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Vale é R$ 103: ações sobem mais de 6% após três notícias positivas

A principal foi o programa de recompra de ações, anunciado na quinta. A mineradora ajudou o Ibovespa a subir quase 2% em dia de recordes em Nova York.

Por Tássia Kastner
Atualizado em 5 abr 2021, 18h14 - Publicado em 5 abr 2021, 18h13
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     (Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

    Passado o feriado, o dia positivo nas bolsas de valores já estava contratado ao redor de todo o mundo. O surpreendente foi a alta da Vale. A companhia se valorizou mais de 6% e as ações voltaram a superar os R$ 100. A alta é resultado de três notícias positivas, no esquema “dá para pedir música no Fantástico”.

    Na quinta-feira (1º), após o fechamento do mercado, a Vale anunciou um programa de recompra de ações. A empresa poderá comprar até 270 milhões de papéis, o equivalente a 5,3% do total de ações no mercado.

    Pelo preço das ações na quinta, isso daria um desembolso de quase R$ 27 bilhões. Após a alta desta segunda, estamos falando de R$ 27,8 bilhões.

    É natural que empresas se valorizem quando anunciam programas de recompra de ações. Isso quer dizer que a companhia acredita que vai gerar lucros ainda maiores no futuro, e que os papéis têm potencial para novas altas.
    Beleza, mas tem um detalhe. Um efeito colateral de usar o dinheiro para comprar ações poderia ser a redução no pagamento de dividendos, afinal o lucro é direcionado para outra finalidade.

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    Nesse caso, porém, a Vale afirmou que nada muda: disse em fato relevante que pretende continuar pagando dividendos gordos a seus acionistas. “Nosso programa de recompra não compete com nossa intenção de consistentemente distribuir dividendos acima do mínimo estabelecido por nossa política.”

    A Vale havia suspendido o programa de distribuição de dividendos após o rompimento da barragem de Brumadinho, em janeiro de 2019. Um ano depois, já retomava os pagamentos.

    A segunda notícia positiva foi a decisão do Ministério Público Federal de arquivar uma denúncia contra a companhia. A ação havia sido movida pelo bilionário israelense Benjamin Steinmetz, que foi sócio da Vale em uma mina na República de Guiné – a suspeita de corrupção na concessão da mina levou Steinmetz a ser condenado a cinco anos de prisão no Tribunal de Genebra.

    Segundo a Vale, o MPF concluiu que as acusações do empresário “não contêm elementos que indiquem sequer em tese a ocorrência de crime de corrupção ativa ou de tráfico de influência internacional”. Para os acionistas, um alívio de que não haverá mais uma contenda na Justiça contra a mineradora.

    E a terceira notícia positiva foi um novo dia de alta no minério de ferro. A matéria-prima negociada no Porto de Qingdao, na China, subiu 0,53%, para US$ 168,48 a tonelada. A alta no preço do minério de ferro tem sido o principal motor da valorização da Vale. Em um ano, a companhia acumula ganho de 140% na bolsa.

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    Nesta segunda, a alta foi 6,16%, para R$ 103,39, um recorde. A companhia havia ficado acima dos R$ 100 há um mês e também em janeiro. E há quem aposte em altas adicionais: a XP recomenda a compra das ações, com preço-alvo de R$ 122.
    A mineradora é a ação com o maior peso no Ibovespa. Aí o índice foi junto para um dia positivo: a alta foi de 1,97%, para 117.518 pontos.

    Investidores contaram com uma ajuda do exterior. É que na sexta não houve pregão em boa parte do mundo ocidental, mas o governo americano havia divulgado a maior geração de postos de trabalho em sete meses. Hoje era o dia de levar o número positivo para o mercado financeiro. O Dow Jones avançou 1,13% (33.527 pontos), o S&P 500 subiu 1,14% (4.078) e o Nasdaq, teve alta de 1,67% (13.706), também marcas recordes.

    Esse é mais um sinal de recuperação da economia nos países com vacinação mais avançada e que vão reabrindo as economias. Por sinal, a recuperação econômica, especialmente na China, está por trás da valorização do minério de ferro desde o ano passado.

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    Por aqui, no entanto, seguimos patinando. O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, avisou que a produção de vacinas contra o coronavírus vai desacelerar por escassez de insumos e também porque é preciso produzir os imunizantes contra a gripe. É de lá que vem a Coronavac, a vacina que tem sido aplicada na maior quantidade de braços brasileiros. As doses da Fiocruz também têm atrasado.

    E vale dizer: a euforia dessa segunda ignora completamente a confusão em torno do Orçamento de 2021, que persiste. O ministro da Economia, Paulo Guedes, continua defendendo que o presidente Jair Bolsonaro vete o texto, o que entra em rota de colisão com o presidente da Câmara, Arthur Lira.

    Guedes falou em uma live da XP nesta segunda. Disse que a economia se recuperou em V, a discussão é se “o recrudescimento da pandemia vai nos abater”. E a despeito do ruído com Lira, afirmou que dá para aprovar a Reforma Administrativa em poucos meses.

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    Resta saber se esse prazo otimista é reflexo das esperanças renovadas pela Páscoa. Boa semana.

    MAIORES ALTAS

    YDUQ 8,67%
    Hering 6,99%
    Vale 6,16%
    Cogna 5,99%
    Bradespar 5,61%

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    MAIORES BAIXAS

    Cemig -2,04%
    Marfrig -1,96%
    Qualicorp -1,28%
    TIM -1,12%
    Copel -0,79%

    Petróleo
    Brent: -3,98%, US$ 62,28
    WTI: -4,28%, a US$ 58,82

    Dólar
    -0,62%, a R$ 5,6798

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