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Haddad confirma imposto sobre exportação de petróleo cru; PETR4 despenca 3,5% e derruba Ibovespa

Anúncio foi feito juntamente com o da reoneração dos combustíveis e mais críticas ao banco central. Novo tributo também derruba PetroRio (-9%) e a 3R Petroleum (-7%).

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 28 fev 2023, 19h23 - Publicado em 28 fev 2023, 19h21
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  • Foi nos 45 do segundo tempo: o último pregão de fevereiro só engatou nos últimos minutos de negociação. Foi quando Fernando Haddad falou em coletiva de imprensa para detalhar a reoneração dos combustíveis, anunciada pelo governo ainda ontem. Ao longo do dia a bolsa ficou praticamente estável, à espera da fala do ministro. Quando as novidades vieram, porém, o amargor se instalou de vez – e o Ibovespa firmou a queda, fechando em -0,7%.

    Haddad informou que a reoneração da gasolina será de R$ 0,47 por litro e a do etanol, R$ 0,02 por litro. É uma reoneração apenas parcial, já que, antes da desoneração, os valores chegavam a R$ 0,69 e R$ 0,24, respectivamente. Já os tributos sobre diesel, biodiesel e gás de cozinha permanecem zerados até o fim deste ano, como já era previsto.

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    Mesmo sendo parcial, foi considerado uma vitória da ala econômica do governo, já que representa uma reversão da medida populista do governo Bolsonaro, que, em busca de recuperar a popularidade na véspera da eleição, zerou os tributos. Lula apoiou que a medida fosse estendida por dois meses, terminando no fim de fevereiro (hoje). A ala política do PT, por sua vez, queria que a isenção seguisse, pensando também na popularidade do governo – e não no rombo das contas públicas. Nesse cabo de guerra, a equipe técnica parece ter ganhado.

    O problema é que a história não para por aí. Como a desoneração foi apenas parcial, e não total, não seria capaz de gerar os R$ 28,9 bilhões esperados – ficariam faltando R$ 6,6 bi. Mas o governo não quer abrir mão dessa receita, então buscou uma outra medida para cobrir essa diferença: taxar a exportação do petróleo cru por quatro meses.

    A alíquota de exportação de óleo cru será de 9,2%, anunciou o ministro. Com isso, o governo espera arrecadar os R$ 6,6 bi faltantes. Enquanto isso, a estimativa da Petrobras é que essa nova medida afete 1% do lucro da empresa.

    A taxação da exportação, uma medida muito mais que polêmica, não foi bem recebida pelo mercado. O Ibovespa, que chegou a se aproximar dos 107 mil pontos mais cedo, fechou na mínima do dia, aos 104.931 pontos, em queda de 0,74%.

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    Os papéis das petrolíferas, é claro, foram os que mais contribuíram para o tombo. Eles já vinham no vermelho antes, justamente porque a CNN tinha adiantado essa possibilidade do imposto sobre exportação do óleo cru. Mas fecharam nas mínimas com a confirmação de Haddad. PETR4 terminou o pregão em queda de 3,48%, e PETR3 caiu 4,39%. O tombo foi ainda pior para PetroRio (PRIO3): -9,04%, liderando o ranking dos perdedores do dia (veja abaixo). 3R Petroleum (RRRP3), por sua vez, cedeu 6,97%.

    Não foi só isso. Segundo a GloboNews, o presidente Lula concordou, em reunião com que teve com Haddad e Alexandre Silveira (Minas e Energia) pela manhã, a mudar a política de distribuição de dividendos da Petrobras. A notícia, ainda não confirmada, também causou temor no mercado e ajudou a pressionar ainda mais os papéis da estatal para o fundo do poço.

    Mais ruídos

    Pior: esse nem foi o único fator na fala de Haddad que fez o clima na Faria Lima ficar nublado. O ministro voltou a levantar questionamentos sobre a política de preços da Petrobras, apesar de afirmar que nenhuma mudança nesse quesito está sendo discutida oficialmente.

    Hoje, mais cedo, a estatal anunciou uma redução no preço da gasolina em R$ 0,13 por litro. O ministro disse que a expectativa era de uma queda ainda maior no preço e questionou se essa redução realmente ocupou todo o espaço possível, pedindo mais transparência da Petrobras.

    Mais incisivos ainda foram os comentários de Haddad quanto ao Banco Central. Seguindo o discurso de Lula, citou que a Selic está alta demais e causando um “ efeito perverso na economia”. E o ministro pressionou, indiretamente, Roberto Campos Neto. Disse que, ao aumentar as receitas do governo, vai abrir espaço para cortes nos juros – desde que “ a autoridade monetária reaja da maneira prevista nas atas do Copom”.

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    O discurso pegou o mercado de surpresa logo nos minutos finais do pregão, azedando a bolsa, os juros futuros e o dólar futuro.

    A moeda americana, aliás, fechou o mês de fevereiro em forte alta de 3%. Já a bolsa, em forte baixa de 7,49%.

    E março já começa com o pé esquerdo. Afinal, duas novelas que causaram arrepios no mercado no mês (a dos combustíveis e a briga entre governo e BC) ganharam novos capítulos hoje na fala de Haddad, e mais uma dor de cabeça (o novo tributo sobre exportação de petróleo) apareceu. Mais ruídos entre o mercado e o novo governo foram encomendados. Fórmula para o caos? A ver.

    Até amanhã.

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    Maiores altas

    Embraer (EMBR3): 3,17%

    Suzano (SUZB3): 3,02%

    Dexco (DXCO3): 2,68%

    Klabin (KLBN11): 2,37%

    JBS (JBSS3): 2,35%

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    Maiores baixas

    PetroRio (PRIO3): -9,04%

    Pão de Açúcar (PCAR3): -7,17%

    CVC Brasil (CVCB3): -7,06%

    3R Petroleum (RRRP3): -6,98%

    Yduqs (YDUQ3): -5,75%

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    Ibovespa: – 0,74%, na mínima de 104.931 pontos. No mês, queda de 7,49%.

    Em Nova York 

    S&P 500: -0,32%, aos 3.969 pontos

    Nasdaq: -0,10%, aos 11.455 pontos

    Dow Jones: -0,71%, aos 32.654 pontos

    Dólar: 0,34%, a R$ 5,2250. No mês, alta de 2,92%.

    Petróleo

    Brent: 1,79%, a US$ 83,45 

    WTI: 1,81%, a US$ 77,05

    Minério de ferro: -0,78%, negociado a US$ 128,09 por tonelada em Dalian (China)

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