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Ibovespa segue Nova York e cai 1,18%. De onde vem o medo dos investidores?

Um caldo de dados econômicos aparentemente conflitantes, variante delta do coronavírus e inflação virou uma assombração em Wall Street e na Faria Lima.

Por Tássia Kastner
16 jul 2021, 18h46
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 (Laís Zanocco/Você S/A)
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Medo não é exatamente algo racional. E o comportamento de investidores nesta sexta-feira está aí para provar. Bolsas mundo afora mergulharam no negativo sem que um fator concreto justificasse tamanho pessimismo. Ao menos não no dia de hoje.

A explicação foi mais ou menos essa: ainda que as vendas no varejo americano tenham subido em junho acima das previsões, neste mês os consumidores estão mais pessimistas. Faz sentido, mas não para tamanho pessimismo. Se fosse só isso, provavelmente essa frase não estaria aqui no segundo parágrafo do nosso Fechamento de Mercado.

O lance é que faz dias que investidores estão às voltas com esse tipo de dado não tão bombástico para entender se foram otimistas demais com a recuperação da economia global. 

Daí basta juntar nesse caldo a disseminação da variante delta do coronavírus – responsável por dobrar o número de infecções nos EUA – e o receio com a inflação americana. Só que essas são notícias velhas sendo reincorporadas ao cenário e fazendo inflar esse balão de medo. Em Nova York, os principais índices fecharam com baixa ao redor de 0,80%. Só que aí a coisa fica ainda pior para o Ibovespa.

Devolução de ganhos

A bolsa brasileira terminou o dia em baixa de 1,18%, de volta à faixa dos 125 mil pontos na qual havia encerrado a semana passada. E olha que o Ibov chegou a bater os 128 mil pontos hoje. Só que não durou. 

Das 84 ações do índice, 60 caíram. Essa proporção de empresas no negativo costuma dar o tom do pessimismo geral.

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O estrago foi especialmente grande nas empresas com maior peso no índice. A Vale, maior delas, recuou 1,80%. Petrobras cedeu 1,48%. Bancos também recuaram nessa faixa de 1% e 2%. Aí fica difícil segurar o índice.

Essas companhias dependem sobretudo de um cenário econômico robusto para crescer. Se a economia global anda devagar, consome-se menos petróleo e é preciso menos minério. Se as pessoas têm menos renda, bancos encontram menos clientes para oferecer crédito. Há algum dado concreto de que essas empresas enfrentarão obstáculos? Não. Mas o que pega é o medo mesmo. 

A ponta negativa do índice, porém, foi composta por Embraer, Azul e Gol. No fim, o medo da variante delta parece se espalhar por aqui também. Com mais gente infectada, há o risco de mais medidas de isolamento social, que atingem em cheio o setor de aviação. 

Ao menos umas semanas de paz

Na noite de quinta-feira, o Congresso aprovou R$ 5,7 bilhões para o fundo eleitoral em 2022, numa manobra que obviamente foi criticada pelo mercado financeiro. Segundo o Estadão, o valor corresponde a quase o triplo do que foi desembolsado nas últimas eleições presidenciais.

Aí nesta sexta, a base bolsonarista manobrou para manter viva a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do voto impresso, uma bandeira do presidente Jair Bolsonaro, que ataca (sem justificativa) as urnas eletrônicas.

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E isso, e não as reformas realmente ansiadas pelo mercado financeiro, marca o fim do primeiro semestre de Brasília (ainda que ele tenha acabado em junho, a gente sabe). Na próxima semana começa o recesso parlamentar, e a agenda de reformas entra em pausa.

Enquanto isso, Bolsonaro segue internado em São Paulo. Na prática, o mercado financeiro ganhou mini-férias da turbulência política. Ufa.

O poder do novo nome

A partir desta sexta, a B2W tem um novo nome. A companhia dona do Submarino e da Americanas.com passou a se chamar americanas sa. Claro que a mudança é bem mais sofisticada do que isso. Trata-se de uma reorganização societária complexa (que envolve a Lojas Americanas) anunciada em maio e que explicamos aqui.  

O lance é que hoje passou a valer o nome novo. Na segunda, muda também o código da ação na B3 (para AMER3) e a reorganização anunciada há dois meses vai efetivamente acontecer. 

Não teria um grande motivo para que a empresa subisse nesse dia de azedume, dado que investidores tiveram dois meses para fazer contas e decidir o preço justo para a companhia após a reorganização. 

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E depois que a B2W já liderava os ganhos do dia, a XP até reforçou suas recomendação de compra para B2W e Lojas Americanas. Disse que o preço-alvo da B2W é de R$ 82 (fechou em R$ 68, uma alta potencial de 20%). Na LAME, o preço-alvo é de R$ 12 (considerando que, após a fusão, a Lojas Americanas perderá ativos e o papel deve cair para R$ 10. Hoje o papel também ficou nas maiores altas (+1,51%).

O dia foi positivo também para a Magalu (+0,76%), que na quinta anunciou a compra da Kabum!. Já a Via (ex-Via Varejo) não teve a mesma sorte e ficou no bloco das quedas (-0,88%).

A ver se, depois do final de semana, investidores conseguem espantar o medo e curtir uns dias mais relax.

MAIORES ALTAS

B2W (Americanas) +4,15%

Sabesp +2,12%

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Marfrig +1,56%

Lojas Americanas +1,51%

Raia Drogasil +1,46%

MAIORES QUEDAS

Embraer -4%

CSN -3,46%

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Azul -3,23%

Braskem -2,67%

GOL -2,49%

Ibovespa: -1,18%, a 125.960,26 pontos

Dólar: +0,01%, a R$ 5,1154

Nova York

Dow Jones: -0,86%, a 34.687,85 pontos

S&P 500: -0,75%, a 4.327,16 pontos

Nasdaq: -0,80%, a 14.427,24 pontos

Petróleo

WTI: -0,25%, a US$ 74,47

Brent: -0,34%, a US$ 73,22

Minério de Ferro

-0,30%, a US$ 221,43 a tonelada no Porto de Qingdao

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