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Plano de Biden garante altas de 3% para as siderúrgicas daqui

"New Deal" do democrata ganha mais chances de ser aprovado, e amplia a alta de CSN, Gerdau e cia. Por aqui, previsões otimistas do BC dão uma força para os papéis do varejo.

Por Bruno Carbinatto
24 jun 2021, 18h56
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  • Ações do varejo e da siderurgia subiram em bloco nesta quinta-feira, ajudando a colocar o Ibovespa no positivo (+0,85%) e retomar os 129 mil pontos. Os motivos: nos EUA, o otimismo dos investidores americanos puxam o nosso setor de commodities; aqui, os temores com a Selic foram amenizados pelo Banco Central.

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    Comecemos pelos Estados Unidos. Por lá, a grande notícia do dia veio do presidente democrata Joe Biden: ele anunciou que conseguiu chegar a um acordo com os senadores dos dois partidos para aprovar seu mega pacote de investimentos em infraestrutura no país. 

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    O projeto, em si, não é novidade – foi anunciado ainda no começo do novo governo, e envolve gastos públicos de até US$ 2 trilhões na construção e reforma de estradas, pontes, ferrovias – tanto para gerar empregos à la New Deal como para fazer a economia fluir melhor.     

    Só que propor é uma coisa, aprovar é outra. O Partido Democrata detém maioria nas duas câmaras do Congresso americano, mas por margens apertadíssimas – o que levou ao temor de que os republicanos, pouco afeitos a grandes gastos governamentais, barrassem a proposta (menos provável) ou diminuíssem a sua magnitude (mais provável, como os próprios senadores do partido chegaram a sugerir). 

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    O anúncio de um acordo fechado veio para acalmar essas preocupações e indicar que o pacote deve passar sim. Com ele, os principais índices americanos dispararam. Claro: um “novo New Deal” é uma senhora notícia para a indústria, já que não vão faltar grandes contratos. 

    O Dow Jones, que reúne empresas mais tradicionais de lá e foca justamente no setor industrial, teve a maior alta: 0,95%. S&P 500 e Nasdaq não ficaram atrás: fecharam em suas máximas históricas (veja abaixo). 

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    3% para a turma do aço

    Por aqui, o efeito foi amplamente visível nas ações das empresas de siderurgia e mineração: afinal, “plano de infraestrutura” é um nome bonito para construções a beça, que por sua vez levam a demanda por aço e minério de ferro lá para o alto. Nem a queda da commodity no porto chinês de Qingdao hoje (-1,18%) importou: a Gerdau, que tem 70% das suas receitas vindas do exterior, figurou entre as maiores altas do dia, com +3,05%. Além dela, Gerdau Metalúrgica +3,05%, CSN +3,43%, e Usiminas +2,47% subiram bem.

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    A notícia permitiu uma pausa na novela da inflação, que assola a bolsa há um bom tempo. Ontem, os índices caíram após a declaração de Raphael Botic, dirigente do Fed de Atlanta, contradizer o próprio presidente do Banco Central americano Jerome Powell e anunciar que prevê aumento de juros ainda no final de 2022 (a instituição vem reforçando sua ideia de só mudar a política monetária em 2023).

    Só que aí, hoje, mais um porta-voz entrou na história, dessa vez Thomas Barkin, diretor do Fed de Richmond (o Banco Central americano é dividido em 12 órgãos regionais, cada um com seu líder). E ele reiterou a linha do chefão Powell: disse que os juros não devem subir tão cedo, que a inflação é temporária e deve perder força no quarto trimestre. 

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    Ajudou a animar Wall Street – a ponto de que nem os dados decepcionantes sobre o desemprego divulgados hoje abalou as bolsas. O número de novos pedidos de seguro-desemprego na semana passada foi de 411 mil, sendo que a previsão consensual era menor: 380 mil. Além disso, as encomendas de bens duráveis no mercado americano subiram 2,3% em maio ante abril, mas o consenso era de +2,6%. Mesmo assim, esses números foram apenas coadjuvantes do dia.

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    Magalu e cia

    Por aqui, os juros também foram protagonistas do dia. É que o Banco Central liberou o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), que trouxe um dado importante: segundo o documento, a Selic deverá subir só 0,75 ponto percentual na próxima reunião do Copom. Há temores de que os juros subam mais que isso (1 ponto) para conter a inflação, mas o RTI parece ter aliviado esse medo. 

    Um aumento maior nos juros não está descartado, claro. A decisão para valer só sai no dia 4 de agosto, e vai rolar muita água por baixo dessa ponte até lá. Ou pouca água: o próprio documento do BC alerta para os riscos econômicos de uma possível crise hídrica.

    O Banco Central também liberou atualizações de dados importantes: a projeção do crescimento do PIB em 2021 subiu de 3,6% para 4,6%; já a previsão do consumo das famílias subiu de 3,5% para 4%. Esses números animaram o setor de varejo, e ações da Magalu (+5,20%) e Lojas Americanas (+4,48%) figuraram entre as maiores altas; também subiram forte B2W (+3,05%), Iguatemi (+2,43%) e Hering (+2,24%).

    A decolagem da JHSF

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    A medalha de ouro do dia ficou com a JHSF, com um crescimento de 6,23%. O motivo é específico: a empresa recebeu autorização da agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para receber voos vindos de outros países em seu aeroporto, o Catarina, que fica na rodovia Castello Branco (SP), e é dedicado exclusivamente a aeronaves executivas. O aeroporto conta com 55.000 m², divididos entre cinco hangares e pátios. 

    Ou seja: é um belo exemplo de infraestrutura, ainda mais para um país com mais buracos nas estradas do que a Via Láctea tem de estrelas. Só pena que, para usufruir dessa boa infra, você precise ter seu próprio jatinho.  

    Maiores altas

    JHSF: +6,23%

    Magalu: +5,20%

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    Lojas Americanas: +4,48%

    Equatorial Energia: +4,22%

    CSN: +3,31%

    Maiores baixas

    Locaweb: -2,45%

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    Eletrobras: -1,31%

    EcoRodovias: -1,28%

    BB Seguridade: -1,21%

    Azul: -1,05%

    Ibovespa: alta de 0,85%, aos 129.513 pontos

    Em NY:

    S&P 500: alta de 0,58%, aos 4.266 pontos

    Nasdaq: alta de 0,69%, aos 14.369 pontos

    Dow Jones: alta de 0,95%, aos 34.197 pontos

    Dólar: baixa de 1,17%, a R$ 4,9049

    Petróleo

    Brent: alta de 0,49%, a US$ 75,56

    WTI: alta de 0,30%, a US$ 73,30

    Minério de ferro: queda de 1,18%, a US$ 213,46 a tonelada no porto de Qingdao (China)

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