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Petróleo, minério e a exposição dos bancos à AMER3 (-38%) derrubam Ibovespa

Depois das palavras nada gentis do BTG Pactual a Lemann e seus colegas do 3G Capital – donos de 40% das Americanas –, a Ambev (ABEV3, -4,9%) figurou entre as que puxaram o índice para baixo: -1,54%. 

Por Bruno Vaiano
Atualizado em 16 jan 2023, 18h54 - Publicado em 16 jan 2023, 18h41
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 (Caroline Aranha/Fotos: Getty Images e Divulgação/VOCÊ S/A)
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Hoje não houve preocupações com as bolsas americanas, mas não faltaram aflições com a Americanas na bolsa, como já é praxe desde que o escândalo estourou, na quinta passada.

Wall Street abaixou as portas para o feriado em homenagem a Martin Luther King. Em dias de descanso nos Estados Unidos, o volume de negócios na B3 costuma cair, e hoje não foi diferente: a bolsa brasileira movimentou R$ 18,5 bilhões, contra a média diária de mais ou menos R$ 30 bi. 

A liquidez menor acentua altas, quedas e flutuações, já que há menos players na jogada para eventualmente equilibrar os preços. E o Ibovespa, de fato, caiu com vontade: – 1,54%.

A parte pirotécnica do pregão, como se esperava, ficou por conta do trio de ferro do varejo. Todas elas entraram em leilão em algum ponto do dia – a Americanas por causa do novo desabamento, agora de 38,41%, Via e Magalu pela razão contrária: a altíssima procura, que lhes permitiu fechar o dia em alta de 10,55% e 12,24%, respectivamente. Mas nada disso apitou de fato no resultado final do Ibovespa:  esse grupo, somado, corresponde a apenas 0,79% do índice. 

O problema, mesmo, é que outras empresas com participação muito maior na carteira do Ibovespa não tiveram motivo para se alegrar. Algumas, por efeito colateral do caso Americanas, outras não. Vamos começar pelo que tem dedo da dita-cuja.

 

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O que é culpa de AMER3

A Ambev (ABEV3) – que raramente sofre flutuações bruscas –, caiu de maneira acentuada hoje (-4,90%), por causa do seu trio de acionistas Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. Os três sócios do 3G Capital são donos de 30% das ações AMER3 e receberam palavras de amor inspiradas do BTG Pactual neste final de semana. Você já deve saber da fofoca: um juiz carioca protegeu a Americanas de seus credores por um mês, para que eles tenham tempo de arrumar a casa e decidir se vão entrar em recuperação judicial. Se a RJ vingar, claro, a proteção se estende. Ao todo, a empresa deve R$ 18,8 bilhões a bancos. 

O BTG, que guardava R$ 1,2 bilhão da varejista – e bloqueou o valor quando a bomba explodiu, por precaução –, foi obrigado a liberar a grana, a contragosto. 

Eles contestaram a decisão ainda no final de semana com um texto espinhoso: “Os três homens mais ricos do Brasil (…) são pegos com a mão no caixa daquela que, desde 1982, é uma das principais companhias do trio. [A decisão] absolve liminarmente os acionistas controladores – (…) com patrimônio conjunto avaliado em mais de R$ 180 bilhões –, livrando-os de pagar a conta de sua própria pirotecnia e colocando todo o fardo da sua lambança contábil nos ombros dos credores.”

Se a Ambev caiu, os bancões também, com os acionistas temerários da grana devida pela varejista. Bradesco (BBDC4), por exemplo, fechou em queda de -3,07%, o Itaú (ITUB4) terminou o pregão em -1,08%. O BTG (BPAC11), -3,29%. 

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De acordo com o Credit Suisse, a dívida corporativa da Americanas é a 26ª maior do país e corresponde a 15% de tudo que o varejo nacional deve. 

As instituições financeiras esperam uma injeção de no mínimo R$ 10 bilhões – idealmente, R$ 15 bi – por parte de Lemann e seus colegas, e pegou mal a tentativa de sanar a dívida na forma de ações da própria Americanas. A oferta era a de que os bancos colaborassem com R$ 6 bilhões para salvar a varejista e, em retribuição, passassem a ter o equivalente a isso em papéis AMER3. 

Dá para entender a raiva do BTG. O valor somado de todas as ações da companhia, depois dos tombos de 77% na quinta e de 38% hoje, é de meros R$ 1,75 bilhão.

 

O que não é culpa de AMER3 

A Vale, as siderúrgicas e as petroleiras fecharam o dia em baixa, sem exceções. Elas acompanharam as cotações de suas commodities. O barril caiu 0,96% hoje após uma alta de 8% na semana passada. O minério, que também protagonizou um rali exemplar nos últimos dias, desabou 4,31% na bolsa chinesa de Dalian.

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No caso do minério, o desempenho desta segunda parece ter sido um soluço pontual em meio a uma alta de longo prazo. O mundo inteiro está ouriçado com a reabertura da China após três anos de isolamento linha-dura contra a covid. Desde novembro, – quando Xi Jinping anunciou a reabertura do tigrão asiático e um pacote de medidas para salvar incorporadoras endividadas –, a commodity subiu 53%. A construção civil do país, afinal, é a maior cliente do ferro extraído nos solos do Brasil e da Austrália. 

No caso do petróleo, a tendência não anda tão boa: o Brent atingiu um pico nos primeiros meses da guerra na Ucrânia. Mas, desde que os medos em torno do fornecimento da commodity se dissiparam, os preços vêm caindo. Volta e meia, há uma alta motivada pela esperança com a reabertura chinesa (ou alguma outra força). Mas já faz um semestre que o gráfico, de modo geral, aponta para baixo.

Nesta segunda (16) à noite – terça de manhã (17), no fuso horário deles –, a China vai divulgar o PIB do quarto trimestre do ano passado, bem como dados de produção industrial e varejo. Esses números ainda não vão refletir integralmente a reabertura, é claro. Precisamos esperar o primeiro trimestre deste ano acabar para tirar conclusões mais sólidas. Mas a expectativa por esses números, bem como sua repercussão, mexem com as ações de Vale e Petrobras, as duas maiores companhias do Ibovespa. 

Por fim, os juros futuros fecharam em alta com o boletim Focus desta semana, que trouxe expectativas pessimistas para a inflação: a mediana para 2025 deu um salto de 3,30% para 3,50%; o mesmo dado para 2023 aumentou mais discretamente – de 5,36% para 5,39%. A previsão para a Selic, por sua vez, subiu de 12,25% para 12,50%. 

Ou seja: o medo com a política fiscal de Lula III permanece, por mais que Haddad e Tebet demonstrem comprometimento com a saúde das contas públicas em suas falas à imprensa. Medidas de ajuste fiscal que envolvam corte de gastos, e não só aumento na arrecadação de impostos, seriam bem-vistas na Faria Lima. 

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Até amanhã, para o próximo capítulo da novela AMER3.

 

Maiores altas

Magazine Luiza (MGLU3): 12,24%
Via (VIIA3): 10,55%
Embraer (EMBR3): 3,94%
Carrefour (CRFB3): 3,59%
Pão de Açúcar (PCAR3): 2,23%

 

Maiores baixas
Americanas (AMER3): -38,41%
BRF (BRFS3): -5,37%
Gol (GOLL4): -5,19%
Ambev (ABEV3): 4,90%
Méliuz (CASH3): 4,46%

Ibovespa: -1,54%, aos 109.212 pontos.  

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Em NY:

Bolsas americanas fechadas, feriado. 

Dólar: 0,83%, a R$ 5,14. 


Petróleo

Brent: -0,96%, a US$ 84,46.
WTI: bolsas americanas fechadas, feriado. 


Minério de ferro:
-4,31%, a US$ 123,71 a tonelada na bolsa de Dalian

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