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Netflix despeja pessimismo no mercado, mas S&P 500 ignora

Ações da empresa afundam 27,5% no pré-mercado. Números do streaming indicam que outras empresas tech podem entregar resultados frustrantes.

Por Tássia Kastner
20 abr 2022, 08h09
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    Bom dia!

    Uma noite de sono não foi capaz de acalmar investidores. Ontem, após o fechamento do mercado, a Netflix anunciou que perdeu assinantes pela primeira vez desde 2011. E ainda disse que espera ainda mais cancelamentos no segundo trimestre.

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    A grana está curta no mundo todo e a concorrência dos streamings cresceu. A companhia fez a tradicional teleconferência de resultados ainda ontem, para explicar melhor os números ruins do primeiro trimestre e seus planos futuros. Entre eles, oferecer uma assinatura mais barata a quem se dispuser a ver anúncios.

    O plano não convenceu investidores. No pré-mercado, as ações caem 27,5%, um tombo ainda maior que o registrado no after market ontem. Parece que investidores passaram a noite em claro.

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    Seria uma questão pontual, apenas da Netflix, não fossem alguns detalhes. O primeiro é a dificuldade que a empresa mostrou de continuar crescendo, um problema comum a todas as big techs. O Facebook só virou Meta porque está à caça de uma nova frente de expansão enquanto suas duas principais redes, o próprio Facebook e o Instagram, perdem popularidade para TikTok e afins. Nem mesmo o plano de monetizar o WhatsApp está deslanchando como o esperado.

    Um segundo problema, que também afeta outras empresas, é ver os primeiros estragos causados pela inflação no bolso dos consumidores. Antes, quem perdia renda cancelava a TV a cabo; agora são os infinitos serviços de streaming – tantos que dá para perder a conta do número de assinaturas. 

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    Isso que a própria Netflix havia reajustado preços em alguns países, justamente para tentar cobrir o aumento de despesas que ela mesma sofre. O alvo, agora, é tentar barrar o compartilhamento de senhas – alguns testes estão em curso.

    A Netflix acenderia o farol para guiar investidores na temporada de balanços, ao menos sob a ótica das empresas que entram na caixa tech. Os bancos, que tradicionalmente abrem o ciclo de resultados, tampouco se saíram bem. E hoje saem os resultados da Tesla, que se beneficia de uma demanda crescente pelos seus carros elétricos – e da estreia da fábrica na Alemanha, no final do mês de março –, mas também poderá mostrar reflexos negativos da alta inevitável dos preços dos carros.

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    Mas, conforme o sol ia raiando lá por Nova York, o medo arrefecia. Os futuros do S&P 500 e do Dow Jones viraram para o positivo, deixando o efeito-Netflix apenas para o índice Nasdaq. Há ainda a expectativa pela divulgação do Livro Bege do Fed, o documento que mostra as condições econômicas dos EUA e embasa as decisões de juros do BC. Tradicionalmente, ele traz volatilidade ao mercado. Hoje não deve ser diferente, já que agora existem dirigentes do Fed pregando que a Selic deles suba 0,75 ponto percentual na reunião de maio, e não o 0,50 p.p. que vem sendo sinalizado ao mercado.

    O Ibovespa também tem um dia incerto pela frente. A Vale divulgou os dados de produção do primeiro trimestre, indicando uma queda na produção de minério. Ontem, as ações da companhia haviam recuado mais de 3%, um reflexo da desaceleração da economia chinesa. Além dos lockdowns, o país promete mais uma vez reduzir a demanda por aço.

    Bons negócios.

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    humorômetro: o dia começou sem tendência definida
    (Arte/VOCÊ S/A)

    Futuros S&P 500: 0,04%

    Futuros Nasdaq: -0,16%

    Futuros Dow: 0,15%

    *às 8h03

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    Europa

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    Índice europeu (EuroStoxx 50): 1,84%

    Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,39%

    Bolsa de Frankfurt (Dax): 1,21%

    Bolsa de Paris (CAC): 1,35%

    *às 8h03


    Fechamento na Ásia

    Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -1,55%

    Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,86%

    Hong Kong (Hang Seng): -0,40%

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    Commodities

    Brent*: 0,81%, a US$ 108,12

    *às 8h03


    Agenda

    14h30: TCU julga privatização da Eletrobras

    15h: Fed divulga o Livro Bege, documento que mostra o panorama da economia americana e baseia as decisões de altas de juros

     

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    market facts

    Ganha-ganha

    O Mercado Livre (MELI34) fechou um acordo para arrendar seis aviões da Gol (GOLL4) por um prazo de dez anos. O objetivo do e-commerce reduzir os prazos de entrega das compras online em regiões como norte e nordeste, que chegavam a esperar nove dias pela encomenda. O tempo elevado faz consumidores preferirem a loja física – ou um concorrente mais eficiente. Do lado da Gol, o acordo evita que a companhia precise devolver aeronaves arrendadas – e que ainda estavam fora de uso. Os aviões usados no acordo são atualmente de passageiros, mas serão convertidos para transporte de cargas. Após o anúncio, as ações da Gol subiram 3,27%, enquanto os BDRs do Mercado Livre avançaram 5,62%.

    Vale a pena ler:

    Not yet

    O estouro da bolha tech na virada dos anos 2000 gerou um trauma. E desde que o dinheiro voltou a jorrar para startups, o mercado financeiro voltou a prever uma nova bolha. O problema é que isso faz mais de uma década, sem que o estouro tenha acontecido. O New York Times relembra neste infográfico as previsões apocalípticas desde 2010, acompanhando o dinheiro investido mês a mês.

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