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Drama da PEC da Transição faz Ibovespa dar seu primeiro soluço pós-eleição

O boato de que o PT estaria pressionando Lula a pôr Haddad na economia causou choro na Faria Lima, enquanto NY subia com a previsão de predomínio dos republicanos nas eleições de meio de mandato dos EUA. 

Por Bruno Vaiano
7 nov 2022, 18h38
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  • Tite já revelou os jogadores que vão para o Catar, mas Lula ainda não anunciou seu time para a economia e tampouco se comprometeu com o tamanho exato do furo no teto de gastos, ou com o método que será empregado para furá-lo. 

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    Ao que consta, a equipe de transição liderada por Alckmin está pendendo para o que se denomina “plano A”: aprovar com o Congresso uma PEC para acomodar o estouro do teto. O plano B seria uma medida provisória para liberar crédito extraordinário, que já foi criticada pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. O PT ainda não bateu o martelo, mas a medida provisória evidentemente é pior para as relações de Lula com o Legislativo. 

    O problema é que uma parte do PT quer dar o valor exato do estouro na agora chamada PEC da Transição, para afastar o fantasma do cheque em branco. Por outro lado, o senador petista eleito Wellington Dias, que lidera as negociações orçamentárias, argumenta que não há necessidade de cravar um valor na PEC, porque a cifra constará do Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) de 2023. 

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    No que diz respeito à equipe, o boato é que o PT estaria pressionando Lula a pôr Haddad na pasta da Fazenda, de modo a colocá-lo nos holofotes e torná-lo um candidato viável para 2026. Além disso, Meirelles – o sonho da noite de verão faria limer – estaria fora de cogitação. Esse combo de fofocas é choro garantido no mercado financeiro. 

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    O drama da transição de governo fez investidores venderem ações que haviam comprado semana passada. 

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    Papéis do varejo, da construção civil e da educação superior – que tendem a se beneficiar do aumento do crédito e do consumo na classe média baixa e dos programas sociais petistas para habitação e acesso à universidade – protagonizaram a reação positiva do Ibovespa às eleições: o índice chegou à última sexta em alta de 3,16%. 

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    Agora, esses mesmos ativos estão no ranking de maiores quedas: Alpargatas, Americanas, Yduqs e Cogna caíram mais de 7%. E o índice como um todo tombou 2,38%. 

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    O pregão cabisbaixo também é crédito da Petrobras, que já vinha rolando a escada desde a semana passada. As perdas acumuladas por PETR4 da abertura do pregão no dia 31 até agora são de 11,4%. 

    Razão mais recente para o bota-fora acionário: a equipe de Lula declarou querer investir mais do lucro da petroleira na própria petroleira, retomando áreas de atuação descontinuadas na gestão Temer. E isso significa distribuir menos aos acionistas na forma de dividendos – meses após a Petrobras se tornar a maior pagadora do mundo. 

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    Esse é só o desdobramento mais recente de um bafafá que começou na sexta (4), quando o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MPTCU) pediu a suspensão do pagamento de dividendos pela Petrobras. O órgão quer apurar se há “risco à sustentabilidade financeira e de esvaziamento da disponibilidade em caixa da estatal”. 

    (Breve glossário: o MP é um órgão que fiscaliza os Três Poderes em nome do povo, do “bem comum”. O TCU, por sua vez, fiscaliza as contas públicas. Monte o Lego da sigla e temos que o MPTCU é – grosso modo – um órgão que garante que as contas públicas serão conduzidas de acordo com o bem comum. Ou seja: se a distribuição de dividendos de uma estatal se tornar ruim para a sociedade, são eles que vão intervir.)

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    Hoje, na hora do almoço, o TCU garantiu a jornalistas que não haverá nenhuma decisão sobre distribuição de dividendos da Petrobras nesta semana – pouco depois, às 14h40, o órgão revelou que uma análise preliminar não encontrou irregularidades na distribuição de dividendos. Mas essas garantias não foram suficientes para acalmar os ânimos do mercado: PETR4, -4,06%; PETR3, -3,41%

    O pessimismo contagiou o câmbio: o dólar ganhou mais da metade dos quilinhos que havia perdido no regime pós-eleitoral intenso da semana passada: foram 4,7% de queda das eleições até sexta (4), mas 2,4% de alta do sábado (5) para cá. 

    No exterior, o dia foi de emoções mistas. Nos EUA, o S&P 500 subiu 0,97% com a previsão de que os republicanos predominem das eleições de meio de mandato, que elegem um novo Congresso e a maior parte dos governadores americanos. A ideia, claro, é que os conservadores sejam melhores para o mercado financeiro. 

    A Nasdaq começou o dia estável, em partes por causa das Aventuras de Elon no Mundo do Passarinho – ele demitiu metade do Twitter por e-mail e aí precisou contratar algumas pessoas de volta porque a empresa parou de funcionar. As ações do sul-africano ao volante da rede social estão fazendo cair as ações da empresa ao lado, a Tesla (-5% hoje). 

    No final do dia, porém, o índice de tecnologia alcançou o S&P 500, e fechou em alta de 0,85%. 

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    A China, por fim, reforçou seu compromisso com a política covid zero no final de semana, o que sempre faz o Brent cair – bem como a Vale e suas fiéis escudeiras metálicas, que dependem do mercado imobiliário chinês aquecido. VALE3, que tinha subido 7,59% na sexta, fechou em -0,12%; CSN, -3,68%; Usiminas, -5,24%. 

    E a montanha-russa segue.

    Até amanhã!   

    Maiores altas

    Santander (SANB11): 3,03%
    BB Seguridade (BBSE3): 1,04%
    Suzano (SUZB3): 0,92%
    Meliuz (CASH3): 0,79%
    Klabin (KLBN11): 0,63%

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    Maiores baixas

    Yduqs (YDUQ3): – 10,64%
    Americanas (AMER3): – 9,00%
    Cogna (COGN3): – 8,72%
    Alpargatas (ALPA4): – 7,46%
    CVC (CVCB3): -7,33%

    Ibovespa: -2,38%, a 115.342 pontos

     

    Em NY:

    S&P 500: 0,97%, a 3.807 pontos

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    Nasdaq: 0,85%, a 10.564 pontos

    Dow Jones: 1,31%, a 32.829 pontos

     

    Dólar: 2,19%, a R$ 5,17%

     

    Petróleo

    Brent: 0,66%, a US$ 97,92

    WTI: 0,88%, a US$ 91,79%

     

    Minério de ferro: 2,08%, a US$ 91,49 a tonelada na bolsa de Dalian

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