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Entenda por que investidores já não temem (tanto) a inflação

Bolsas ignoram ata de Fed e se preparam para começar o dia no azul.

Por Tássia Kastner, Camila Barros
Atualizado em 7 jul 2022, 08h25 - Publicado em 7 jul 2022, 08h22
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 (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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Agora que os Bancos Centrais mundo afora finalmente decidiram reagir à inflação, investidores parecem não estar mais tão preocupados com o assunto. Soa um papo de louco, mas é só a hiperatividade do mercado financeiro falando mais alto.

A inflação continua nas máximas para onde quer que se olhe. Bateu recordes em 40 anos nos EUA, na Europa… No Brasil, estamos de volta a 2002. Só que investidores têm um palpite de que ela começará a cair em breve.

Uma das principais razões para a disparada da inflação foi a alta nos preços das commodities. O petróleo foi lá para perto de US$ 130 por barril, o minério chegou a rondar os US$ 150 a tonelada na China, e os alimentos como soja, trigo e milho bateram os maiores preços desde 2012 ao longo do primeiro semestre.

A explicação era o risco de desabastecimento, consequência da guerra russa na Ucrânia, combinada com uma menor produção daqui para frente. E fazia sentido.

Só que, desde as máximas, todos esses produtos caem mais de 20%. Não por motivos que você gostaria. Noves fora o excesso de especulação, natural no mercado financeiro, há sinais de que os preços tenham ficado proibitivos para o bolso do consumidor, ceifando a demanda. Aí eles precisam cair dos níveis surreais que atingiram.

Não é à toa que as estimativas de inflação para o fim do ano e para o próximo derretem. Investidores agora estão focados em recessão, e não mais apenas na alta de preços. Se as pessoas não conseguem comprar nem o básico, comida, não tem economia que continue funcionando. Lembra do receio de que poderíamos enfrentar uma estagflação (quando há alta de preços e recessão ao mesmo tempo)? O termo praticamente sumiu do noticiário.

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Beleza. Mas a conta do supermercado e do posto de combustível ainda não ficou mais barata. Por quê?

Existem dois problemas rolando. O primeiro é que há um delay entre a queda nos preços das matérias-primas e a chegada ao produto final. Natural. Pegue o exemplo do trigo. Os moinhos precisam comprar o produto a um preço agora 30% menor, converter em farinha e depois vender essa farinha, a um preço potencialmente menor, que se transformará em um pão talvez mais barato para você.

Só que, depois de um período de inflação muito alta, fica todo mundo com o pé atrás de que a queda seja apenas momentânea. Aí, para não destruir o lucro completamente, o repasse não é integral. Os preços subiram de elevador, mas descem de escada. 

E o segundo problema é o dólar. A moeda americana rompeu os R$ 5,40 ontem, no maior preço desde o final de janeiro. A valorização acaba “compensando” a queda das commodities e impedem os preços de baixar no Brasil. As commodities, em reais, continuam caras.

Por sinal, a queda do petróleo zerou a defasagem dos preços dos combustíveis no Brasil, segundo cálculo da Abicom (associação das importadoras de combustíveis) divulgado pelo Estadão.

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Uma mudança de cenário bem mais efetiva do que obrigar postos de combustíveis a informar os preços de gasolina e diesel praticados antes de Bolsonaro forçar a barra no corte de impostos cobrados pelos estados. 

O intervencionismo no governo, em plena campanha eleitoral, tem tudo para continuar segurando o mercado financeiro local. Ontem, o Ibovespa até conseguiu seguir a direção de Nova York e fechar em alta. Mas o dólar e o mercado de juros mostram que o receio deve continuar sendo a palavra da vez. Bons negócios.

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humorômetro: o dia começou com tendência de alta

Futuros S&P 500: 0,23%

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Futuros Dow: 0,31%

Futuros Nasdaq: 0,30%

às 08:20

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): 1,38%

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Bolsa de Londres (FTSE 100): 1,08%

Bolsa de Frankfurt (Dax): 1,37%

Bolsa de Paris (CAC): 1,32%

*às 7h38

Fechamento na Ásia

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Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 0,44%

Bolsa de Tóquio (Nikkei): 1,47%

Hong Kong (Hang Seng): 0,26%

Commodities

Brent*: -0,87%, a US$ 99,39

Minério de ferro: 2,66% em Singapura, a US$ 114,00 por tonelada

*às 7h40

Agenda

Dia todo Comissão especial da Câmara pode votar texto da PEC Kamikaze

8h30 BCE publica ata da reunião em que anunciaram o plano de subir os juros da Zona do Euro na próxima reunião.

9h30 EUA divulga dados de pedidos auxílio-desemprego da semana

15h BC divulga relatório de poupança de maio e junho

16h30 BC divulga IBC-Br de março e abril, que mede a atividade econômica do país

market facts

Itaúsa troca XP por CCR

A Itaúsa se desfez de outra fatia de participação na XP. Ontem, a holding vendeu o equivalente a 1,26% da empresa por cerca de R$ 665 milhões. E vai usar esse dinheiro para pagar parte do novo investimento na CCR, anunciado ontem em conjunto com a Votorantim. Por R$ 2,9 bilhões, a Itaúsa ficará com 10,33% da companhia de mobilidade. Na XP, a holding agora é dona de 10,31% – quando começou o processo de desinvestimento, em 2020, a participação era de 46,5%.

Demissões na Loft, de novo

Depois de demitir 159 funcionários em abril, a Loft fez uma nova rodada de demissão em massa na terça-feira. Agora, foram 384 trabalhadores – o equivalente a 12% do quadro da empresa. Nas demissões de abril, a startup afirmou que queria eliminar cargos repetidos após a aquisição de uma empresa de crédito imobiliário. Desta vez não deu pra justificar assim. Disse que era pra aumentar a eficiência e se adequar à nova realidade global – que não tem sido gentil com as startups. Além da Loft, QuintoAndar, Facily, Mercado Bitcoin e IFood fazem parte da lista de unicórnios brasileiros que demitiram em massa no primeiro semestre.

Vale a pena ler:

Comparativo 

Os brasileiros sabem bem como é viver com inflação. Mas o mundo rico tomou um susto depois que a invasão Russa na Ucrânia fez subir os preços de comida e energia. O Financial Times compilou gráficos interativos que ajudam a entender qual a dimensão do problema em cada país, comparando a taxa de inflação mensal ao crescimento do PIB.

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