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Ibovespa sobe 1,84% – mas é assombrado pela Ômicron

Inflação americana fechou ano em 7%, como esperavam investidores. Dado fez a festa do mercado, que ignorou nova alta das commodities.

Por Tássia Kastner
12 jan 2022, 19h11
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  • No mercado financeiro, como na vida, tudo é questão de perspectiva. A inflação americana fechou 2021 com alta de 7%, a maior em quatro décadas. Em condições normais de temperatura e pressão, a notícia teria tudo para jogar bolsas de valores para o negativo e impulsionar o dólar. Aconteceu o contrário. O Ibovespa subiu 1,84%, em uma alta mais robusta que a das bolsas americanas, e recuperou o patamar de 105 mil pontos. O dólar caiu 0,81% ante o real – lá fora, foi o pior desempenho da moeda americana desde maio do ano passado.

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    A alta de preços tem sido o dado acompanhado mais de perto por investidores, já que ele vai determinar a velocidade com o que o Fed (o BC americano) irá drenar dinheiro da economia. E o lance é que a alta no mês de dezembro foi em linha com o esperado. É o que bastava para o mercado financeiro considerar positivo um dado tecnicamente ruim. Daí a alta no dia de hoje.

    O cenário negativo seria uma inflação ainda mais alta, que forçaria uma alta de juros mais acelerada e ainda levaria à retirada precoce de outros estímulos à economia dos EUA. Nós explicamos aqui. Na terça-feira, o presidente do Fed, Jerome Powell, já havia acalmado os mercados ao dizer que não havia consenso entre os dirigentes do BC americano em ser mais agressivo do que o já sinalizado.

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    O cenário perfeito para o dia positivo. Só que a comemoração de hoje tende a ter vida curta. É que, sem a ação do Fed, os combustíveis da inflação continuarão a queimar – literalmente.

    Commodities

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    O petróleo continuou a sua escalada nesta quarta-feira, impulsionado por uma queda nos estoques maior que a esperada nos Estados Unidos. Mesmo com Ômicron, o vaivém continua. 

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    A alta da matéria-prima é uma excelente notícia para a Petrobras, que subiu 3,05% hoje, mas péssima para o bolso dos americanos e para o seu também, já que fica mais caro abastecer o carro e pagar pelo frete de tudo que consumimos. Nesta semana, a estatal promoveu a primeira alta nos combustíveis em mais de 70 dias.

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    E as outras commodities também subiram. O minério, por exemplo, ganhou mais 3,5% na China, isso apesar de o país ter começado a anunciar medidas restritivas para combater a Ômicron. Nisso, a Vale avançou 1,09%.

    Isso tudo é sinônimo de demanda aquecida mundo afora, e o único jeito de contê-la é enxugando dinheiro da economia. Traduzindo, a alta de juros vai ajudar, mas até que ela comece a fazer efeito, o bolso continuará a arder.

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    Varejo

    E isso não é bom para o consumo. É que inflação alta faz com que o dinheiro na sua conta bancária valha menos. Por sinal, subir juros também é um remédio amargo, já que deixa as compras a prazo mais caras.

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    Foi o que azedou as ações de empresas ligadas ao varejo no ano passado. A Magalu fechou o ano com a maior perda, um tombo de mais de 70%.

    Hoje veio um alívio. Quando o dólar caiu lá fora, os juros futuros começaram a ceder por aqui – esse mercado de juros futuros determina o custo do crédito no longo prazo. Se ele cai, há alguma esperança de que as pessoas conseguirão comprar geladeiras, fogões e outros bens duráveis. 

    Do lado de baixo do Ibovespa ficaram os bancos, que ganham mais dinheiro com crédito quando o cenário é de juros altos.

    Para o dia positivo de hoje se repetir, será preciso combinar com a Ômicron. O país pode até não adotar medidas de restrições para conter a circulação do vírus: a doença está se encarregando de criar o próprio lockdown. Com quase 90 mil infectados só nas últimas 24 horas, faltam profissionais para trabalhar em todos os setores da economia. Mais do que isso: gente doente não sai (ou não deveria sair) para gastar. A economia brasileira, que já vinha se arrastando, tende a esfriar mais.

    E a coisa tende a piorar. No Rio, metade dos testes de Covid estão dando resultado positivo – e falta material para todos os que suspeitam da doença se testarem. Há quem esteja projetando colapso do sistema de saúde para a próxima semana. Resta saber como o mercado irá reagir a essa nova onda da pandemia. Até amanhã.

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    Maiores altas

    Iguatemi (IGTI11): 8,31%

    Magazine Luiza (MGLU3): 7,50%

    Multiplan (MULT3): 6,54%

    Lojas Renner (LREN3): 5,98%

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    BR Malls (BRML3): 5,93%

    Maiores baixas

    Locaweb (LWSA3): -3,44%

    Banco Inter (BIDI11): -3,01%

    Santander (SANB11): -2,61%

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    Cielo (CIEL3): -2,40%

    Embraer (EMBR3): -1,58%

    Ibovespa: 1,84%, a 105.686 pontos

    Nova York

    Dow Jones: 0,11%, a 36.292 pontos

    S&P 500: 0,28%, a 4.726 pontos

    Nasdaq: 0,23%, a 15.188 pontos

    Dólar: -0,81%, a R$ 5,5348

    Petróleo

    ​Brent: 1,13%, a US$ 84,67

    WTI: 1,75%, a US$ 82,64

    Minério de ferro: 3,49%, a US$ 133,68 a tonelada no porto de Qingdao

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