na semana passada, que deve ajudar com os preços (altos) das passagens. E essa não é a única boa notícia. Também colabora a inflação cada vez menor, que é sinônimo de juros mais baixos em longo prazo. A perspectiva de taxas menores torna mais viável, para os consumidores, parcelar compras caras – como, por exemplo, passagens para Orlando. 

A Azul, especificamente, teve um dia de madame: fechou o pregão de hoje em uma alta notável de 9,23%, com uma mãozinha do Bank of America (BofA). De olho no contexto positivo para a aviação civil, a instituição subiu o preço-alvo de AZUL4 de R$ 11,80 para R$ 18, e passou a ter recomendação neutra em relação ao papel. O que não é a coisa mais elogiosa do mundo, mas, veja bem: antes, o status era venda.

O BofA estima que a oferta de voos no Brasil cresça 32% de 2023 para 2024, e também vê com bons olhos os acordos que a Azul celebrou recentemente com as empresas das quais aluga aviões e outros equipamentos (as chamadas “arrendadoras”). Elas correspondem a 80% da dívida bruta nominal da empresa.

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Na ponta peso-pesado, não teve segredo. A Vale (VALE3) e sua turminha metálica caíram com o minério de ferro, cujas cotações continuam amargando o inferno astral gerado pela fraca atividade econômica chinesa: os contratos futuros da commodity fecharam em queda de -3,08% na bolsa de Cingapura. Em Dalian, na China, o produto exportado pela Vale caiu 2,65%. 

O petróleo reverteu as quedas na reta final do pregão e fechou em alta de 0,54%, o que faz sentido diante dos cortes de produção por parte da Opep+ (cujo objetivo é justamente forçar a cotação do Brent para cima) e estimativa da Agência Internacional de Energia de que haverá 2 milhões de barris de déficit de oferta em relação à demanda total por petróleo neste ano. Não foi suficiente para alegrar os investidores da Petrobras, porém: PETR4 fechou em -1,23%. 

Bom descanso, 

Maiores altas

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Alpargatas (ALPA4): 16,96%
Azul (AZUL4): 9,23%
Cogna (COGN3): 7,23%
CVC (CVCB3): 4,92%
Magazine Luiza (MGLU3): 4,67%

Maiores baixas

Cielo (CIEL3): -3,71%
Braskem (BRKM5): -3,52%
MRV (MRVE3): -3,36%
CSN Mineração (CMIN3): -2,45%
Pão de Açúcar (PCAR3): -2,36%

Ibovespa: -0,48%, a 110.213 pontos

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Em NY:

S&P 500: 0,02%, a 4.192 pontos
Nasdaq: 0,50%, a 12.720 pontos
Dow Jones: -0,42%, a 33.286 pontos


Dólar: -0,50%, a R$ 4,97


Petróleo

Brent: 0,54%, a US$ 75,99
WTI: 0,50%, a US$ 72,05 


Minério de ferro: -2,65%, a US$ 101,87 a tonelada na bolsa de Dalian

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