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Bitcoin: o ‘dinheiro’ que não paga dívidas

Algumas empresas, e um país, encheram seus cofres de Bitcoins. E agora, com o inverno cripto, correm riscos sérios.

Por Tássia Kastner
Atualizado em 6 dez 2022, 08h23 - Publicado em 7 jul 2022, 10h00
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 (Caroline Aranha/Fotos: Getty Images e Unsplash/VOCÊ S/A)
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Quando o Bitcoin começou sua segunda onda de alta histórica, lá no final de 2020, algumas empresas listadas na bolsa decidiram que era uma boa ideia colocar parte do caixa da companhia em cripto. O caso mais famoso é o da Tesla. Em fevereiro de 2021, a montadora de Elon Musk comprou US$ 1,5 bilhão em Bitcoins.

Naquela época, a mãe de todas as criptomoedas estava ao redor de US$ 40 mil. Agora que o Bitcoin caiu para US$ 20 mil, aquele bilhão e meio se transformou em US$ 750 milhões. O tombo não afeta os resultados da Tesla diretamente, porque a companhia não ajusta a variação de preço da cripto em suas demonstrações trimestrais.

Ela segue o princípio de que, se a criptomoeda está parada no “cofre”, não há prejuízo real. Mesmo assim, a queda é gritante: os US$ 750 milhões de desvalorização equivalem a todo o orçamento da empresa em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos no primeiro trimestre.

Já a Microstrategy, uma empresa americana de desenvolvimento de softwares, colocou US$ 3,97 bilhões em cripto no caixa, na forma de 129 mil Bitcoins. Cada moeda foi comprada a um preço médio de US$ 30 mil, o que signfica uma redução de 30% no valor dos ativos, pela cotação do final de junho.

É um tombo mais modesto que o sofrido pela empresa de Elon. Só que, diferentemente da Tesla, a Microstrategy usou suas criptomoedas para alguma coisa. A companhia deu 19 mil delas como garantia em um empréstimo. O problema: ela precisa garantir que 50% do valor do financiamento esteja segurado. Ou seja: se a queda do Bitcoin continuar, ela precisará colocar a mão no bolso para cumprir o contrato.

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Não foram só empresas que fizeram aventuras com criptomoedas e agora estão passando sufoco. O governo de El Salvador transformou o Bitcoin em moeda oficial do país, ao lado do dólar americano (eles não têm uma própria). Desde então, comprou 2.301 Bitcoins, segundo cálculos da Bloomberg baseados nos tuítes do presidente Nayib Bukele. Só que isso foi enquanto o Bitcoin estava subindo. A agência estima que El Salvador tenha perdido US$ 56 bilhões desde o início do inverno cripto.

Estaria tudo normal se El Salvador fosse a Tesla, que pode se dar ao luxo de manter a criptomoeda parada no cofre. O país centro-americano, porém, tem uma dívida de US$ 800 milhões que vence em janeiro do próximo ano, e investidores estão receosos com a capacidade de pagamento do país após a aventura de Bukele.

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