Imagem Blog

Ricardo Sales

Por VOCÊ S/A Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Ricardo Sales é sócio da consultoria Mais Diversidade, pesquisador na Universidade de São Paulo e diretor do Fórum de Gerações e Futuro do Trabalho. ricardo@maisdiversidade.com.br
Continua após publicidade

10 apostas para diversidade e inclusão em 2021

97% das empresas ouvidas pretendem manter ou aumentar seus investimentos em inclusão. Veja o que elas precisam fazer.

Por Ricardo Sales
Atualizado em 23 dez 2020, 16h13 - Publicado em 23 dez 2020, 16h00
-
 (10'000 Hours/Getty Images)
Continua após publicidade

2020 foi um ano como nenhum outro. Em meio a uma pandemia sem fim, ao luto de pessoas queridas e ao racismo escancarado, porém, a pauta de diversidade ganhou destaque no meio empresarial. Pesquisa realizada pela consultoria Mais Diversidade e publicada pela Você RH de dezembro aponta que o assunto deve ganhar ainda mais espaço na agenda corporativa: 97% das empresas ouvidas pretendem manter ou aumentar seus investimentos em inclusão no ano que se inicia – isso num cenário de cintos apertados e crise econômica.

Pensando em apoiá-las, apresento aqui minhas apostas para o tema diversidade e inclusão em 2021. As tendências não partem de nenhuma bola de cristal, mas da observação criteriosa que meu time e eu temos feito do mercado no Brasil e no exterior. Vamos lá?

#1 Este será o ano da ação. Na última década, muitas empresas investiram em sensibilização de líderes e treinamento dos funcionários. Tudo isso tem seu valor e precisa continuar. Porém, 2021 deve ser marcado pelo aumento de iniciativas concretas voltadas à diversidade. Hashtags e posts comemorativos são importantes, mas insuficientes, e as empresas serão instadas a apresentar de forma transparente os resultados dos seus esforços pela inclusão.

#2 Quem não atentar às praticas de ESG (sigla que resume compromisso com causas ambientais, sociais e de governança corporativa) ficará de fora. Começou com o banco Goldman Sachs, que anunciou que não fará mais IPO (abertura de capital) de empresas que não contem com diversidade no board; depois foi a vez da Nasdaq, a bolsa de tecnologia americana, que avisou que poderá excluir do seu índice quem não tiver representatividade na alta liderança. No Brasil, já no fim de 2020, a Comissão de Valores Mobiliários abriu consulta pública para seguir um caminho parecido. São diferentes sinais emitindo um mesmo recado: ou a gestão se preocupa com os indicadores ESG ou perderá negócios.

#3 Diversidade no conselho… e conselhos de diversidade. Os meses de março e abril costumam ser marcados por uma dança das cadeiras nos conselhos de administração. Acontece que os participantes quase sempre eram os mesmos. É grande a expectativa pela maior presença de mulheres, LGBTs e pessoas negras nessas posições. Ao mesmo tempo, deve se intensificar o movimento da criação de conselhos independentes de diversidade, externos à organização, e composto por notáveis na pauta, a exemplo do que já têm Ambev, Itaú e, mais recentemente, Carrefour.

Continua após a publicidade

#4 Inclusão na cadeia de valor. A terceirização sem limites cobrou seu preço em 2020. Ficou evidente que as empresas respondem, sim, financeiramente e em termos de imagem, por atos cometidos por empregados terceirizados e organizações que orbitam seu ecossistema. Neste sentido, devemos esperar em 2021 o desdobramento das ações de inclusão

#5 Saúde mental também é assunto de inclusão. A pandemia não deixou ninguém ileso e deve acelerar o boom em torno dos transtornos psicológicos, sobretudo ansiedade e depressão. As empresas precisarão olhar com seriedade para este tema, considerando inclusive sua intersecção com diversidade. Estudos sobre estresse de minorias apontam a sobrecarga mental a que pessoas submetidas a preconceito e discriminação estão submetidas.

#6 O debate racial não ficará mais restrito a novembro. 2020 escancarou o racismo no Brasil, essa ferida aberta e purulenta que nossa sociedade sempre teimou em relativizar. Não é mais possível ignorar o tema tampouco abordá-lo apenas no Dia da Consciência Negra. Num país com 56% de pretos e pardos, é esperado que as organizações liderem ações afirmativas e apresentem iniciativas concretas de enfrentamento à discriminação.

Continua após a publicidade

#7 Todos ao virtual. Treinamentos, palestras e workshops a distância devem continuar a ser a tônica neste 2021. As áreas de recursos humanos precisarão se desdobrar para oferecer experiências mais engajadoras e menos enfadonhas.

#8 A emergência de novos temas. Muito se fala sobre questões de gênero, raça, pessoas com deficiência e LGBTI+. Esses assuntos devem continuar em voga, até porque há muito a ser resolvido, mas em 2021 devemos perceber o crescimento de temas como espiritualidade, gerações e egressos do sistema penal – este último, inclusive, já aparece entre as cinco prioridades entre as empresas.

#9 Não será possível pensar inclusão sem refletir sobre as tendências de futuro do trabalho. A automação, por exemplo, cresce exponencialmente e tende a ocupar o espaço das atividades operacionais, justamente as que costumam ser relegadas a pessoas com deficiência, mães que atuam meio período e grupos mais vulneráveis de forma geral. Precisaremos oferecer respostas a esse desafio.

Continua após a publicidade

#10 O ambiente de trabalho sumiu. Passado o oba-oba em torno do home office e da economia das empresas com aluguel de salas, resta uma questão central: passamos a última década falando sobre diversidade no ambiente de trabalho, mas e quando a atividade não é mais desempenhada nesses espaços? Durante a pandemia, vimos, nas casas convertidas em escritório, aumento da violência doméstica e LGBTIs voltando para o armário. Será preciso olhar para a questão da inclusão muito além das fronteiras físicas da empresa.

Por fim, mais um desejo do que uma tendência, embora dependa de nós transformá-lo em realidade: 2021 precisa ser um ano de inflexão na pauta de diversidade. Recentemente, tivemos avanços notáveis em termos de sensibilização e debates. Agora, porém, é preciso ganhar velocidade na revisão de políticas, na criação de novos programas, na mensuração de resultados e no engajamento sincero com a valorização da diversidade, que, embora negligenciada pelas políticas públicas, é, afinal, a maior riqueza deste país tão pouco inclusivo.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

A economia está mudando. O tempo todo.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.