Pausa no rali de Natal: Ibov cai 0,79% após recordes. Wall Street também tropeça.
Índice teve dia de realização de lucros, depois das altas recentes. MRFG3 e JBSS3 sobem juntas, mas Minerva (BEEF3) fica de fora da festa.
Quase foi a quarta vez em que o Ibovespa bateu seu próprio recorde neste mês, mas não rolou. Depois de atingir a máxima histórica ontem, o índice até ensaiou uma abertura no azul nesta quarta-feira, só que o humor mudou de tarde e, seguindo o mesmo movimento de Wall Street, a bolsa brasileira fechou em queda de 0,79%, a 130.804 pontos.
Não que tenha rolado algo realmente novo no meio do pregão para justificar a guinada. Em dia de agenda esvaziada, investidores aproveitaram para embolsar os lucros após as altas recentes do chamado “rali de fim de ano” – tanto aqui como nos EUA. Normalmente as bolsas costumam subir em dezembro, e, em 2023, esse fenômeno tem sido potencializado pelo Fed.
É que o banco central americano está dando sinalizações cada vez mais “dovish”, isto é, suaves em relação a sua política monetária. Investidores já estão confiantes que a taxa de juros nos EUA, atualmente num patamar alto de 5,25%, deve começar a cair já em março de 2024. O Fed prevê três reduções de 0,25 p.p. ao longo do ano, e parte do mercado já aposta em mais. De qualquer forma, o clima é positivo: juros em queda significam um maior apetite por risco e mais grana em renda variável.
Melhor ainda: o começo da queda dos juros já está no horizonte e a economia americana ainda segue resiliente, sem recessão à vista. Ou seja, é o melhor cenário possível, apelidado de “pouso suave”. Por isso as bolsas americanas vêm em trajetória de alta em dezembro: o S&P 500 sobe 3% no mês, e ajuda a melhorar o humor por aqui também.
No noticiário doméstico, um outro gás recente veio da agência de risco S&P, que elevou a nota de crédito do Brasil ontem, de BB- para BB. A mudança, segundo a agência, reflete a aprovação da reforma tributária (que, inclusive, foi oficialmente promulgada hoje), a melhora na inflação e o forte posicionamento do Brasil no mercado de commodities, ainda que a questão fiscal apareça como um risco na gestão petista.
Hoje, o S&P voltou a fazer atualizações de notas, desta vez para empresas brasileiras. 24 companhias – entre elas a Petrobras (PETR4), Ambev (ABEV3) e BRF (BRFS3) – tiveram suas avaliações também elevadas.
Num segundo round, a agência também aumentou a nota de 16 bancos e instituições financeiras, refletindo a mudança do rating do Brasil como um todo. Entram nesse grupo Banco do Brasil (BBAS3), Bradesco (BBDC4), Santander Brasil (SANB11) e a Caixa Econômica Federal, todos agora com nota BB (de BB- antes).
De qualquer forma, tanto a promulgação da reforma tributária quanto as novas atualizações da S&P ficaram de nota de rodapé hoje e tiveram pouco impacto no pregão, que foi protagonizado pelo clima de correção.
Do lado das pressões negativas ficou a divulgação do Índice de Atividade Econômica, o IBC-Br. Medido pelo Banco Central mensalmente, esse dado é considerado como uma “prévia do PIB”, que é divulgado pelo IBGE apenas trimestralmente. E ele fechou em queda de 0,06% em outubro.
Vale lembrar que as metodologias são diferentes, e que o PIB tem bem mais peso. De qualquer forma, a indicação de uma desaceleração da economia brasileira pela métrica do BC acende um alerta amarelo para o PIB do quarto trimestre, após subir só 0,1% no terceiro trimestre. No ano, as previsões é que a economia brasileira suba 3%, porém, devido à forte performance do agro no primeiro semestre e a um consumo das famílias acima do esperado ao longo do ano.
Nos EUA, a queda desta quarta-feira foi ainda mais forte. S&P 500 e Nasdaq fecharam em tombo de 1,5%, também em movimento de realização. Foi a maior queda para o Nasdaq, que concentra as ações do setor de tecnologia, em oito semanas.
Destaques do dia
Entre as maiores altas, destaca-se o setor de frigoríficos: JBS (JBSS3) subiu 3,39% e Marfrig (MRFG3) saltou 4,13%. Isso aconteceu após o Santander atualizar sua recomendação para os papéis do setor, de neutra para compra, e aumentando o preço alvo de ambas. Para a primeira, citou os fortes resultados do negócio na Austrália como um ponto positivo; para a segunda, a recuperação das margens nos EUA, após um período complicado no ciclo de preços do boi.
Já a Minerva (BEEF3) ficou de fora: o banco cortou a recomendação, de compra para neutra, citando a alavancagem da empresa como preocupação e a queda da demanda na China. Os papéis caíram 1,89% hoje. Para a BRF (BRFS3), a recomendação seguiu como neutra – e as ações caíram 0,77%.
A Petrobras (PETR4), por sua vez, teve leve alta de 0,4% hoje, refletindo também a movimentação do petróleo. A commodity ainda reage aos ataques no Mar Vermelho (que explicamos em detalhes aqui) e vem em trajetória de alta após acumular perdas semanais. O Brent chegou a tocar os US$ 80 hoje, um patamar importante, já que é o alvo da Opep+, o cartel de importantes produtores de petróleo que visa manter a cotação no maior nível possível.
Até amanhã.
MAIORES ALTAS
Casas Bahia (BHIA3): 8,86%
Petz (PETZ3): 4,52%
Carrefour (CRFB3): 4,17%
Marfrig (MRFG3): 4,13%
JBS (JBSS3): 3,39%
MAIORES BAIXAS
Totvs (TOTS3): -4,03%
Magazine Luiza (MGLU3): -2,78%
Vamos (VAMO3): -2,76%
Hypera (HYPE3): -2,72%
Hapvida (HAPV3): -2,69%
Ibovespa: -0,79%, a 130.804 pontos
Em Nova York
S&P 500: -1,47%, aos 4.698 pontos
Nasdaq: -1,50%, aos 14.777 pontos
Dow Jones: -1,26%, aos 37.082 pontos
Dólar: 0,99%, a R$ 4,9120
Petróleo
Brent: 0,59%, a US$ 79,70
WTI: 0,38%, a US$ 74,22
Minério de ferro: 1,46%, cotado a US$ 132,43 por tonelada na bolsa de Dalian (China).