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GPA (PCAR3) cai 6,7% com follow on. Braskem (BRKM5) tomba 4,7% com rompimento de mina

Acionistas do Grupo Pão de Açúcar devem sofrer uma diluição de 50%. Na Braskem, novas ações judiciais podem sangrar o caixa.

Por Sofia Kercher
Atualizado em 11 dez 2023, 19h04 - Publicado em 11 dez 2023, 18h51

Em uma semana lotada, esta segunda-feira de agenda vazia pode ser considerada a calmaria antes de uma eventual tempestade. 

O Ibovespa fechou em leve queda de 0,14%, aos 126.916 pontos, aguardando os dados de inflação (IPCA, terça) e da última reunião do Copom (quarta). 

Lá fora, S&P 500 e Nasdaq também operaram em compasso de espera, mas como o sinal trocado: alta 0,39% e de 0,20%, respectivamente – lá fora também tem inflação na terça (CPI) e “Copom” na quarta, com a última decisão de política monetária do Fed. 

Não que alguém espere por algo diferente de manutenção em 5,5% por lá e mais um corte de 0,50 p.p. aqui (baixando a Selic para 11,75%). A expectativa é, como quase sempre, pelas falas dos chefes dos BCs – que podem indicar mais cautela do que o esperado, ou menos.  

O fato é que o dia foi de baixo volume financeiro: R$ 16,3 bilhões, menos da metade da média de novembro (R$ 36,3 bilhões). 

E os destaques do dia foram mesmo o Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) e a Braskem (BRKM5), que protagonizaram as maiores quedas da bolsa hoje. Vamos a elas. 

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PCAR3

Na semana passada, os papéis do Grupo Pão de Açúcar saltaram mais de 23%. Cortesia de  ̶f̶o̶f̶o̶c̶a̶s rumores sobre a pulverização do controle do grupo, com a saída do grupo francês Casino, que atualmente detém 40,9% da companhia. 

Nesta segunda-feira, o mercado virou a casaca: PCAR3 derreteu 6,7%. Isso porque, ontem a noite, o grupo anunciou que está estudando a possibilidade de uma oferta pública de ações (follow-on), em um valor estimado de R$ 1 bilhão – mesmo patamar de seu valor de mercado..

A queda das ações é natural. Na prática, o follow-on dilui a participação de cada acionista, o que por consequência diminui a quantidade de dividendos recebidos por ação quando houver pagamento. E bota diminuição nisso: para arrecadar esse R$ 1 bi, considerando o preço de fechamento de sexta (R$ 4,33), seria necessária a emissão de 230 milhões de ações. Ao preço desta segunda (R$ 4,04), seriam 247 milhões de papéis novos.  

O grupo possui 270 milhões de ações neste momento. Ou seja: o número de ações praticamente dobraria, reduzindo quase pela metade o montante de dividendos aos quais cada papel dá direito. 

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A emissão vem para tapar um buraco. Atualmente, o GPA possui uma dívida líquida de R$ 3 bilhões. Trata-se de uma relação dívida líquida/Ebitda de 7,2x (considerado que o saudável costuma ser até 2x). 

De qualquer forma, a expectativa é a de que o Casino não coloque dinheiro no follow on. Sua participação, então, cairá pela metade – tal como a de qualquer acionista que não coloque a mão no bolso para comprar ações novas.

BRKM5

No final de novembro, a Prefeitura de Maceió decretou estado de emergência na cidade por 180 dias. Motivo? O risco iminente de colapso de uma mina da Braskem, localizada na região da lagoa Mundaú. Eis que chegou o temido dia: a Defesa Civil de Maceió confirmou o início do rompimento na tarde de ontem (10).

Esse é só mais um capítulo naquilo que poderíamos chamar de Crônica de Um Desastre Ambiental Anunciado. Desde a década de 1980, pesquisadores vêm alertando para os riscos de afundamento na região, causado pela extração inadequada de sal-gema (minério usado na fabricação de materiais como soda cáustica e PVC).

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As operações da companhia na região foram paralisadas em 2019. Desde então, o fiasco levou mais de 60 mil pessoas a abandonarem 14 mil imóveis. No total, cerca de 20% do território da capital está sofrendo os efeitos do afundamento do solo. Isso sem contar os estragos ambientais, sociais e econômicos ainda não mensuráveis (para entender a história do começo, vale a leitura desta matéria aqui).

Segundo a própria Braskem, a companhia reservou R$ 14,4 bilhões para reparar os estragos na capital alagoana. De acordo com o balanço do 3T23, divulgado em setembro, R$ 9,2 bi desse valor já foram pagos (a maior parte por meio de indenizações a famílias e empresários que moravam e trabalhavam nos bairros esvaziados). 

Mas o imbróglio está apenas começando. Com o rompimento, autoridades estão pedindo a revisão de um acordo bilionário feito em junho de 2023, que previa R$ 1,7 bi pago à prefeitura de Maceió. Além disso, o Ministério Público e o governo de Alagoas querem o reconhecimento de mais áreas afetadas pelos afundamentos. 

A pressão teve seu efeito nos papéis da companhia. No ano, BRKM5 cai quase 30%.

Até amanhã.

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MAIORES ALTAS 

Magalu (MGLU3): 4,69%

B3 (B3SA3): 2,88%

Embraer (EMBR3):2,85%

Sabesp (SBSP3):1,91 %

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Suzano (SUZB3):1,24 %

MAIORES BAIXAS

Pão de Açúcar (PCAR3): -6,70%

Braskem (BRKM5): -4,71%

Petz (PETZ3): -3,74%

Dexco (DXCO3): -3,67%

Raízen (RAIZ4): -3,57%

Ibovespa:0,14%, aos 126.916 pontos

Em Nova York

S&P 500: 0,39%, aos 4.622 pontos

Nasdaq: 0,2%, aos 14.432 pontos

Dow Jones:  0,43%, aos 36.404 pontos

Dólar: 0,15, a R$ 4,9369

Petróleo 

Brent: 0,25%, a US$ 76,03. 

WTI: 0,13%, a US$ 71,32. 

Minério de ferro: -0,88%, a US$ 133,62 por tonelada na bolsa de Dalian (China).

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