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Petrobras (PETR4) sobe gasolina em 7,4% em primeiro reajuste de Lula III

Ações da estatal recuaram, em dia de baixa do petróleo. Ibovespa sobe 1,16% puxado por +9,41% da MGLU3

Por Tássia Kastner
24 jan 2023, 18h28

Enquanto o presidente Lula faz sua primeira viagem internacional deste mandato, a Petrobras anunciou um reajuste de 7,4% nos preços da gasolina. O aumento é de R$ 0,23 por litro nas refinarias.

Essa primeira mexida de preços na estatal é inusitada. O governo já indicou que Jean Paul Prates deve ser o presidente da Petrobras sob a gestão Lula, mas a troca de bastão ainda está tramitando nas engrenagens da companhia. A companhia afirma que a reunião do conselho de administração, que votará o nome do futuro CEO, foi marcada para quinta-feira. 

Prates está do lado do presidente, de que a estatal não deverá seguir a paridade internacional de preços dos combustíveis, medida adotada sob o governo de Michel Temer.

A bem da verdade, faz tempo que a paridade não é seguida à risca. Durante todo o governo Bolsonaro, a Petrobras foi flexibilizando o ajuste de preços até voltar a ter defasagens em relação ao mercado internacional. O movimento ficou ainda mais evidente durante o período eleitoral, quando a defasagem de preços chegou a ser de 20%.

Hoje de manhã, antes da abertura do mercado, a gasolina estava 14% mais barata aqui do que no mercado internacional, segundo cálculo da Abicom (a associação de importadores de combustíveis, e parte interessada em que a Petrobras siga o preço internacional). No diesel, que não sofreu reajuste, a diferença era de 9%.

Foi um timing um tanto inusitado. Nesta terça, o petróleo caiu mais de 2% no mercado internacional. O feriado de Ano-Novo Lunar na China diminuiu a divulgação sobre o estado da economia asiática, enquanto nos Estados Unidos investidores voltam a antecipar uma desaceleração econômica. Agora foi a vez da 3M anunciar demissões em massa, reflexo de uma menor demanda.

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A temporada de balanços tech, mais um termômetro da economia dos EUA, começa hoje com os números da Microsoft, ainda que o grosso dos dados (com Amazon, Apple, Google e Meta) venha só depois da virada do mês.

Por sinal, essa possível desaceleração da economia americana também fez o dólar perder força ante o real. A baixa foi de 1,10%, com fechamento a R$ 5,1427, em mais um indício de que a defasagem dos combustíveis já não seja mais a mesma. Quando o real se valoriza, fica mais barato importar.

Por aqui, a queda do petróleo fez PETR4 recuar 0,86% e puxou também as concorrentes privadas. 3R e Prio recuaram (-3,12% e -1,66%), enquanto a PetroRecôncavo avançou 0,90%.

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Nada capaz de abalar o dia de glória do Ibovespa. Com a Lula e Haddad na Argentina, investidores viram na calmaria de Brasília uma trégua. A bolsa brasileira subiu 1,16%, flertando com os 113 mil pontos. Vale dizer, porém, que foi um dia relativamente fraco de negócios: o giro financeiro ficou em R$ 20 – no ano passado, a média foi de R$ 30 bilhões.

Esse clima tranquilo também fez ceder os juros futuros, dando mais um impulso a uma empresa improvável. A Magazine Luiza fechou o dia em alta de 9,41%, e acumula ganho de 60% desde o estouro da crise da concorrente Americanas. A percepção de investidores é que a Magalu poderia se beneficiar da crise da concorrente.

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O que levou a Americanas à uma recuperação judicial foi fraude contábil. Ainda que o problema seja localizado, o mais comum é que investidores se afastem também das concorrentes. E nesse caso, faria todo o sentido já que o instrumento usado para “esconder” R$ 20 bilhões em dívidas também aparece no balanço de outras varejistas – a CVM pediu explicações a nove empresas do segmento.

Na editoria Americanas, por sinal, segue o fogo no parquinho entre empresa e bancos. O Santander foi à Justiça tentar suspender a recuperação judicial, seguindo os passos (fracassados) do Safra. A AMER3 fechou estável a R$ 0,80.

Amanhã é feriado em São Paulo, mas a B3 não tem folga. Até lá.

Maiores altas

Magazine Luiza (MGLU3) 9,41%

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CVC (CVCB3) 8,41%

Natura (NTCO3) 6,79%

Petz (PETZ3) 6,47%

Hapvida (HAPV3) 6,15%

Maiores baixas

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3R (RRRP3) -3,12%

Telefônica (VIVT3) -2,63%

CSN (CSNA3) -1,89%

Tim (TIMS3) -1,72%

Prio (PRIO3) -1,66%

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Ibovespa: 1,16%, a 113.028 pontos

Nova York

Dow Jones: 0,31%, a 33.734 pontos

S&P 500: -0,07%, a 4.017 pontos

Nasdaq: -0,27%, a 11.334 pontos

Dólar: -1,10%, a R$ 5,1427

Petróleo

Brent: -2,33%, a US$ 86,13

WTI: -1,82%, a US$ 80,13

Minério de ferro: -0,95%, a US$ 125,50 por tonelada na bolsa de Singapura

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