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Como a vitória de Joe Biden afeta o debate sobre diversidade nas empresas

Pressão dos movimentos sociais e posicionamento do presidente e sua vice, Kamala Harris, em prol de minorias devem impulsionar políticas inclusivas.

Por Ricardo Sales, colunista de VOCÊ S/A
13 nov 2020, 11h59
 (Pool/Equipe/Getty Images)
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Qual o impacto da vitória de Joe Biden e Kamala Harris para as questões de diversidade e inclusão no mundo corporativo? É a pergunta que mais me fazem desde que foi anunciado o resultado das eleições norte-americanas. Embora seja difícil fazer qualquer análise precisa neste momento, o histórico da luta por igualdade nos Estados Unidos e os sinais emitidos pelos candidatos eleitos nos ajudam a ter pistas do que poderemos ver adiante.

Inicialmente, cabe resgatar a trajetória das políticas de diversidade nas organizações americanas. É que as primeiras iniciativas de inclusão corporativa por lá surgiram na década de 1970, como uma resposta às manifestações sociais que aconteceram no período anterior. Os anos 1960 foram uma época agitada, em que os movimentos negro, feminista e LGBTI+ tomaram as ruas dos Estados Unidos reivindicando respeito e inclusão.

Como resultado, sob forte pressão, o governo norte-americano promulgou a Lei dos Direitos Civis. E foi por meio dela que, entre outras conquistas, houve o fim da segregação racial como política de Estado e estabelece-se um sistema de cotas em empresas que prestavam serviços para a administração pública.

Esta é uma parte da conversa que os adeptos do mito da meritocracia nem sempre gostam de lembrar. Mas a verdade é que, se os Estados Unidos de hoje, embora longe da perfeição, têm indicadores de igualdade melhores que o Brasil, isso se deve, em partes, porque houve a adoção de mecanismos provisórios para correção de injustiças históricas. Discussão que, por aqui, aconteceu somente décadas depois.

Outro ponto é que, mesmo aquelas empresas que não se enquadravam na Lei dos Direitos Civis, não passaram incólumes pelo período. Diante das novas cobranças da sociedade, muitas companhias americanas começaram ali a desenvolver mecanismos para serem mais inclusivas.

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Dando um salto histórico, chegamos em 2020. Neste ano pandêmico, testemunhamos a ocorrência das maiores manifestações por justiça racial em décadas. E se há 50 anos atrás, a resposta das companhias veio na forma de treinamentos e práticas antidiscriminação, o que virá agora?

Cada organização encontrará seu caminho, mas uma coisa é certa: é preciso avançar em termos de medidas práticas e mensuráveis. Consumidores, acionistas, funcionários, ativistas e outros públicos estratégicos esperam uma contribuição efetiva do meio empresarial para a redução das desigualdades. Como bônus, as organizações atentas a isso ainda melhoram seus indicadores de inovação, engajamento, atratividade e reputação.

Agora, voltando à pergunta que abre este artigo. O presidente-eleito, Joe Biden, anunciou no site de transição de governo que terá quatro prioridades centrais desde o seu primeiro dia na Casa Branca. Uma delas é o enfrentamento ao racismo sistêmico.

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Biden e sua vice, Kamala Harris, falam em promover diversidade nas agências federais; estimular investimentos públicos e privados para capacitação de negras e negros; e garantir pagamento justo e tratamento digno a esse grupo de trabalhadores.  Além da questão da equidade racial, o democrata citou nominalmente no discurso de posse mulheres, gays, pessoas transexuais e com deficiência.

As empresas norte-americanas, provavelmente, serão encorajadas pela nova administração a avançar em termos de inclusão. E o que acontece por lá, sempre se reflete por aqui. Não só porque filiais brasileiras replicam iniciativas da matriz, mas também porque os Estados Unidos são referência na literatura da área de Recursos Humanos. Isso se traduz nas práticas de gestão adotadas por diversas organizações no Brasil.

Com o que temos até o momento, portanto, o prognóstico é otimista. Ainda mais se levarmos em conta que as práticas de inclusão se mostraram resilientes durante quatro anos do governo Donald Trump, uma administração abertamente racista, machista e xenófoba. Nesse novo contexto, a tendência agora é que o tema ganhe um impulso ainda maior. A conferir.

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E, para as empresas brasileiras, fica o desafio. Diversidade é um dos assuntos da moda, mas não é nenhum modismo. Quem não se atentar a este debate vai ficar para trás.

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(Arte/VOCÊ S/A)
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