Enquanto os holofotes estão na disputa pela hegemonia da inteligência artificial, outra corrida ocorre nas bolsas globais: farmacêuticas em busca de drogas que combatam a obesidade.
A líder, até agora, é a dinamarquesa Novo Nordisk (N1VO34), com o Ozempic e o Wegovy. O primeiro, sensação dos últimos meses, é um medicamento contra a diabetes, mas que acabou se popularizando como um aliado para perder peso (um uso fora da bula). Daí a companhia correu para desenvolver o Wegovy, especificamente voltado para emagrecimento – e ainda mais potente.
Investidores compraram a ideia com tanta força que a Novo Nordisk disparou para o posto de segunda maior companhia da Europa, avaliada a US$ 358 bilhões no final de junho – à frente da Nestlé (US$ 321 bi) e atrás apenas da LVHM, dona da Louis Vuitton (US$ 468 bi).
Mas ela não está sozinha. A americana Eli Lilly (LILY34) vem forte na disputa: seu medicamento, a tirzepatida, vendida sob o nome comercial de Monjauro, já foi aprovada pela FDA (a Anvisa americana) para tratar diabetes, e estudos recentes mostram que ela também leva à perda de peso. Espera-se que a aprovação para esse uso venha em breve.
Tem um detalhe: todas essas drogas são injetáveis. A próxima fase da corrida é encontrar uma pílula com o mesmo efeito – um tratamento mais cômodo e que costuma ser mais barato do que as injeções.
A Novo Nordisk já tem a semaglutida, a molécula do Ozempic, em versão oral (nome comercial, Rybelsus); estudos mostram que ela levou à perda de 15% do peso corporal após 68 semanas de uso. Mas, nesse quesito, a Lilly parece ter vantagem: sua molécula oral, a orforglipron, levou a uma perda de peso similar em testes preliminares, só que em um intervalo menor – 36 semanas.
Outra competidora ficou para trás: a Pfizer (PFIZ34) recentemente interrompeu os testes com seu princípio ativo, o lotiglipron, após os primeiros testes mostrarem efeitos colaterais potencialmente graves nos rins. Ela segue testando um outro candidato, o danuglipron, mas ainda em fases iniciais.
É uma má notícia para a farmacêutica, que vem penando para manter a euforia dos investidores após o boom das vacinas da Covid-19. Desde o último pico, e dezembro de 2021, as cotações da Pfizer caem 38%.
Já a Lilly surfa no otimismo com sua promessa de pílula. Desde março, os papéis da companhia disparam 49%. Com valor de mercado de quase US$ 440 bi, entrou no top 15 das maiores empresas do mundo.
A euforia com as ações se dá porque, apesar de as drogas serem recomendadas para tratar especificamente a obesidade, a expectativa é que a demanda acabe generalizada por pessoas que querem emagrecer mais facilmente, sejam elas obesas ou não. Injeção de lucro na veia das farmacêuticas.