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Bolsas caem à espera das big techs; Gol derrete mais 27% em dia de despedida do Ibovespa

Balanços da Microsoft e da Alphabet (Google) testam se o otimismo com inteligência artificial segue forte em Wall Street. Ibovespa cai 0,86% e Nasdaq recua 0,76%.

Por Bruno Carbinatto, Alexandre Versignassi
Atualizado em 30 jan 2024, 19h33 - Publicado em 30 jan 2024, 19h28
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  • 2023 foi o ano das big techs. O rali da inteligência artificial protagonizou o mercado financeiro lá fora, com direito a um salto de 240% da Nvidia, maior alta do S&P 500. E a performance do grupo das líderes do setor foi o principal motivo para os índices americanos baterem seus recordes históricos neste início de 2024, dado o tamanho do otimismo dos investidores com qualquer coisa que envolva IA.

    Mas será que o hype não está exagerado? Wall Street vai ter a oportunidade de testar isso nesta semana. É que cinco grandes big techs divulgam seus resultados: Alphabet (do Google), Microsoft, Amazon, Apple e Meta (do Facebook) – as duas primeiras liberaram seus números hoje, mas só depois do fim do fechamento das bolsas.

    O pregão em si, então, foi novamente de “modo espera”, com a cautela tomando conta dos investidores. O índice Nasdaq, que concentra as ações de tecnologia dos EUA, caiu 0,76%. O S&P 500, mais amplo, fechou quase estável, com leve queda de 0,06%. E o humor comedido também chegou aqui: o Ibovespa caiu 0,86%, com apenas 11 ações das 87 fechando no azul. 

    A cautela se justifica dado que as expectativas com as empresas são altas. A Microsoft é a principal investidora da OpenAI, a startup mais bombada do momento, criadora do ChatGPT. O Google, por sua vez, está desenvolvendo o Bard, a sua própria IA, para concorrer com a rival. 

    Os números dos balanços, então, vão definir em que pé anda essa batalha – e a evolução do setor como um todo. Hoje, os papéis das duas fecharam em queda: -0,28% para a Microsoft e -1,16% para a Alphabet.

    O modo espera dos investidores também foi reforçado pelo fato de ser véspera da Super Quarta. Como explicamos ontem, a divulgação das decisões dos comitês monetários brasileiro e americano vai ser observada de perto em busca dos próximos passos dos bancos centrais. Em especial nos EUA, onde não se sabe se os juros começam a cair mesmo em março, como o mercado apostava no final de 2023, ou se isso só ocorrerá em maio, como a maior parte dos investidores parece prever agora, após sinalizações hawkish do Fed. A ver amanhã.

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    Hoje, a pesquisa Jolts, divulgada pelo Departamento do Trabalho dos EUA, revelou que o número de vagas de emprego em aberto no país atingiu 9 milhões em dezembro, um leve aumento em relação aos 8,9 milhões de novembro.

    Foi uma alta inesperada. O consenso dos analistas apontava para 8,7 milhões de vagas. Isso mostra, então, o mercado de trabalho segue aquecido e há demanda por mão de obra. Diminui aí a pressão sobre o Fed para iniciar logo os cortes nos juros. Tanto que a aposta majoritária é mesmo que o primeiro corte venha só em maio.

    Na ferramenta FedWatch, do CME Group, as chances de se ter uma redução nos juros na reunião de março caíram para 42%. No final do ano passado, esse número chegou a passar dos 80%, dado o otimismo do mercado com a inflação em queda e na esperança de um Fed dovish.

    A virada de chave, confirmada hoje pelo Jolts, não ajuda em nada as bolsas. Muito menos a de países periféricos, como este aqui, que representam mais risco. Daí boa parte do mal humor do Ibovespa – que não tem big techs para segurar as pontas.

    China hoje

    Especificamente no Brasil, um terceiro fator ainda pesou no pregão de hoje: a China. O mercado está tomado por uma onda de pessimismo com o país asiático, alimentada principalmente pela liquidação da incorporadora Evergrande, que explicamos aqui. Nesta terça-feira, o índice CSI 300, das bolsas de Xangai e Shenzhen, caiu 1,76% com a amargura. O minério de ferro negociado na bolsa de Dalian também tombou idênticos 1,76%.

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    O episódio da Evergrande é simbólico e revelador de uma crise maior no país. A China vem decepcionando com um crescimento mais comedido do que o esperado há quase dois anos. Além disso, a turbulência no setor imobiliário chinês, que corresponde a um quarto do PIB, segue assustando investidores. 

    Tanto que as bolsas chinesas estão nas mínimas em cinco anos. E isso, é claro, afeta diretamente a bolsa brasileira, simplesmente pelo fato de o futuro da economia brasileira depender em parte da performance do dragão asiático – que compra 60% do nosso minério de ferro, e 70% da nossa soja.

    Um adeus amargo da Gol: -26,97%

    No fundo do poço tinha um alçapão?

    Hoje foi o último pregão da GOLL4 como parte do Ibovespa. O papel vai seguir sendo negociado na bolsa, mas não vai mais fazer parte do mais importante índice acionário brasileiro (e nem de outros índices, diga-se). A B3 exclui ações de empresas em recuperação judicial da conta.

    Foi uma despedida dramática. Após desabar 33,6% no pregão de ontem, o papel derreteu mais 27% hoje. Nesses dois dias, a companhia perdeu metade de seu valor de mercado. GOLL4 sai do índice aos R$ 2,87. No auge, em 2019, chegou a valer R$ 43,79.

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    Como dissemos no fechamento de mercado ontem, o inferno astral da aérea está só começando. A companhia entrou com pedido de recuperação judicial nos EUA na semana passada. O pedido foi aprovado na sexta-feira e, ontem, a justiça de NY liberou um empréstimo de US$ 350 milhões para a empresa, a primeira parcela de um financiamento de US$ 950 milhões, que ainda precisa de uma aprovação definitiva.

    Ontem, a empresa divulgou informações financeiras preliminares e não-auditadas do seu 4T23. O que mais impressionou (negativamente) foi o patrimônio líquido – ou seja, os ativos da empresa (o que ela tem) menos o passivo (o que ela deve). Esse número ficou em R$ 23,3 bilhões negativos no período.

    Em resumo, a saúde financeira da empresa está pela hora da morte e analistas correram para rebaixar a ação. Nisso, a debandada dos investidores foi frenética: uma ativo à vista caindo com a velocidade de um derivativo.

    Passagem de bastão 

    Esta é a última edição das newsletters sobre mercado financeiro produzidas pela equipe da Você S/A. A partir de agora, a cobertura do dia a dia do mundo das finanças entre as publicações da Editora Abril ficará com os nossos colegas da Veja Mercado. Confere lá que vale a pena.

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    Em nome de toda a redação da Você S/A: muito obrigado pela companhia. E um grande abraço.  

     

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    MAIORES ALTAS

    Suzano (SUZB3): 2,56%

    Carrefour (CRFB3): 2,51%

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    Embraer (EMBR3): 2,46%

    Vibra (VBBR3): 1,43%1,83%

    CSN Mineração (CMIN3): 1,02%

    MAIORES BAIXAS

    Gol (GOLL4): -26,97%

    Casas Bahia (BHIA3): -8,32%

    Braskem (BRKM5): -5,64%

    Petz (PETZ3): -5,03%

    Azul (AZUL4): -4,62%

    Ibovespa: -0,86%, a 127.401 pontos

    Em Nova York

    S&P 500: -0,06%, a 4.924 pontos

    Nasdaq: -0,76%, a 15.509 pontos

    Dow Jones: 0,35%, a 38.467 pontos

    Dólar: -0,01%, a R$ 4,9454

    Petróleo

    Brent: 0,82%, a US$ 82,50 

    WTI: 1,35%, a US$ 77,82

    Minério de ferro: -1,76%, cotado a US$ 137,99 por tonelada na bolsa de Dalian (China).

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