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Pessimismo com a economia chinesa freia Ibovespa: -0,24%

Quedas nas importações e exportações do país asiático azedam o humor na bolsa e ofuscam ata do Copom.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 11 ago 2023, 12h10 - Publicado em 8 ago 2023, 18h13
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  • Seria uma surpresa se o Ibovespa NÃO fechasse no vermelho hoje, como notamos pela manhã na nossa Abertura de Mercado. Dito e feito: o principal índice da bolsa encerrou o pregão com queda de 0,24%, a 119.090, ainda que tenha lutado bastante para evitar o tombo.

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    Não se trata de bola de cristal, claro. O dia começou com uma grande injeção de pessimismo vinda do outro lado do mundo: a balança comercial da China. As importações do país caíram 12,4% no mês de julho em relação ao ano anterior, indicando uma demanda interna fraca. O esperado pelo mercado era uma queda mais amena, de 5,1%.

    Já as exportações despencaram 14,5% no mesmo período, a pior queda desde fevereiro de 2020, quando o vírus causou um apocalipse na economia chinesa. Também foi mais do que o esperado por analistas (-12,5%).

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    Os dados renovaram um fantasma que assombra o mercado há um bom tempo. Desde que a China abandonou a política de Covid-zero, no final do ano passado, muitos esperavam uma rápida recuperação da segunda maior economia do mundo, impulsionada principalmente pelo consumo doméstico. Acontece que essa explosão nunca ocorreu. A economia se recupera, mas a passos lentos. O mercado imobiliário, que corresponde a quase ⅕ do PIB chinês, ainda demonstra sinais de fraqueza e enfrenta sequelas da crise que viveu nos últimos anos.

    Mais: enquanto boa parte do mundo ocidental ainda enfrenta a inflação alta, o problema na China é o contrário. O país está à beira de uma deflação, ou seja, queda generalizada e sustentada nos preços. É um mau sinal. Indica demanda fraca e economia estagnada (por isso mesmo que existem metas de inflação).

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    Do outro lado, porém, o Partido Comunista Chinês não vê a situação de braços cruzados, é claro. O governo, principal condutor da economia do país, vem anunciando que vai colocar em prática estímulos para evitar o pior. O problema é que faltam detalhes sobre quais estímulos, e, principalmente, qual o escopo deles. É evidente que os governantes não querem estimular demais a economia, a ponto de gerar bolhas e setores inchados artificialmente – como foi no caso do mercado imobiliário. 

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    Ao mesmo tempo, há quem diga que os estímulos já anunciados – cortes nos juros, por exemplo – não dão conta de acalmar o mercado. A economia da China segue, então, segue sendo um dos fantasmas que assombram investidores mundo afora.

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    O crescimento chinês é um dos motores da economia mundial, você sabe. Tanto que o pessimismo chinês também derrubou as bolsas americanas hoje. No caso das economias emergentes, o impacto é ainda maior, porque o dragão chinês é consumidor voraz de uma miríade de commodities.

    No Brasil

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    Daí, não tem Ibovespa que aguente. O índice caiu 0,24%, justamente de olho no país asiático. O índice até tentou se manter no azul em alguns momentos do pregão, se apoiando nos papéis mais ligados à economia doméstica. Mas não deu.

    Por aqui, o destaque ficou para a aguardada ata do Copom, que detalhou a visão do Banco Central após a primeira redução nos juros depois de três anos. O documento não trouxe grandes novidades. Detalhou os dois lados do debate na última reunião – um mais hawkish, que queria reduzir a Selic em só 0,25 p.p., e outro mais dovish, que formou maioria para reduzir em 0,5 p.p.

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    O mais importante, porém: a ata confirmou que o Copom, unanimemente, já decidiu o ritmo de redução para as próximas reuniões no ano. Se nenhuma surpresa muito chocante aparecer pelo caminho, a Selic deverá cair novamente em 0,5 p.p. nas próximas reuniões, o que significa que a Selic deverá encerrar 2023 em 11,75%. O mercado gosta de previsibilidade, então recebeu bem a novidade.

    EUA: crise bancária, de novo?

    Em Wall Street, mais um fantasma voltou à tona. Lembra da crise bancária, que assustou o país em março após a quebra de bancos médios e regionais? Bom, desde então ela ficou esquecida, porque parecia que o problema estava resolvido.

    Mas aí a Moody’s, uma das três mais importantes agências de classificação de risco, resolveu reacender os temores. Ela rebaixou a nota de crédito de dez bancos médios americanos, citando preocupações com a saúde financeira deles. Também anunciou a revisão de outras seis instituições grandes no país, entre elas o US Bancorp (8º maior banco do país) e o Bank of New York Mellon (12º maior).

    A agência justificou a mudança dizendo que setor bancário americano segue vulnerável, citando entre os riscos lucros menores, custos de financiamento maiores e fuga de depósitos.

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    Todos os bancos, porém, seguem com grau de investimento.

    A notícia, ainda que não seja apocalíptica, ajudou a azedar o humor em Wall Street, que teve um dia pior que a Faria Lima (veja abaixo).

    Até amanhã!

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    MAIORES ALTAS

    Hapvida (HAPV3): 6,08%

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    Yduqs (YDUQ3): 3,99%

    Alpargatas (ALPA4): 3,28%

    Cogna (COGN3): 3,01%

    Locaweb (LWSA3): 2,68%

    MAIORES BAIXAS

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    Petz (PETZ3): -6,10%

    Dexco (DXCO3): -5,36%

    Méliuz (CASH3): -3,39%

    Gerdau Metalúrgica (GOAU4): -3,32%

    Gerdau (GGBR3): -2,99%

    Ibovespa: -0,24%, aos 119.090

    Em Nova York

    S&P 500: -0,42%, aos 4.499 pontos

    Nasdaq: -0,79%, aos 13.884 pontos

    Dow Jones: -0,45%, aos 35.314 pontos

    Dólar: 0,06%, a R$ 4,8976

    Petróleo

    Brent: 0,97%, a US$ 86,17

    WTI: 1,19%, a US$ 82,92 

    Minério de ferro: -0,28% a US$ 99,30 por tonelada na bolsa de Dalian (China)

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