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Voar, voar, subir subir: Azul e Gol disparam com uma possível reviravolta no setor aéreo

Tanto uma como a outra têm o poder de dominar o mercado no caso de uma liquidação da Latam. De quebra, Gol baixa a Poliana e divulga projeções hiper-otimistas.

Por Juliana Américo, Alexandre Versignassi
Atualizado em 27 Maio 2021, 17h12 - Publicado em 26 Maio 2021, 18h58
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 (Laís Zanocco/VOCÊ S/A)
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“Voar, voar
Subir, subir
Ir por onde for…”

Assim começa “Sonho de Ícaro”, que o cantor Byafra lançou em 1984 – e que virou meme em 2009. O hino brega ilustra bem o que foi o dia de quem tem ações da Azul ou da Gol. Os papeis das aéreas tiveram altas raras hoje (sorry, não vamos dizer que elas “decolaram”). Foram 11% para a empresa fundada por David Neeleman; 7% para a da família Constantino.   

A Azul vem demonstrando interesse em comprar a Latam Brasil, que deve apresentar seu plano de recuperação judicial até julho, em Nova York.  

De acordo com uma reportagem do Valor, as tratativas com a Latam não estão dando certo. Por isso, a Azul está tentando se aproximar das empresas credoras da concorrente para impulsionar a proposta de compra dentro do processo de recuperação judicial.

Seria uma mão na roda, diga-se. A Azul já tem o maior market share entre as aéreas, com 37,89% de participação. Depois vem a Gol, com 32,98% e a Latam Brasil, com 28,02%. Com a Latam em dificuldades (e credores loucos para verem seu dinheiro), trata-se de uma bela oportunidade para a companhia com hub em Viracopos dominar os nossos céus, com 66% do mercado. 

A Latam tenta evitar isso ao máximo. O presidente da empresa, Jerome Cadier, quer seguir voando com as próprias asas: informou que não há intenção alguma de vender a operação nacional da Latam Group (controladora da aérea brasileira, com sede no Chile). No início da semana, a companhia também anunciou o fim da parceria de compartilhamento de voos com a Azul – talvez como uma retaliação às intenções da Azul, não se sabe.

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O ponto é que a mera possibilidade de a Azul dominar o mercado a preços módicos (por conta da recuperação judicial da rival) fez as ações decolarem (ops).

As dela e as da Gol. 

Gol: previsões otimistas

Sim. Apesar de a empresa comandada por Paulo Kakinoff não ter mostrado intenções de pedir a mão da Latam em casamento, existe a possibilidade de que ela se aproveite da situação e amealhe ao menos parte da ex-Tam em condições vantajosas.  

A empresa divulgou, logo no início do dia, suas projeções para o 2º trimestre quanto para o 2º semestre deste ano. Para o 2T21, ela também elevou sua expectativa sobre a taxa de ocupação das aeronaves de 79% para 81%. 

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Para o período entre abril e junho, a expectativa é de alcançar uma receita de R$ 1 bilhão entre abril e junho – o triplo do catastrófico 2T20, mas ainda assim apenas um terço dos R$ 3 bi que ela faturou no 2T19. 

O valor deve subir a R$ 6 bilhões no segundo semestre do ano. Ou seja: eles esperaram que, ainda em 2021, seu faturamento trimestral volte aos níveis pré-pandemia. 

 

No relatório, a empresa destacou que percebeu uma melhora nas vendas de viagens aéreas no mercado doméstico no mês de maio e que o programa de vacinação está contribuindo para o aumento nas viagens. 

Invejosos dirão que é excesso de otimismo. E provavelmente estarão certos. Mas o ponto é que o mercado parece ter gostado. Isso mais as expectativas por um eventual ganho com a situação da Latam fez os papéis fecharem acima de 7%. 

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O movimento positivo do setor aéreo, diga-se, ajudou a alavancar as ações da CVC também. A empresa de excursões fechou com alta de 3,26%. 

Fed passa um pano para a inflação

Por hoje, o mercado deixou de lado suas preocupações com o aumento da inflação nos EUA. Acontece que os integrantes do Federal Reserve reduziram os temores de que mudariam sua política monetária no curto prazo. 

Desde março do ano passado, o banco central americano optou por manter o juro básico do país perto de zero e garantir a compra de títulos de dívida em poder dos bancos em US$ 120 bilhões por mês. Tudo isso para evitar que a economia sofresse muito com a crise gerada pela pandemia. 

Dinheiro demais na economia, porém, gera inflação. E a alta já estava incomodando Wall Street. Em abril, ela foi de 0,80% ante março – a maior variação mensal em 12 anos. Além disso, nos últimos 12 meses a inflação foi de 4,2% (bem acima da meta anual de 2%). O Fed, então, prometeu repensar suas medidas econômicas na próxima reunião, marcada para junho. 

Aí Wall Street panicou – porque dinheiro demais na economia pode até gerar inflação, mas cria altas nas bolsas. Se o Fed aumentar os juros ou parar de injetar dinheiro nos bancos via compra de títulos, o S&P 500 vai sofrer. 

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Para acalmar um pouco os ânimos, os integrantes do Fed resolveram se pronunciar. Começou com o vice-presidente Richard Clarida. Na terça-feira (25), ele afirmou que a instituição tem capacidade para lidar com a alta da inflação sem prejudicar a recuperação econômica dos Estados Unidos (quando tiver essa receita mágica, manda aqui para a gente, Clarida). A presidente do Fed de San Francisco, Mary Daly, também afirmou que ainda é cedo para mudar a política adotada pelo banco central. 

Outro Fed boy, Randal Quarles, também falou. O vice-presidente de Supervisão manteve um discurso já batido do Fed: de que a alta na inflação será “transitória” e não vai interferir no progresso da economia. E por causa disso, o período para discutir mudanças “está bem distante”.

Pelo jeito, eles acertaram no tom: os indicadores americanos encerraram o dia no positivo. O Nasdaq subiu 0,59%, aos 13.738 pontos, seguido pelo S&P 500 (0,19%, aos 4.196 pontos). 

Ibovespa

Aqui no Brasil, a bolsa aproveitou o clima positivo em NY para chegar (bem) perto dos 124 mil pontos. O indicador se apoiou principalmente nas ações das empresas de mineração, siderurgia e setor bancário (já que as aéreas apitam pouco no Ibov). 

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Na verdade, hoje, não teve cotação do minério de ferro. É feriado lá em Qingdao (cidade cujo porto é a referência global no preço do produto), então não houve negociações. 

No começo do dia a Vale e as siderúrgicas até estavam no negativo. Mesmo assim, o setor virou, e a Vale subiu 2,94% – talvez por ter subido pouco no mês (só 0,90%), em meio a franco ciclo de alta do minério de ferro .  

Já entre os bancos, o destaque ficou para o Bradesco, que avançou 2,29%. Logo em seguida estão Banco do Brasil (1,66%), Santander (1,37%) e Itaú (1,28%) – todos se recuperando das quedas que sofreram ontem.

E foi o que aconteceu com o Ibovespa. A queda de 0,84% ontem foi apagada pela alta de 0,81% hoje, e o índice fechou em 123.989 pontos. 

Correção nas ações do Banco Inter

Entre os que perderam no dia, destaque para o Inter (-2,60%). Foi o segundo dia seguido em que a companhia registra uma desvalorização considerável (no pregão anterior, foram -6,97%). Mas é um movimento natural. 

Na segunda-feira, as ações do banco subiram quase 25%. No dia, a companhia anunciou que a empresa de maquininhas Stone iria aportar R$ 2,5 bilhões no negócio e que também pretende listar suas ações na Nasdaq, lá em NY.

De qualquer forma, altas de 25% em um dia tendem mesmo a ser voos de Ícaro. E essa é a grande graça do mercado. Até amanhã 😉 

Maiores altas

Azul: 11,31%

Gol: 7,15%

Locaweb: 6,74%

Qualicorp: 3,86%

Hering: 3,75%

Maiores baixas

Suzano: -3,77%

Cogna: -3,12%

Banco Inter: -2,60%

Embraer: -2,43%

B2W: -2,11%

Ibovespa: +0,81%, aos 123.989 pontos

Em NY:

S&P 500: +0,19%, aos 4.196 pontos

Nasdaq: +0,59%, aos 13.738 pontos 

Dow Jones: +0,03%, aos 34.322 pontos 

Dólar: queda de 0,45%, a R$ 5,31

Petróleo

Brent: alta de 0,35%, a US$ 68,73

WTI: alta de 0,21%, a US$ 66,21

Minério de ferro: feriado em Qingdao, não houve negociação.

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