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LSD no trabalho – quem nunca?

Um promissor CEO americano foi demitido após usar "microdoses" de LSD para aumentar a produtividade, uma moda no Vale do Silício sem comprovação científica.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 24 Maio 2021, 16h59 - Publicado em 10 Maio 2021, 19h00
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 (Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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Justin Zhu, CEO da startup de marketing digital americana Iterable, foi subitamente demitido no final de abril. O motivo? Ele ter usado LSD antes de uma reunião.

A droga alucinógena, que é proibida nos EUA, virou moda entre os jovens do Vale do Silício. Existe uma onda que prega efeitos benéficos do uso das chamadas “microdoses” de ácido lisérgico. Elas reduziriam a ansiedade e ajudariam a melhorar o foco, a produtividade e a concentração. O lance é o tamanho da microdose: precisa ser menos de 25 microgramas, uma dosagem teoricamente incapaz de gerar os efeitos alucinógenos. As doses recreativas costumam ter 100 microgramas.

Há uma série crescente de evidências científicas de que o LSD e outras drogas (como MDMA e psilocibina) podem ter efeitos positivos no tratamento de distúrbios mentais, como transtorno pós-traumático e depressão. Tirar resultados definitivos, de qualquer forma, é difícil porque a maioria dos países ainda proíbe ou regula estritamente o uso da droga até mesmo em ensaios clínicos.

Mas uma coisa é o uso clínico de alucinógenos, para tratar problemas psiquiátricos. Outra é a ideia de usar LSD para dar um boost na produtividade. Não há ciência neste último caso, apenas uma moda mesmo. 

A ideia de usar microdoses de ácido lisérgico para trabalhar melhor é tão racional quanto a aventura alcoólica dos professores em Druk (o vencedor do Oscar de melhor filme internacional nesta temporada) – é fantasia, não ciência.

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O próprio Zhu não teve como saber os resultados das microdoses: na primeira e única vez que foi testar, em 2019, acabou pesando a mão e ficou chapado. Neste ano, foi chamado para uma reunião por vídeo com o conselho da empresa e, de acordo com a sua versão sobre o que ocorreu ali, recebeu um comunicado de que estava sendo demitido por ter usado a droga durante o expediente há dois anos.    

Zhu admite que usou a droga, mas diz que o episódio virou uma desculpa dada pela empresa para demití-lo – afinal, se era para tê-lo demitido pela viagem de LSD fora de hora, que tivessem feito isso há dois anos. O ex-CEO alega que há dez meses ele estava em contato com um repórter da Bloomberg para contar sua história como um imigrante que construiu sua carreira no Vale do Silício (Zhu tem origem chinesa). A conversa envolveria questões sensíveis para investidores, como o racismo. O conselho da empresa teria descoberto e exigido o fim do contato com o jornalista. Quando não veio, desligou Zhu. A Iterable Inc., uma startup avaliada em mais de dois bilhões de dólares e considerada um sucesso no Vale do Silício, não se pronunciou sobre o assunto.

 

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