Numa das bolhas de mais rápida explosão da história recente, os NFTs desapareceram do radar dos investidores. Se você já esqueceu o que é NFT, é a sigla de token não-fungível. Na prática, objeto digital (uma imagem, um vídeo, um texto) com certificado de propriedade. No auge do sucesso, Neymar, Madonna e cia pagaram meio milhão de dólares para ter o direito sobre um bored ape, os jpegs de macacos entediados que viraram símbolo maior do hype. Só as vendas de bored apes ultrapassaram a marca de US$ 1 bilhão.
Nesse oba-oba, os NFTs movimentaram US$ 17,2 bilhões em janeiro. Foi o pico. Desde lá, o mercado começou a derreter e, em setembro, foram registrados US$ 466,9 milhões em negócios com os tokens. Dá um tombo de 97%.
E as pessoas deixaram de se interessar pelo assunto. As buscas no Google relacionadas a NFT atingiram o pico no final de janeiro. E tombaram 90% desde lá.
Era questão de tempo. Os NFTs surgiram quando o Fed (o BC americano) estava despejando dinheiro de caminhão na economia. Era tanto dólar circulando por aí que não tinha problema queimar algumas verdinhas com isso.
Você provavelmente lembra: influencers de finanças promovendo NFTs como um investimento matador.
Só que a festa do dinheiro de graça acabou quando o Fed começou a subir os juros para conter a inflação. Os primeiros a sofrer foram os criptoativos. E os NFTs se mostraram matadores mesmo: assassinaram os investimentos dos incautos, que esperavam comprar um jpeg por US$ 100 mil e um dia encontrar alguém disposto a pagar US$ 500 mil pela coisa.
Não foram só os NFTs que sofreram, claro. As moedas também. 12.100 criptos deixaram de ser negociadas neste ano. Transformaram-se em zumbis. Virtualmente, elas continuam existindo. Mas não valem nada, já que ninguém quer comprá-las. Aliás, não custa lembrar o que um dos maiores investidores do mundo, Warren Buffett, acha das criptos. Que o valor justo delas é zero.