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Resposta rápida aos atos terroristas tranquiliza o mercado

Ibovespa fecha em leve alta de 0,15%. Dólar sobe pouco, 0,40%. E juros futuros caem, dando uma força para o varejo e as aéreas. 

Por Júlia Moura e Bruno Vaiano
9 jan 2023, 18h53
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  • A invasão do Capitólio em versão brasileira, Herbert Richers, causou apenas um breve soluço no Ibovespa pela manhã, quando o índice caiu 0,67% e atingiu a mínima do dia. A prisão de 1.500 terroristas que invadiram as sedes dos Três Poderes e a confiança nas instituições democráticas se sobressaíram à ameaça de golpe: o Ibovespa fechou em leve alta de 0,15%. 

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    O dólar subiu 0,40%, a R$ 5,26. A moeda chegou a subir para R$ 5,30, mas, ao longo do dia, foi perdendo força conforme as instituições agiam para coibir novos atentados.

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    Os juros futuros, que tendem a subir em momentos de instabilidade, caíram. O DI para janeiro de 2025, o mais negociado, recuou a 12,78%, depois de ter fechado a última sexta em 12,90%. 

    No cômputo geral, predominou a seguinte interpretação:1. No caso do Capitólio, os congressistas estavam presentes no momento da invasão – em uma sessão simbólica destinada a formalizar a contagem de votos e a vitória de Joe Biden (nos EUA, o novo dirigente não assume no primeiro dia de janeiro, como ocorre no Brasil). Ou seja: havia espaço para violência física contra os legisladores do país, e um objetivo claro na ação, que era impedir a passagem de poder para o candidato vencedor. Aqui, os prédios estavam vazios e Lula já estava empossado – o vandalismo foi muito mais um ato midiático e uma paródia da turba trumpista que uma tentativa efetiva de golpe. 

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    1. A resposta ao acontecimento reforçou a confiança na solidez das instituições democráticas. Lula reagiu rápido ao declarar intervenção federal no DF, e Alexandre de Moraes afastou o governador para investigar a negligência e conivência da Polícia Militar. O Senado já conta 31 votos a favor da abertura de uma CPI para investigar os ataques. 

    Fora que até mesmo membros da extrema direita no Brasil e no exterior repudiaram os atos. “A violência perpetrada contra as instituições brasileiras para contestar a eleição do presidente Lula deve ser fortemente condenada”, tuitou a francesa Marine Le Pen. 

    Para Mark Mobius, sócio-fundador da Mobius Capital Partners (gestora com foco em mercados emergentes), o ato terrorista de domingo não terá impacto para a visão de investidores internacionais no médio e longo prazo. “Acho que o resultado não é tão ruim, porque, no fim das contas, Lula pode conseguir mais atenção e uma maior unidade no país”, disse em entrevista ao Valor Econômico.

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    Já João Rosal, economista-chefe do Terra Investimentos, entende que o clima de tensão pode dificultar a reoneração de combustíveis.

    O Citi, por sua vez, não vê impactos relevantes. “Qualquer recuo nos preços dos ativos brasileiros também deve, portanto, ser revertido com relativa rapidez”.

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    As companhias aéreas e o varejo protagonizaram as altas, impulsionados por uma queda nos juros futuros. Ações relacionadas ao consumo sempre se dão bem quando as condições de financiamento para pessoas físicas melhoram – juros mais baixos oferecem condições mais viáveis para parcelar eletrodomésticos ou viagens para Orlando. Dê uma olhada nas cotações de CVCB3, AMER3, GOLL4 lá embaixo.

    E o foco segue a agenda econômica, que pode atrasar dado os ataques de ontem. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está rediscutindo o cronograma das suas primeiras medidas. Esta semana, era previsto que algumas,com foco no aumento da arrecadação e corte de gastos, já fossem anunciadas. Segundo o Broadcast, Lula pediu que a agenda fosse mantida. 

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    Lá fora

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    No exterior, o dia começou positivo, na esteira do otimismo da sexta, mas as bolsas americanas perderam força ao fim do pregão com o medo de juros mais altos do que o esperado.

    Mary Daly, uma das diretoras do Fed, disse que é muito cedo para declarar vitória contra a inflação e que um juro final acima de 5% é “absolutamente provável”. Resultado:  queda de 0,08% no S&P 500. 

    O barril de petróleo subiu 1,37%, a US$ 79,65 – puxado pela liberação de quarentena nas viagens entre China e Hong Kong. Ao que parece, o fim da política de covid zero de Pequim não foi tão desastroso assim. Autoridades indicam que o pico de infecções já passou.

    E que o pico de outra pandemia, a da barbárie no Brasil, tenha passado também. 

    Até amanhã.

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    MAIORES ALTAS

    Americanas (AMER3): 6,44% 

    CVC (CVCB3): 4,98%

    Gol (GOLL4): 4,07%

    JBS (JBSS3): 3,02%

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    Cemig (CMIG4): 2,57%

    MAIORES BAIXAS

    Hapvida (HAPV3): -11,02%

    Grupo Soma (SOMA3): -3,16%

    Fleury (FLRY3): -3,08%

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    São Martinho (SMTO3): -3,06%

    Eneva (ENEV3) -2,75%

    Ibovespa: 0,15%, aos 109.130 pontos

    Em Nova York

    S&P 500: -0,08%, aos 3.892 pontos

    Nasdaq: 0,63%, aos 10.636 pontos

    Dow Jones: -0,33%, aos 33.518 pontos

    Dólar: 0,40%, a R$ 5,2575

    Petróleo

    Brent: 1,37%, a US$ 79,65 

    WTI: 1,17%, a US$ 74,63 

    Minério de ferro: 2,49%, negociado a US$ 121,40 por tonelada em Dalian (China)

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