Que a Selic não cairia dos astronômicos 13,75% na reunião de junho, os investidores já sabiam. Mas agora até a Faria Lima começa a achar que Roberto Campos Neto e seus colegas de Copom estão indo longe demais na política draconiana de controle da inflação.
A esperança de investidores era de que, na reunião de ontem, o Banco Central sinalizasse o começo do ciclo de quedas, fosse em agosto ou setembro. O que importava era ter algum indicativo. E ele não veio.
No comunicado em que avisou ao mercado sobre a manutenção da Selic, o BC foi bastante cauteloso ao desenhar o cenário futuro. Eles disseram, por exemplo, esperar que a inflação brasileira, atualmente em 3,94% na janela de 12 meses, voltará a subir no segundo semestre.
A única boa notícia foi a retirada de uma possibilidade de alta na Selic, uma assombração que pairava sobre a economia. Empresas e governo têm afirmado que a alta taxa de juros, em termos reais, a maior do mundo, está asfixiando a economia de maneira desproporcional.
O fato é que as condições gerais do país são boas. O dólar cedeu para o menor patamar em mais de um ano, o que alivia o preço dos importados. A percepção de risco país diminuiu, especialmente depois de a agência de risco S&P melhorar a avaliação sobre o Brasil, e há ainda o avanço da tramitação do novo marco fiscal.
Na noite de ontem, após o Copom, senadores aprovaram o projeto que cria o substituto do teto de gastos. O texto volta para a Câmara, para novo aval dos deputados, que precisam chancelar as mudanças feitas no Senado.
De qualquer forma, trata-se de uma boa notícia. São grandes as chances de a Faria Lima olhar para o comunicado ainda duro do Copom e responder com um “aham, sei” no pregão desta quinta. E isso significaria, claro, uma nova jornada de alta do Ibovespa, que rompeu ontem o patamar de 120 mil pontos pela primeira vez desde abril do ano passado.
Para não dizer que tudo são flores, o dia está mau humorado no exterior, com os futuros de Nova York e as bolsas europeias no vermelho. Um presente de grego de Jerome Powell. Ontem ele afirmou que o Fed ainda não concluiu seu trabalho de subida de juros, isso enquanto investidores estavam dando de barato que o atual patamar, de 5,25% ao ano, era o teto da a Selic de lá. O foco, afirmou, continua sendo fazer a inflação chegar em 2% – está em 4,4%.
E tem mais gente subindo os juros para conter preços. Só hoje já anunciaram altas os bancos centrais da Suíça e da Noruega, por exemplo. Mas vale dizer que lá as taxas são baixinhas, de 1,75% e 3,75% ao ano, respectivamente.
Resta saber se o Brasil continuará surfando a própria onda. Bons negócios.

Futuros S&P 500: -0,31%
Futuros Nasdaq: -0,44%
Futuros Dow Jones: -0,30%
*às 7h58

Vamos nessa
A leva de follow-ons continua. Dessa vez, foi a Vamos (VAMO3) que anunciou uma oferta de ações. Ela será primária e secundária e apenas para investidores profissionais. Na primária, serão emitidos 78.926,599 novos papéis e o dinheiro da venda vai direto para o caixa da empresa. Na secundária, a sua holding, Simpar (SIMH3), vai comercializar 39.463.299 de suas VAMO3. Considerando o fechamento de ontem, de R$ 13,67 por papel, o follow-on pode arrecadar R$ 1,5 bilhão. O valor será usado na aquisição de caminhões e máquinas e na redução da dívida líquida, que somava R$ 7,2 bilhões no fim do primeiro trimestre, o equivalente 3,23 vezes o Ebitda da Vamos.

França: Presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, da França, Emmanuel Macron, do BCE, Christine Lagarde, e secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, participam do evento Summit for a New Global Financial Pact.
9h: TSE inicia julgamento da ação que pede a inelegibilidade de Bolsonaro
9h30: Presidente da Câmara, Arthur Lira, recebe governadores para debater reforma tributária
9h30: EUA divulgam pedidos de auxílio-desemprego da semana até 17/06 (9h30)
10h30: Receita publica dados da arrecadação de abril e maio

- Índice europeu (Euro Stoxx 50): -1,06%
- Londres (FTSE 100): -0,84%
- Frankfurt (Dax): -0,65%
- Paris (CAC): -1,24%
*às 7h57

- Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): bolsa fechada
- Hong Kong (Hang Seng): bolsa fechada
- Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,92%

Brent:* -1,66%, a US$ 75,84

Vaca de ouro
A vaca Viatina-19 FIV Mara Móveis acaba de bater o recorde mundial, como a mais cara já comercializada. Na semana passada, um terço do animal foi leiloado por R$ 6,993 milhões. Neste meio, é comum que cabeças de gado de elite sejam divididas entre vários investidores, dado o alto custo. Viatina é da raça nelore, principal gado de corte produzido no Brasil, mas não é nada trivial. Entenda por que esta vaca é tão cara nesta reportagem da Folha de S.Paulo.