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Campos Neto busca paz entre Banco Central e Lula

Nos EUA, a expectativa é que o CPI de janeiro siga em desaceleração.

Por Júlia Moura, Camila Barros
Atualizado em 14 fev 2023, 08h51 - Publicado em 14 fev 2023, 08h48
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    Bom dia!

    Em entrevista ao Roda Viva na noite de ontem, o presidente do Banco Central tentou a paz com o presidente Lula, sem deixar de criticar uma mudança na meta de inflação, como sugere o governo. 

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    Para Roberto Campos Neto, mudar a meta  “terá o efeito contrário ao desejado. Ao invés de ganhar flexibilidade, você pode terminar perdendo flexibilidade”. 

    A meta de inflação para este ano é de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual. O mercado espera, porém, um IPCA de 5,79%. Este seria o terceiro ano consecutivo de estouro da meta.

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    “Nós não somos do grupo que acredita que é muito difícil cumprir a meta, que ela seja inexequível. Em dezembro, a inflação convergia para 3% e o mercado precificava corte da Selic a partir de junho. Os ruídos mudaram as expectativas.”

    Para ele, a percepção de risco poderia melhorar, dando condições para a queda da Selic, com o novo arcabouço fiscal, que está sendo desenhado pelo governo, e com a reforma tributária.

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    Apesar de não querer mudar a meta para os próximos anos, que está em 3%, Campos Neto disse conversar com Haddad sobre estudos que o BC já tem para o “aprimoramento da meta”.

    Sem dar detalhes do que seria esse aprimoramento por ser um “tema sensível” e que “mexeria com o mercado”, ele deixou claro que, se a mudança for pautada, será por iniciativa da Fazenda.

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    O presidente do BC se mostrou disposto a trabalhar com o governo, com elogios a Haddad e Tebet. Ele ainda disse que gostaria de poder conversar mais com Lula e não vê problema em ir ao Congresso, como quer o PT, para dar explicações. “É meu trabalho.” 

    Resta saber se as falas vão ser bem digeridas por Lula e pelo mercado. Segundo a jornalista Bela Megale, do O Globo, integrantes do primeiro escalão do governo buscam fazer uma espécie de “freio de arrumação” nas críticas direcionadas aos juros altos, descolando-as de Campos Neto. Segundo a colunista, ministros afirmam que os ataques ao presidente do BC podem vitimizá-lo, aumentando sua importância.

    CPI

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    Nos Estados Unidos, a inflação também é o destaque do dia. Logo mais, às 10h30, será divulgado o CPI (o IPCA deles) de janeiro.

    Economistas temem possíveis repiques nos preços, após meses de desaceleração, com a recente alta nos valores de carros usados e gasolina. No geral, a expectativa é que a inflação siga perdendo força, com previsão de 6,2% (de 6,4% em dezembro) na comparação anual, sendo 5,5% (de 5,7% em dezembro) no núcleo do CPI, que desconsidera energia e alimentos.

    Para o mercado, é importante que os preços estejam perdendo força. Isso abre caminho para o fim do ciclo de alta de juros, hoje em 4,75%. Os futuros americanos se mostram confiantes na desinflação, operando no azul. 

    A meta, por lá, também tem ficado bem longe da realidade. Ela é de apenas 2%.

    Bons negócios!

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    humorômetro: o dia começou com tendência de alta
    (VCSA/Você S/A)

    Futuros do S&P 500: 0,24%

    Futuros do Dow Jones: 0,13%

    Futuros do Nasdaq: 0,38%

    *às 8h41

    market facts
    (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

    Americanas vs. Santander

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    No domingo, a coluna de Lauro Jardim no jornal O Globo revelou que o Santander conseguiu, há duas semanas, uma autorização judicial para acessar os e-mails corporativos enviados nos últimos dez anos por funcionários do setor contábil, líderes do alto escalão e membros do conselho de administração da Americanas. A lista inclui nomes de peso, como do ex-CEO Miguel Gutierrez (que permaneceu no cargo durante 20 anos) e de Carlos Alberto Sicupira, um dos membros da 3G Capital. 

    A coleta de provas, feita entre a última sexta-feira e ontem, servirá para que o banco consiga construir um caso contra a Americanas. Só que, na sexta, o Santander acionou a Justiça alegando que a varejista tentava atrapalhar as buscas: “[a Americanas] não atua de boa-fé e tenta, a todo custo, obstruir o andamento da busca e apreensão”. Em resposta, a Americanas negou as acusações.  

    Agenda
    (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

    Brasil: Lula relança o programa Minha Casa, Minha Vida na Bahia

    Brasil, 9h15: Roberto Campos Neto participa de evento do BTG

    Brasil, 10h: Lula e Haddad debatem meta de inflação

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    EUA, 10h30: Índice de Preços ao Consumidor (CPI) de janeiro

    Europa
    (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

    Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,37%

    Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,48%

    Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,35%

    Bolsa de Paris (CAC): 0,46%

    *às 8h27

    Fechamento na Ásia
    (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

    Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 0,04%

    Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,64%

    Hong Kong (Hang Seng): -0,24%

    Commodities
    (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

    Brent*: -1,24%, a US$ 85,54

    Minério de ferro: 0,41%, a US$ 125,72 por tonelada na bolsa de Dalian 

    *às 8h43

    Vale a pena ler:
    (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

    Hungria, 1946

    A maior inflação da história rolou na Hungria em 1946. No auge da crise, ela chegou a 41.900.000.000.000.000% (400 bilhões de trilhões por cento). Na prática, isso significava preços DOBRANDO a cada 15 horas. Esta reportagem da BBC News, republicada pela Folha, conta como o sistema monetário do país se adaptou para comportar valores tão grandes, e como era a vida dos Húngaros durante a barbárie econômica. 

    Fundos de hedge na contramão da crise 

    Fundos de hedge são especializados em proteger seus clientes de eventuais perdas nos setores em que eles mais investem. Tipo: digamos que a ideia seja proteger uma carteira composta por empresas de aviação da volatilidade do preço do combustível – que vira e mexe influencia o preço dessas ações. Aí o fundo pode ir lá e investir em, sei lá, petróleo. A lógica é que, quando o preço da commodity sobe, a alta cobre (daí o “hedge”) a queda das ações. 

    É um trabalho difícil, que exige certa criatividade e muito apetite ao risco. Quem se sujeita a isso – e consegue fazer direito – é recompensado com quantidades astronômicas de dinheiro. Principalmente em momentos de crise (ou expectativa de crise, como agora), em que a busca por proteção aumenta. Esta reportagem do NYT conta que a elite dos hedge funds em Wall Street tem andado na contramão da economia, contratando e aumentando salários como nunca. 

    Temporada de balanços
    (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

    Antes da abertura: Coca-Cola

    Após o fechamento: Airbnb

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