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Apesar de VALE3 (-0,51%) e PETR4 (-0,75%), Ibovespa segue exterior otimista e sobe 0,3%

Forte queda no petróleo e o ressurgimento da crise imobiliária chinesa pressionaram índice para baixo, mas bom humor em Wall Street garantiu a alta – cortesia da Nvidia. Entenda.

Por Sofia Kercher, Bruno Carbinatto
8 jan 2024, 18h40
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 (Kauan Machado/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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Hoje não foi um bom dia para as gigantes da bolsa. VALE3, que tem quase 15% de peso no Ibovespa, amargou perdas de 0,51%. PETR4, que tem 7%, caiu 0,75%.

Pelo percentual que ocupam, é natural que o Ibov siga o mesmo caminho. Mas não foi exatamente o caso. Com movimentações positivas nos Estados Unidos (a ver mais à frente) o índice desafiou os pesos-pesados da sua carteira e fechou em leve alta: 0,31% no dia, a 132,4 mil pontos. 

Vamos entender o que rolou:

Petróleo

Os holofotes estavam em nações do outro lado do mundo: China e Arábia Saudita. 

No domingo, a Arábia Saudita — segundo maior produtor de petróleo do mundo (atrás só dos EUA) e líder não-oficial do cartel Opep+ — cortou os preços do óleo cru árabe leve, seu principal produto, para clientes na Ásia. Agora, essa commodity está em seu menor patamar de preço em 27 meses.

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Foi uma decisão que pegou o mercado de surpresa – e sinaliza uma relevante fraqueza neste mercado, já que o maior exportador da região enfrenta uma queda na demanda e precisa abaixar os preços. 

A commodity sentiu o baque: no dia, o Brent fechou em forte queda de 3,35%, cotado a US$ 76,12 o barril. Ele não cai desse jeito desde novembro.

Nos últimos tempos, o petróleo tem vivido um período conturbado. Tensões no Mar Vermelho e o temor que o conflito Israel x Hamas se espalhe pelo Oriente Médio até puxar a commodity para cima um pouco, mas não suficiente para vencer as pressões que puxam o preço para baixo – em geral, a queda na demanda pelo suco de dinossauro mundo afora (em especial, na China). Nem mesmo quando a Opep+ concordou em cortar a própria produção para tentar valorizar o barril houve uma reação muito grande do preço.

De qualquer forma, os impactos do corte saudita desta segunda-feira foram sentidos na bolsa brasileira – e para além de PETR4 e PETR3 (-1,86%). No dia, PRIO3 (-0,72%) e RECV3 (-0,71%) também fecharam em queda. A âncora provavelmente teria puxado RRRP3 (+4,67%) também, não fossem dados de produção divulgados hoje: a empresa registrou produção de 54,5 mil barris por dia no 4º trimestre de 2023, avanço de 9,1% na comparação trimestral. O número ficou acima do esperado e agradou analistas.

Minério

Nada como uma crise chinesa para começar o ano, não?

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Não é de hoje que o fantasma de uma grande turbulência no setor imobiliário do país asiático assombra os mercados. O setor, que corresponde a ¼ do enorme PIB chinês, foi regado com generosos incentivos estatais por décadas para dar conta da transição da migração em massa dos chineses do campo para as cidades. Agora, porém, a demanda por casas despencou no país, e as construtoras e empresas do setor estão altamente endividadas.

Antes, duas protagonistas dessa novela foram as incorporadoras Evergrande e Country Garden, que ficaram à beira da falência. Agora, é a Zhongzhi Entreprise que está nas manchetes.

No fim da semana passada, a Zhongzhi, uma gestora de ativos chinesa com sede em Pequim, entrou com um pedido de falência. A instituição não é uma empresa financeira comum – ela opera em um ambiente paralelo, de baixa regulação, chamado de shadow-banking. Com mais de US$ 100 bi em ativos sob sua gestão em 2022, a companhia tem alta exposição ao mercado imobiliário, oferecendo empréstimos ao setor. Há meses indicava que sua saúde financeira não estava nada boa, devido justamente à crise nesse segmento. Agora, pediu falência.

O episódio voltou a reacender os temores dos investidores quanto a esse importante mercado da economia chinesa. O maior medo é que haja algum tipo de efeito dominó, ou seja, que a falência da Zhongzhi cause um contágio em outras companhias do setor.

O impacto na bolsa foi claro. O CSI 300, principal índice acionário chinês, caiu 1,3% nesta segunda-feira, fechando no menor nível desde fevereiro de 2019 (sim, antes da pandemia). Em todos pregões de 2024 até agora o índice fechou no vermelho, acumulando uma queda de mais de 4%. Haja pessimismo na segunda maior economia do mundo.

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O mau humor também afetou o preço do minério de ferro. No dia, a commodity caiu 1,10%, negociada a US$ 139,61 na bolsa de Dalian. Nada bom para a bolsa brasileira e seu influente setor de mineração.

Nos EUA

Só que nem mesmo a queda nas ações ligadas a commodities conseguiu derrubar o Ibovespa. É que, tirando elas, quase todos os outros setores subiram nesta segunda-feira. Cortesia dos EUA.

Na terra do Tio Sam, o S&P 500, principal índice acionário, fechou em alta considerável de 1,41%. Nasdaq também, 2,2% — refletindo o bom humor do setor tech. 

A estrela do dia foi a Nvidia, que anunciou novos produtos para ajudar a indústria de computadores pessoais a atrair consumidores com os ditos “PCs de Inteligência Artificial”. Serão três novos tipos de chips que vão permitir que os usuários possam usar IA nos seus computadores sem necessariamente depender de serviços da internet. Os papéis da empresa subiram forte 6,43% hoje.

A companhia teve a maior alta do S&P 500 em 2023, com salto de 240%, justamente surfando na onda (ou tsunami) da IA na bolsa. A considerar pela performance de hoje, ainda há espaço para mais inovações neste mercado aquecidíssimo – e mais gás para a ação.

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Enquanto isso, o Dow Jones também fechou em alta (mais modesta) de 0,58%. Mas não foi uma batalha fácil: ao longo do dia, o índice caminhou majoritariamente no campo negativo, puxado pela Boeing.

A empresa teve voos com os jatos 737 Max-9 suspensos por reguladores americanos. Na última sexta, uma aeronave desse modelo, da Alaska Airlines, perdeu parte do corpo principal (onde ficam anexadas as asas) em pleno voo. Rolou pouso de emergência e tudo. A ação fechou em queda de 8%.

De fato, hoje o dia foi de agenda mais esvaziada. Mas a semana nos reserva dados promissores: amanhã, serão divulgados dados da balança comercial e estoques de petróleo nos EUA — que podem ajudar a recuperar ou a enterrar ainda mais o preço da commodity.

Na quinta, investidores permanecem atentos e vigilantes™ ao índice de preços ao consumidor americano (dado acompanhado de perto por analistas para calibrar expectativas em relação aos próximos passos do Fed) e, por aqui, ao IPCA de dezembro, que nos dirá se o índice ficou dentro da meta do BC ano passado, entre 1,75% e 4,75%. Até agora, tudo indica que sim. Mas essa é a beleza da coisa: vamos ter que esperar para ver.

Até mais 😉

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MAIORES ALTAS

Azul (AZUL4):7,66%

Casas Bahia (BHIA3): 6,73%

Magazine Luiza (MGLU3): 6,09%

Dexco (DXCO3): 5,76 %

Arezzo (ARZZ3): 5,44 %

MAIORES BAIXAS

Petrobras (PETR3): -1,86%

São Martinho (SMTO3): -1,83%

CSN Mineracao (CMIN3): -1,40%

RaiaDrogasil (RADL3): -1,12%

Grupo Ultra (UGPA3): -1,11%

Ibovespa: 0,31%, a 132.426,54 pontos

Em Nova York

S&P 500: 1,41%, aos 4.763 pontos.

Nasdaq: 2,2%, aos 14.843 pontos. 

Dow Jones: 0,58%, aos 37.683 pontos.

Dólar: -0,04%, a R$ 4,8702.

Petróleo

Brent:  -3,35%, a US$ 76,12

WTI: -4,12%, a US$ 70,77.

Minério de ferro: -1,10%, cotado a US$ 139,61 por tonelada na bolsa de Dalian (China).

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