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Elon Musk ensina como ficar rico com dinheiro do auxílio emergencial 

Parte dos trilhões em estímulos nos EUA vai parar na bolsa, faz Musk ganhar US$ 7,5 bi em um dia, e puxa o Ibovespa para perto dos 110 mil pontos. 

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 24 nov 2020, 20h24 - Publicado em 24 nov 2020, 19h22
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  • Dinheiro é igual infiltração. Uma vez que um governo imprime grana nova para reavivar a economia, ela segue escorrendo. E aquilo que começou como um auxílio a pessoas e empresas acaba sempre lá embaixo, no mercado financeiro. É o que está acontecendo nos EUA. O governo de lá emitiu pelo menos US$ 2 trilhões que se transformaram em ajuda financeira a pessoas, grandes companhias, pequenos negócios, hospitais. 

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    Em condições normais de temperatura e pressão, o dinheiro disponível nas contas correntes e nos caixas das empresas circula entre os agentes da economia – tipo você, a padaria, a General Motors, o Itaú. Existe pouca produção de dinheiro “novo” quando tudo vai bem.

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    Numa crise, como a deste ano, é diferente.

    O dinheiro deixa de circular. Para manter o mecanismo funcionando, então, o governo imprime dinheiro (“emite moeda”, no palavreado mais sofisticado) e injeta na economia (na forma de auxílio emergencial, por exemplo) para manter as engrenagens girando. 

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    Mas o dinheiro que parou de circular não deixa de existir, lógico. Ele fica fora da economia do dia a dia, mas segue no mercado financeiro – na forma de títulos públicos, ações, saldos em conta. O que entra a mais, então, se soma à grana que já existia antes. 

    Mas não fica nisso. Vamos dizer que um hospital usou a parte desse dinheiro novo que lhe coube e comprou equipamentos. O dinheiro novo não morre aí. Quem fabricou o equipamento recebe a grana, e pode colocar, num fundo de renda fixa (e ficar estocado na forma de títulos públicos), ou, se ele for mais propenso a riscos, colocar num fundo de ações.

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    Dessa forma, o dinheiro que nasceu para comprar respirador (ou comida, ou salários) volta para o mercado financeiro. 

    Elon Musk ultrapassou Bill Gates e se tornou a segunda pessoa mais rica do mundo.

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    É por isso que as bolsas americanas subiram com força neste ano. E é por isso que Elon Musk ultrapassou Bill Gates e se tornou a segunda pessoa mais rica do mundo. Quase toda sua fortuna está na forma de ações da Tesla. Ela subiram 530% em 2020, em boa parte graças aos trilhões de novos dólares que entraram no mercado. E isso elevou a fortuna do sul-africano de US$ 30 bilhões no início do ano para US$ 128 bilhões – dessa grana, US$ 116 bilhões são a fatia de 21% que ele tem em ações de sua montadora de carros elétricos.  

    Haja dólar. Neste momento, há 20% mais dólares em circulação do que em 2019. E em 2019 já era o dobro de dez anos antes – já que a política de imprimir dinheiro como se não houvesse amanhã para curar a economia remete àquela outra crise, a de 2008, que foi até mais grave que a de hoje, já que nem precisou de uma pandemia como estopim. 

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    Some esse monte de dinheiro à esperança cada vez maior com as vacinas, e não dá outra. O apetite por opções de investimento mais arriscadas (e com maior potencial de lucro) se renova. Num cenário de retomada da economia (que os bons resultados dos testes das vacinas prometem), a esperança nos lucros supera o medo dos riscos. E o dinheiro que estava guardado na forma de títulos públicos começa a fluir mais rápido para o mercado de ações. E o preço dos papéis sobe.  

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    Hoje foi um desses dias. O índice S&P 500, que mede a variação das 500 maiores empresas dos EUA, subiu 1,62% hoje. O Nasdaq Composite, das empresas de tecnologia, 1,31%. 

    E a fortuna de Musk cresceu também: a Tesla teve a pachorra de subir mais 6,43% hoje. Só isso já deixou o sul-africano US$ 7,5 bilhões mais rico de segunda para terça – nessa toada, uma hora ele passa Jeff Bezos, que está no topo da lista desde 2018, e hoje conta com US$ 182 bilhões – a maior parte, naturalmente, em ações da Amazon.

    Só isso já deixou o sul-africano US$ 7,5 bilhões mais rico de segunda para terça.

    Por aqui, certamente não há ninguém tão contente quanto Musk hoje. Mas o nosso mercado de ações também foi pródigo. As maiores altas do dia foram acima de 6% – concentradas no setor de shoppings, um dos que mais têm a ganhar com a chegada das vacinas. Petrobras e Vale, que, juntas, respondem por 20% do Índice Bovspa, subiram mais de 4%.

    E o Ibov acabou fechando numa alta expressiva, de 2,24%, a 109.786 pontos. Parte disso com uma ajuda de investidores gringos, que colocam aqui um pouco dos dóares extras que circulam por lá. Por essas, o dólar caiu 1% hoje – quanto mais moeda americana entra no Brasil, maior a pressão de baixa no câmbio. Oferta e demanda. 

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    Ah. Mais 9% e o Ibov retoma seu recorde histórico, de 119.500 pontos, marcado em 23 de janeiro. A julgar pelo volume de dólares que entope o mercado financeiro global, esse dia talvez não esteja longe. 

     

    MAIORES ALTAS

    Multiplan: 7,16%

    BR Malls: 7,07%

    Usiminas: 6,12%

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    CSN: 6,00%

    Iguatemi: 5,99%

     

    MAIORES BAIXAS

    PetroRio: -2,81%

    RaiaDrogasil: -2,36%

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    WEG: -2,00%

    Totvs: – 1,83%

    IRB Brasil: -1,53%

     

    Dólar: queda de 1,06%, a R$ 5,37

    Petróleo

    Brent: alta de 3,90%, a US$ 47,86

    WTI: alta de 4,29%, a US$ 44,91

           

     

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