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Ibovespa derrete 2,33%, acompanhando Wall Street. Dólar vai a R$ 5,38 

Fantasma do Fed volta para nova rodada de assombração; Libra decai para perto da paridade com a moeda americana, que subiu mais 2,53% por aqui.

Por Bruno Vaiano
26 set 2022, 17h43
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 (Brenna Oriá/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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Podia estar ruim, mas está pior, e a tendência é se agravar. Clima de deprê generalizado na Faria Lima: os investidores assistiram a um dia de céu fechado e toró constante pela janela do arranha-céu enquanto acompanhavam uma queda de 2,33% no Ibovespa, com 89 das 92 ações do índice encerrando o pregão no vermelho.  

A tempestade, para variar, veio dos EUA. A novidade por lá é que não tem novidade: medo de recessão com o aperto na taxa de juros pelo Fed, reforçado pelas últimas declarações do dirigente Raphael Bostic de Atlanta, que deu seus já costumeiros recadinhos hawkish em entrevista durante live do jornal Washington Post: afirmou que o Banco Central do Tio Sam está chegando só agora numa política monetária suficientemente restritiva, e que ainda falta um bocado para pôr rédeas na inflação americana. 

Todos já sabem que há mais altas de juros no horizonte de Wall Street até o final do ano, mas cada lembrete é um gatilho: queda de 1,02% no S&P 500 e 0,60% no índice Nasdaq. Do outro lado do Atlântico, não há consolo para Bostic: 

Na Europa, os dedos do recém-coroado Rei Charles 3° vão virar salsichas de vez com o desempenho da libra hoje. A moeda britânica registrou sua maior mínima em relação ao dólar na madrugada desta segunda – ficou a três centavos da paridade, a US$ 1,03 –, após o chanceler britânico do Tesouro, Kwasi Kwarteng, anunciar na sexta (23) um pacotão fiscal que inclui redução da alíquota máxima do imposto de renda e outros alívios tributários duramente criticados pela oposição da primeira-ministra Liz Truss. A arrecadação deve cair em US$ 50 bilhões nos próximos cinco anos. 

O Bank of England (BoE) – o Banco Central deles, que subiu a taxa básica de juros do país de 1,75% para 2,25% na última quinta (22) para conter a pior inflação em 40 anos – descartou uma segunda alta emergencial para estancar o derretimento da moeda. Só vai mexer de novo na taxa em novembro.

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Óbvio que esse raspão de para-choque na cotação dólar-libra não foi um oferecimento da libra: ela desceu, mas o dólar colaborou subindo, como ele faz tradicionalmente em épocas de pessimismo global – reforçando seu caráter de reserva de emergência preferencial dos investidores escaldados. Alta de 2,53% por aqui a R$ 5,38.

O euro tampouco vai bem: mínima homérica de US$ 0,96 (a pior desde 2001, quando a moeda europeia ainda era um bebê) após uma sequência de más notícias. A Itália, você já sabe, elegeu a premiê ultraconservadora Giorgia Meloni – que até apoia as sanções a Putin, mas tende a adotar medidas nacionalistas, na contramão da colaboração necessária para a União Europeia encarar a crise energética. 

Do lado russo, a coisa não vai muito melhor: o país passa pela maior crise interna desde o início da invasão da Ucrânia. Enquanto o exército desmotivado de Putin perde território para ucranianos armados até os dentes com equipamento ocidental, parte da população tomou coragem para encarar a polícia brutal e as longas penas de prisão por protesto, revoltada com o envio involuntário de 300 mil reservistas ao front. As ameaças nucleares viraram rotina. 

E assim vamos caminhando para o que pode ser o pior desempenho anual do S&P 500 desde 2008 (veja o tweet aqui embaixo):

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O Brasil, ao menos, tem uma boa notícia em potencial no radar, com a expectativa bastante realista de que o IPCA-15 deste mês – cujo anúncio está programado para amanhã (27) – indique deflação de novo (o Itaú prevê queda de 0,19%). Ponto para o Banco Central, que subiu nossos juros bem antes dos gringos, e agora colhe o que plantou. Apesar disso, há alguma tensão com a divulgação da ata da reunião do Copom, no mesmo dia. É que a manutenção da Selic em 13,75% na última Super Quarta não foi uma decisão unânime. Paira o fantasma dos 14%. 

Apertem os cintos, e até amanhã.

As únicas altas

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Qualicorp (QUAL3): 0,56%
São Martinho (SMTO3): 0,41%
Klabin (KLBN11): 0,22%

Maiores baixas

3R Petroleum (RRRP3): – 7,15%
BTG Pactual (BPAC11): – 6,36%
Natura (NTCO3): – 5,92%
Magalu (MGLU3): – 5,91%
MRV (MRVE3): – 5,83%

 

Ibovespa:  – 2,33%, a 109.114 pontos


Em NY:

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S&P 500: – 1,02%, a 3.655 pontos

Nasdaq: – 0,60%, a 10.802 pontos

Dow Jones: – 1,10%, a 29.264 pontos

Dólar: 2,53%, a R$ 5,38

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Petróleo

Brent: – 2,55%, a US$ 82,86

WTI: – 2,58%, a US$ 76,71


Minério de ferro:
-1,46%, a US$ 99,20 a tonelada na bolsa de Dalian

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